segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tereza Campello: “Essas famílias são pobres e, não, burras”

Bolsa Família: mexer não estimula filho nem é eleitoreiro, diz ministra
Ao anunciar ampliação do Bolsa Família, ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, é questionada por jornalistas sobre suposto incentivo do governo à procriação dos brasileiros. Resposta: 'Famílias são pobres, não burras'. Também nega interesse político por causa da eleição municipal de 2012. Brasil tem eleição ano sim, ano não.
BRASÍLIA - “Essas famílias são pobres e, não, burras”. Foi assim, com bom humor e sorrindo, que a ministra de Desenvolvimento Social, Tereza Campello, respondeu nesta segunda-feira (19/09) à pergunta de uma jornalista que insinuava que ampliar o Bolsa Família para mais crianças incentivaria a natalidade. “Não me parece razoável que uma pessoa decida ter mais um ou dois filhos para receber uma bolsa de R$ 32”, disse.

Com base nos números do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ministra acrescentou que os nascimentos caíram em todas as classes de renda. “O Bolsa Família não tem estimulado o aumento da taxa de natalidade em nenhuma faixa de renda, nem entre as famílias pobres e nem entre as extremamente pobres”, garantiu.
Tereza Campello também não perdeu a compostura, quando outra repórter questionou se a ampliação do Bolsa Família teria objetivos eleitoreiros, já que haverá eleições municipais no ano que vem. No Brasil, há eleição ano sim, ano não.
“Nesses oito anos de programa, não tivemos histórico de alteração de inclusão de famílias em ano eleitoral", afirmou. "Nós temos mecanismos que nos permitem controlar a situação e, em situações extraordinárias, até mesmo intervir. Existe, inclusive, teto de benefícios por municípios. As informações são monitoradas em função dos índices do novo censo. É muito improvável que ocorra um movimento de corrida ao programa”.
A ministra reiterou que o programa de transferência de renda é tido como modelo em várias partes do mundo por possuir um cadastro bastante amplo e eficaz. “Hoje, são raras as denúncias de pessoas que recebem de forma irregular. Os casos são absolutamente residuais e sem impactos estatísticos”.
Redução da pobrezaA ministra reconheceu, entretanto, que o programa não é suficiente para tirar as famílias da miséria, como apontou um estudo divulgado na última quinta-feira (15/9) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Conforme o estudo, de 2004-2009, a renda média real dos brasileiros subiu 28%. Além do crescimento econômico e da geração de empregos, as políticas sociais foram importantes para combater a miséria. Entretanto, a melhora nos índices de pobreza se deveu mais ao aumento do salário mínimo, que também puxaram os pagamentos da previdência social.
Apesar de atingir quase a totalidade de necessitados, diz o estudo, o Bolsa Família não consegue transformar os brasileiros que vivem na extrema pobreza em pobres, em função dos baixos valores pagos.
“Nós sabemos que o benefício repassado pelo programa não é suficiente para que uma família saia da situação de extrema pobreza. Nossa expectativa é que o Brasil continue crescendo, continue gerando emprego e que, com o complemento de nossas ações de geração de renda e de crédito, essas famílias saiam da pobreza”, afirmou Tereza.
A ministra acrescentou, ainda, que, em abril, o benefício médio pago pelo PBF era de R$ 96 por família. Hoje, já é de R$ 119, o que significa um aumento de 24,4%. O benefício básico sofreu reajuste de 2,9%, alcançando R$ 70. O variável (destinado às crianças), de 45,5%, atingindo R$ 32 e, o Variável Jovem, de 15,2%, chegando a R$ 38.
FONTE http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18510

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