Por LEN*
Enviei o seguinte e-mail para a editoria de política da Folha de São Paulo, solicitando que respondesse algumas perguntas:
Prezados Senhores,
Pretendo escrever um artigo sobre o processo 15/0199/09/04 publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo, no qual o estado adquire, por meio de contração sem licitação, 5.449 exemplares do seu jornal para serem distribuídos a todas as escolas da rede estadual de ensino no estado de São Paulo. Temos ainda a intenção de abordar outros assuntos que estão representados nas perguntas que foram elaboradas e gostaria de ouvir a posição do jornal para garantir o acesso ao contraditório.
Seguem as perguntas:
1) Qual a justificativa encontrada para se alegar inexigibilidade de concorrência para as aquisições do processo citado acima, visto que a Folha de São Paulo
e o outro jornal beneficiado não são os únicos jornais publicados no estado?
2) Qual a motivo alegado pelo FDE na negociação com o jornal para distribuir jornais particulares à rede de ensino? Faz parte de alguma estratégia pedagógica? Qual?
3) O Jornal não vê impedimento ético em aceitar um contrato sem licitação de um governo que como imprensa livre teria obrigação de criticar?
4) A Folha de São Paulo tem se caracterizado pela postura acrítica à administração do estado onde fica localizada a sede do jornal, portanto seria de se esperar que o jornal se posicionasse mais criticamente às deficiências do governo do estado, no entanto, raramente, encontram-se opiniões críticas em relação ao governador Serra nas reportagens e editoriais do jornal, com exceção, a sua indecisão referente a uma possível candidatura. O jornal hoje é “chapa branca” do governo Serra?
5) Esse posicionamento, digamos, pouco crítico do jornal em relação ao governo Serra pode ser atribuído às facilitações que o jornal pode ter obtido em aquisições como a do processo citado?
6) A Folha publicou, como se fosse verdadeira, uma ficha atribuindo ao DOPS a sua elaboração. A falsidade da referida ficha, que reputava crimes à Ministra Dilma Rousseff, foi atestada por vários especialistas. Depois publicou e insistiu em um suposto encontro da ex-secretária da Fazenda Lina Vieira com a ministra para tratar de assuntos, a partir dos quais foram apresentadas várias versões conflitantes que foram desmentidas pelos fatos, mostrando o tamanho do embuste montado para enganar a opinião pública. Em nenhum dos dois casos, o jornal reviu suas posições mesmo depois de desmentido. A Folha trabalha para desqualificar a provável oponente do governador Serra nas eleições presidenciais? Qual a intenção de levar adiante versões que qualquer leigo em jornalismo atestaria ser pouco prováveis em episódios duramente criticados pelo próprio ombudsman do jornal, solenemente ignorado em ambos os casos?
7) Em relação ao caso Eletronet, é de conhecimento público as acusações contra a Folha de São Paulo que estaria participando como lobista do empresário Nelson dos Santos na disputa judicial envolvendo a rede de fibras óticas da extinta Eletrobrás. Se está claro que o governo optou pela justiça sem pagar nenhum centavo pela rede de fibras, quem, na opinião de vocês, poderia se beneficiar do conjunto de reportagens do jornal além do empresário?
8) O ataque recente à reputação do jornalista Luis Nassif é algum tipo de retaliação contra a sua reportagem que aponta ser a fonte oculta do jornal o próprio Nelson dos Santos? Na matéria em que acusa o jornalista, os autores sonegam as respostas dadas pelo acusado, obstruindo o seu direito de defesa. A Folha entende que essa é a forma correta de se fazer jornalismo?
9) O jornal acusa os governo de Cuba, do Irã e da Venezuela que não são aliados dos EUA de não serem democráticos e cobra do governo brasileiro posição crítica em relação a estes, porém não possui o mesmo entendimento sobre as ditaduras árabes alinhadas aos EUA e o estado de Israel que, no ano passado, proibiu a participação de partidos islâmicos nas eleições o que é uma clara violação aos direitos das minorias. Qual o critério adotado pelo jornal para definir em quais países a nossa diplomacia deve interferir? Passa pela ideologia do governo? Se for de esquerda pode, de direita não? Se for adversário dos EUA pode, se for aliado não?
