quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O que é bom para o Lula, é ruim para o Brasil?

Emir Sader - A mídia mercantil (melhor do que privada) tem um critério: o que for bom para o Lula, deve ser propagado como ruim para o Brasil. A reunião de mandatários sul-americanos em Bariloche – que o povo brasileiro não pôde ver, salvo pela Telesul, e teve que aceitar as versões da mídia – foi julgada não na perspectiva de um acordo de paz para a região, mas na ótica de se o Lula saiu fortalecido ou não. O golpe militar e a ditadura em Honduras (chamados de “governo de fato”, expressão similar à de “ditabranda”) são julgados na ótica não de se ação brasileira favorece o que a comunidade internacional unanimemente pede – o retorno do presidente eleito, Mel Zelaya -, mas de saber se o governo brasileiro e Lula se fortalecem ou não. Danem-se a democracia e o povo hondurenho. A mesma atitude tem essa mídia comercial e venal diante da possibilidade de o Brasil sediar as Olimpíadas. Primeiro, tentaram ridicularizar a proposta brasileira, a audácia destes terceiro-mundistas de concorrer com Tóquio, com Madri, com Chicago de Obama e Michelle. Depois passaram a centrar as matérias nas supostas irregularidades que se cometeriam com os recursos, quando viram – mesmo sem destacar nos seus noticiários – que o Rio tinha passado de azarão a um dos favoritos, graças à excelente apresentação da proposta e ao apoio total do governo. Agora se preparam para, caso o Rio de Janeiro não seja escolhido, anunciar que se gastou muito dinheiro, se viajou muito, para nada. Torcem por Chicago ou outra sede qualquer, que não o Rio, porque acreditam que seria uma vitória de Lula, não do Brasil. São pequenos, mesquinhos, só vêm pela frente as eleições do ano que vem, quando tentarão ter de novo um governo com que voltarão a ter as relações promíscuas que sempre tiveram com os governos, especialmente com os 8 anos de FHC. Não existe o Brasil, só os interesses menores das 4 famílias – Frias, Marinho, Civita, Mesquita – que pretendem falar em nome do povo brasileiro. O povo brasileiro vive melhor com as políticas sociais do governo Lula? Danem-se as condições de vida do povo. Interessa a popularidade que isso dá ao governo Lula e as dificuldades que representa para uma eventual vitória da oposição. A imagem do Brasil no exterior nunca foi melhor? A mídia ranzinza e agourenta não reflete isso, porque representa também a extraordinária imagem de Lula pelo mundo afora, em contraposição à de FHC, e isto é bom para o Brasil, mas ruim para a oposição. O que querem para o Brasil? Um Estado fraco, frágil diante das investidas do capital especulativo internacional, que provocou três crises no governo FHC? Um país sem defesa ou dependente do armamento norte-americano, como ocorreu sempre? Menos gastos sociais e menos impostos para ter menos políticas sociais e menos direitos do povo atendidos? Um povo sem auto-estima, envergonhado de viver em um país que eles pintam como um país fracassado, com complexo de inferioridade diante das “potências”, que provocaram a maior crise econômica mundial em 80 anos, que é superada pelos países emergentes, enquanto eles seguem na recessão? São expressões das elites brancas, ricas, de setores da classe média alta egoísta, que odeia o povo e o Brasil e odeia Lula por isso. Adoram quem se opõe a Lula – Heloísa Helena, Marina, Micheletti -, não importa o que digam e representem. Sua obsessão é derrotar Lula nas eleições de 2010. O resto, que se dane: o povo brasileiro, o país, a situação de vida da população pobre, da imagem do país no mundo, da economia e do desenvolvimento econômico do Brasil. O que é bom para o Lula é ruim para eles e tentam fazer passar que é ruim para o Brasil. É ruim para eles, as minorias, os 5% de rejeição do governo, mas é muito bom para os 82% de apoio ao Lula.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezados senhores
O Google registra a reprodução neste blog de material da Cloaca News com citação de meu nome. Mas a página não corresponde ao registro. Solicito que seja anexado o esclarecimento abaixo, para constar como expressão da verdade.

Esclarecimento
A propósito da republicação no blog Cloaca News, e a seguir no site de V. Sas., de uma reportagem de 1968 da revista “O Cruzeiro”, em que meu nome é vinculado ao CCC, esclareço, pela enésima vez, que se trata de uma inverdade. A menção limita-se a uma única e falsa linha: “José Roberto Batochio esteve também no ataque à USP,” referindo-se à briga entre estudantes da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia da USP, na rua Maria Antônia. O conflito se deu em 2 de outubro de 1968, quando eu já não era estudante. Saíra do Mackenzie havia um ano. Formei-me em 1967 e em 1968 era profissional da Advocacia. A pessoa da foto cuja legenda leva meu nome também não sou eu.
Atenciosamente,
José Roberto Batochio
Advogado – São Paulo