segunda-feira, 28 de setembro de 2009

GOLPE EM HONDURAS

Trinta anos depois, Honduras está revivendo 1968 no Brasil. Destituíram um presidente eleito pelo povo, baixaram decretos suspendendo os direitos individuais, principalmente de livre expressão. Censuraram a imprensa, fecharam rádios e TVs. Exatamente como ocorreu após o AI-5 no Brasil. O exército está nas ruas, o toque de recolher impede as pessoas de ir e vir. Cidadãos são ameaçados, agredidos e mortos. Por que isso está ocorrendo em Honduras? Porque o presidente eleito pelo povo queria fazer um referendo, uma consulta à população para saber se o povo hondurenho concordava com uma nova Constituição, mas principalmente porque o presidente eleito, Zelaya, estava fazendo um governo voltado para os mais pobres, para os mais necessitados. A direita, as elites, lá como aqui, não admitiu ceder privilégios, não admitiu uma parte das riquezas do país para diminuir a desigualdade social. Lá como aqui terras e mais terras improdutivas esperavam valorização no mercado para serem negociadas. A terra fértil servia apenas ao capital especulativo. Foi contra esse tipo de ditadura violenta, pela liberdade de expressão e reunião, pelo fim da censura, pela liberdade de imprensa, por justiça social, que muitos de nós lutamos nos anos de chumbo. Foi por isso que muitos foram presos, torturados e mortos nos porões da ditadura. Hoje temos um Brasil livre e soberano graças aos companheiros que foram presos, torturados, mas nunca desistiram de lutar pelo bem do Brasil, para o bem do povo brasileiro. O presidente Lula, a ministra Dilma, o ex-ministro Dirceu, são alguns desses companheiros, heróis brasileiros dos anos chumbo. No Brasil, a ditadura militar, a opressão, a violência e a tortura, tão condenada pela ONU, pela OEA, por governantes de todo o mundo, contou aqui com apoio político, logístico e financeiro dos EUA. A CIA dava treinamento de tortura para o nosso exército. Espero sinceramente que os EUA não repitam agora, em Honduras, o erro de apoiar militares golpistas repudiados por todo o mundo civilizado. Jussara Seixas.

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