10) A Folha de São Paulo chama os opositores dos regimes de Cuba de “dissidentes”, já os opositores do golpe militar em Honduras chamou de "simpatizantes de Zelaya" (sic), já os brasileiros que lutaram contra o regime militar e denunciavam as torturas e mortes nos porões da ditadura foram chamadas pelo jornal de (sic) “terroristas”. Já com governos eleitos democraticamente como o da Venezuela chama de ditadura e governos vindo de um golpe de estado como o que aconteceu em Honduras de “governo de facto”, inclusive pregando a legitimação por um golpe condenado em todo o mundo. Como a Folha chega a essas definições e o que leva a diferenciá-las? São verdadeiras as acusações, também públicas, de que a Folha de São Paulo cedia carros que carregavam os jornais para o governo militar levar presos políticos para os porões da ditadura em São Paulo?
Aguardamos suas respostas até o fechamento do artigo às 18:00 horas de hoje. Garantimos que, ao contrário da política do jornalismo incorreto que o Jornal vem apresentando, as suas respostas serão publicadas na íntegra. Estou certo de que, caso o jornal tenha argumentações sólidas para se defender das acusações, estaremos ajudando a desfazer as desconfianças. O que não pode é o jornal ignorar e fugir das críticas, pois seria mais um ato condenável do jornal que publicou um editorial chamando de "Ditabranda" o regime que aniquilou e torturou brasileiros que a este se opunham, inclusive, colegas jornalistas em um período que envergonha a memória do nosso país.
Atenciosamente,
Luiz Eduardo Nascimento - Editor-chefe do BLOG do LEN
www.blogdolen.com.br
Até o fechamento do artigo a Folha de São Paulo não tinha se pronunciado sobre os questionamentos feitos, o que reforça nossas desconfianças. Ao se recusar a dar explicações sobre acusações que pesam sobre o Jornal e sobre posicionamentos ideológico-partidários assumidos pela publicação, a Folha mostra que não tem como argumentar nem compromisso com a verdade.
Cabe agora ao Ministério Público Federal (infelizmente o Estadual de São Paulo parece estar aparelhado pelo Governo Serra) investigar a relação promíscua baseada em troca de favores entre o jornal e o Governo Serra e outros governos do PSDB.
Acredito que depende de nós a iniciativa de cobrar a investigação junto ao Ministério Público disso que parece ser a compra de consciências na imprensa e nós apoiaremos quem quiser iniciar um abaixo-assinado para pedir a investigação. Está na hora de peitar esses ataques da Folha e, desse modo, estimulo a quem quiser reenviar essas (ou suas próprias) perguntas para a Folha de São Paulo e cobrá-los por um posicionamento. Nós não somos poderosos como eles, mas somos muitos. Se nos unirmos, podemos barrar essa nova onda de ataques aos jornalistas independentes que não comem da mão deles. *Co-editor do Terra Brasilis
Enviei o seguinte e-mail para a editoria de política da Folha de São Paulo, solicitando que respondesse algumas perguntas:
Prezados Senhores,
Pretendo escrever um artigo sobre o processo 15/0199/09/04 publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo, no qual o estado adquire, por meio de contração sem licitação, 5.449 exemplares do seu jornal para serem distribuídos a todas as escolas da rede estadual de ensino no estado de São Paulo. Temos ainda a intenção de abordar outros assuntos que estão representados nas perguntas que foram elaboradas e gostaria de ouvir a posição do jornal para garantir o acesso ao contraditório.
Seguem as perguntas:
1) Qual a justificativa encontrada para se alegar inexigibilidade de concorrência para as aquisições do processo citado acima, visto que a Folha de São Paulo
e o outro jornal beneficiado não são os únicos jornais publicados no estado?
2) Qual a motivo alegado pelo FDE na negociação com o jornal para distribuir jornais particulares à rede de ensino? Faz parte de alguma estratégia pedagógica? Qual?
3) O Jornal não vê impedimento ético em aceitar um contrato sem licitação de um governo que como imprensa livre teria obrigação de criticar?
4) A Folha de São Paulo tem se caracterizado pela postura acrítica à administração do estado onde fica localizada a sede do jornal, portanto seria de se esperar que o jornal se posicionasse mais criticamente às deficiências do governo do estado, no entanto, raramente, encontram-se opiniões críticas em relação ao governador Serra nas reportagens e editoriais do jornal, com exceção, a sua indecisão referente a uma possível candidatura. O jornal hoje é “chapa branca” do governo Serra?
