Trinta anos depois, Honduras está revivendo 1968 no Brasil. Destituíram um presidente eleito pelo povo, baixaram decretos suspendendo os direitos individuais, principalmente de livre expressão. Censuraram a imprensa, fecharam rádios e TVs. Exatamente como ocorreu após o AI-5 no Brasil. O exército está nas ruas, o toque de recolher impede as pessoas de ir e vir. Cidadãos são ameaçados, agredidos e mortos. Por que isso está ocorrendo em Honduras? Porque o presidente eleito pelo povo queria fazer um referendo, uma consulta à população para saber se o povo hondurenho concordava com uma nova Constituição, mas principalmente porque o presidente eleito, Zelaya, estava fazendo um governo voltado para os mais pobres, para os mais necessitados. A direita, as elites, lá como aqui, não admitiu ceder privilégios, não admitiu uma parte das riquezas do país para diminuir a desigualdade social. Lá como aqui terras e mais terras improdutivas esperavam valorização no mercado para serem negociadas. A terra fértil servia apenas ao capital especulativo. Foi contra esse tipo de ditadura violenta, pela liberdade de expressão e reunião, pelo fim da censura, pela liberdade de imprensa, por justiça social, que muitos de nós lutamos nos anos de chumbo. Foi por isso que muitos foram presos, torturados e mortos nos porões da ditadura. Hoje temos um Brasil livre e soberano graças aos companheiros que foram presos, torturados, mas nunca desistiram de lutar pelo bem do Brasil, para o bem do povo brasileiro. O presidente Lula, a ministra Dilma, o ex-ministro Dirceu, são alguns desses companheiros, heróis brasileiros dos anos chumbo. No Brasil, a ditadura militar, a opressão, a violência e a tortura, tão condenada pela ONU, pela OEA, por governantes de todo o mundo, contou aqui com apoio político, logístico e financeiro dos EUA. A CIA dava treinamento de tortura para o nosso exército. Espero sinceramente que os EUA não repitam agora, em Honduras, o erro de apoiar militares golpistas repudiados por todo o mundo civilizado. Jussara Seixas.
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