A vantagem de Dilma Rousseff sobre José Serra nas pesquisas, embora minimizada pelos tucanos, criou um clima de cobrança mútua no PSDB. Os coordenadores da campanha presidencial querem mais exposição do nome de Serra. Os aliados nos Estados reagem às reclamações de que estão omissos.
O presidente do PSDB mineiro, deputado Nárcio Rodrigues, sintetiza o desconforto dos dirigentes tucanos. “O problema é que tudo que se faz é pouco. O Aécio Neves está totalmente dedicado à campanha presidencial, mas em São Paulo ainda é visto com o olho torto.
Se a campanha de Serra tem dúvida de que estamos engajados, então venha a Minas e faça como quiser. O que vou dizer a um prefeito do PSB que apoia Aécio, Anastasia, mas está com Dilma? Para trair a coligação nacional do partido dele?”
O sinal amarelo acendeu na campanha do candidato do PSDB a presidente, José Serra: os tucanos temem o "estouro da boiada", ou seja, a debandada dos aliados diante das notícias de dificuldades de arrecadação e de demonstrações de abatimento do candidato tucano, num momento em que pelo menos três pesquisas de opinião indicam que a candidata do PT, Dilma Rousseff, passou a liderar a disputa presidencial.
O senador Jarbas Vasconcelos, que se candidatou ao governo do Estado por insistência de Serra, está insatisfeito com o PSDB, mas procura não responsabilizar Serra pela situação estadual. Para apoiar Serra, Jarbas se distanciou do PMDB majoritariamente governista. Mas só conta com três dos 17 prefeitos tucanos no Estado.
A preocupação dos tucanos e de seus aliados é agravada pelo centralismo da campanha de Serra, "encapsulada em São Paulo", segundo um aliado próximo. Credita-se ao centralismo e à mania de Serra por segredos a publicação de uma informação errada sobre a arrecadação financeira de sua campanha, que estaria abaixo até do resultado de Marina Silva, a candidata do PV que até agora não escapou da faixa dos 10% nas pesquisas.
A situação dos palanques regionais é outro problema que se atribui a Serra e ao atraso com que ele entrou na campanha. Um exemplo citado é o do Democratas no Pará, que dispunham de uma candidata viável ao Senado, que o PSDB preteriu para tentar a reeleição do senador Flexa Ribeiro.
Na região Nordeste, Serra enfrenta um problema ainda maior: a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em casos como o do senador Tasso Jereissati (CE), que disputa a reeleição e aparece em primeiro lugar nas pesquisas, a candidatura nacional do PSDB acaba sendo um peso a mais. Em toda a região Nordeste "é pesado", segundo a expressão de um senador, fazer campanha na oposição a Lula.
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