5) Esse posicionamento, digamos, pouco crítico do jornal em relação ao governo Serra pode ser atribuído às facilitações que o jornal pode ter obtido em aquisições como a do processo citado?
6) A Folha publicou, como se fosse verdadeira, uma ficha atribuindo ao DOPS a sua elaboração. A falsidade da referida ficha, que reputava crimes à Ministra Dilma Rousseff, foi atestada por vários especialistas. Depois publicou e insistiu em um suposto encontro da ex-secretária da Fazenda Lina Vieira com a ministra para tratar de assuntos, a partir dos quais foram apresentadas várias versões conflitantes que foram desmentidas pelos fatos, mostrando o tamanho do embuste montado para enganar a opinião pública. Em nenhum dos dois casos, o jornal reviu suas posições mesmo depois de desmentido. A Folha trabalha para desqualificar a provável oponente do governador Serra nas eleições presidenciais? Qual a intenção de levar adiante versões que qualquer leigo em jornalismo atestaria ser pouco prováveis em episódios duramente criticados pelo próprio ombudsman do jornal, solenemente ignorado em ambos os casos?
7) Em relação ao caso Eletronet, é de conhecimento público as acusações contra a Folha de São Paulo que estaria participando como lobista do empresário Nelson dos Santos na disputa judicial envolvendo a rede de fibras óticas da extinta Eletrobrás. Se está claro que o governo optou pela justiça sem pagar nenhum centavo pela rede de fibras, quem, na opinião de vocês, poderia se beneficiar do conjunto de reportagens do jornal além do empresário?
8) O ataque recente à reputação do jornalista Luis Nassif é algum tipo de retaliação contra a sua reportagem que aponta ser a fonte oculta do jornal o próprio Nelson dos Santos? Na matéria em que acusa o jornalista, os autores sonegam as respostas dadas pelo acusado, obstruindo o seu direito de defesa. A Folha entende que essa é a forma correta de se fazer jornalismo?
9) O jornal acusa os governo de Cuba, do Irã e da Venezuela que não são aliados dos EUA de não serem democráticos e cobra do governo brasileiro posição crítica em relação a estes, porém não possui o mesmo entendimento sobre as ditaduras árabes alinhadas aos EUA e o estado de Israel que, no ano passado, proibiu a participação de partidos islâmicos nas eleições o que é uma clara violação aos direitos das minorias. Qual o critério adotado pelo jornal para definir em quais países a nossa diplomacia deve interferir? Passa pela ideologia do governo? Se for de esquerda pode, de direita não? Se for adversário dos EUA pode, se for aliado não?
10) A Folha de São Paulo chama os opositores dos regimes de Cuba de “dissidentes”, já os opositores do golpe militar em Honduras chamou de "simpatizantes de Zelaya" (sic), já os brasileiros que lutaram contra o regime militar e denunciavam as torturas e mortes nos porões da ditadura foram chamadas pelo jornal de (sic) “terroristas”. Já com governos eleitos democraticamente como o da Venezuela chama de ditadura e governos vindo de um golpe de estado como o que aconteceu em Honduras de “governo de facto”, inclusive pregando a legitimação por um golpe condenado em todo o mundo. Como a Folha chega a essas definições e o que leva a diferenciá-las? São verdadeiras as acusações, também públicas, de que a Folha de São Paulo cedia carros que carregavam os jornais para o governo militar levar presos políticos para os porões da ditadura em São Paulo?
Aguardamos suas respostas até o fechamento do artigo às 18:00 horas de hoje. Garantimos que, ao contrário da política do jornalismo incorreto que o Jornal vem apresentando, as suas respostas serão publicadas na íntegra. Estou certo de que, caso o jornal tenha argumentações sólidas para se defender das acusações, estaremos ajudando a desfazer as desconfianças. O que não pode é o jornal ignorar e fugir das críticas, pois seria mais um ato condenável do jornal que publicou um editorial chamando de "Ditabranda" o regime que aniquilou e torturou brasileiros que a este se opunham, inclusive, colegas jornalistas em um período que envergonha a memória do nosso país.
Atenciosamente,
Luiz Eduardo Nascimento - Editor-chefe do BLOG do LEN
www.blogdolen.com.br
Até o fechamento do artigo a Folha de São Paulo não tinha se pronunciado sobre os questionamentos feitos, o que reforça nossas desconfianças. Ao se recusar a dar explicações sobre acusações que pesam sobre o Jornal e sobre posicionamentos ideológico-partidários assumidos pela publicação, a Folha mostra que não tem como argumentar nem compromisso com a verdade.
Cabe agora ao Ministério Público Federal (infelizmente o Estadual de São Paulo parece estar aparelhado pelo Governo Serra) investigar a relação promíscua baseada em troca de favores entre o jornal e o Governo Serra e outros governos do PSDB.
Acredito que depende de nós a iniciativa de cobrar a investigação junto ao Ministério Público disso que parece ser a compra de consciências na imprensa e nós apoiaremos quem quiser iniciar um abaixo-assinado para pedir a investigação. Está na hora de peitar esses ataques da Folha e, desse modo, estimulo a quem quiser reenviar essas (ou suas próprias) perguntas para a Folha de São Paulo e cobrá-los por um posicionamento. Nós não somos poderosos como eles, mas somos muitos. Se nos unirmos, podemos barrar essa nova onda de ataques aos jornalistas independentes que não comem da mão deles. *Co-editor do Terra Brasilis
2 comentários:
Eu acho ótimo tooooooooooooooodos os questionamentos que se façam à FSP.
Acho menos ótimo, porém, ver que os que questionam mantêm fé TOTAL e ABSOLUTA na eficácia dos seus questionamentos.
Esse negócio de ter tanta fé na justeza dos questionamentos é que é o diabo.
(Este comentário foi feito pela Caia na rede castorphoto)
Primeiro, pq a FSP é uma EMPRESA como outra qualquer. Evidentemente, qquer empresa tem total direito de fazer tudo quanto a lei permita para defender os seus interesses e para detonar (nos limites da lei) os interesses dos adversários.
Assim sendo, TÁ TOTALMENTE na cara que não há e jamais houve jornal que não tenha lado, candidato, interesses etc. A FSP tem lado, candidato, interesses, exatamente como uma empresa que venda salsichas. E não há questionamentos que faça a FSP passar, de repente, a defender interesses que não sejam os seus, ou la do que não seja o seu ou interesses que não sejam os seus. Acreditar que alguém mudará alguma coisa à custa de questionamentos é insistir em viver de ilusões da sempre vã ideologia burguesa e de aburguesamento do mundo.
Ninguém precisa de jornalismo, nem de jornais nem de jornalistas.
Defender algum jornalismo, algum jornal ou algum jornalista, sob o pretexto de que a democracia precisaria de jornalismo é deixar-se enredar TOTALMENTE no golpe dito 'jornalístico'. A democracia até precisaria de jornalismo, se houvessem tantos jornais quantas fossem as tendências de opinião. Da leitura de toooooooooooooooooooooooooodos os jornais e de toooooooooooooooooooodas as opiniões, idealmente, as pessoas conseguiriam formar opiniões. ISSO é totalmente impossível.
Então, é preciso concluir que, embora todos talvez nos beneficiássemos muito se existisse um jornalismo que não existe... a verdade é que ABSOLUTAMENTE nenhuma democracia precisa do jornalismo que existe.
Nós não precisamos do jornalismo que existe, dos jornais que existem e dos jornalistas que existem. Nós precisamos de PROPAGANDA DE DEMOCRATIZAÇÃO. Precisamos de menos fé 'ética', de menos ilusões e fantasias metidas a 'éticas' e metidas a 'democráticas' e sempre cevadas de puuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuura ideologia liberal. Precisamos de menos certeza da justiça e da validade das nossas próprias opiniões.
Estou com o saco totalmente cheio dessas certezas metidas a 'éticas' que alimentam o 'tom' desses questionamentos. Tudo bem que todos questionem diretamente a FSP e quanto mais melhor. Mas esse questionamento formal não basta.
Temos de RIR da Folha de S.Paulo (antes de que aqueles fascistas aprendam a rir de nós).
Se houver algum abaixo-assinado, pedindo ao MPF (porque o de SP é tucano), investigação sobre esses contratos,eu assino, pois, para dar reajuste salarial aos professores "não existe dinheiro", mas pra mídia vagabunda esconder as falcatruas dos demo-tucanos... Ah! aí existe e muito.
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