domingo, 9 de outubro de 2011

A falsa quebra do Banespa e do BB: as provas

Jornal Folha de S.Paulo , quinta-feira 5 de junho de 1997
Quem está confessando a verdade, agora, é a própria equipe econômica FHC/BNDES: o Banco do Estado de São Paulo não "quebrou" em 1994. Sua "falência", anunciada ruidosamente, foi forjada por Malan, Loyola, Franco, Serra e aliados – com a conivência do governador tucano Mário Covas, óbvio. O Banespa jamais quebrou – foi tudo encenação para enganar a opinião pública e levá-la a apoiar a sua privatização.

Essa confissão foi feita na semana passada, sem merecer o destaque devido, nos meios de comunicação. Para entender a reviravolta, não custa relembrar a história da "quebra" do Banespa: em 1992, o governo paulista, com o apoio do próprio Planalto, renegociou sua dívida para com o banco, para pagamento em muitos anos, em prestações. Até dezembro de 1994, essas prestações foram pagas.
Naquele mês, já eleito o tucano Mário Covas, e às vésperas de sua posse, o governo Fleury atrasou o pagamento de uma prestação, no valor de R$ 30 milhões, ridículo quando comparado ao tamanho da dívida, então de R$ 5 bilhões. Período do atraso? Apenas 15 dias. Prontamente, a equipe FHC/BNDES aproveitou o "atraso" para considerar que o acordo de refinanciamento da dívida estava quebrado e, como conseqüência, decidiu também que toda a dívida de R$ 5 bilhões deveria ser considerada como prejuízo. Isto é, deveria ser considerada "dinheiro" irrecuperável, e, portanto, lançada no balanço do Banespa como prejuízo.
Só ilegalidades - Note-se bem: a equipe FHC/BNDES cometeu o disparate de tratar o Estado de São Paulo como se ele fosse um dono de boteco de esquina "quebrado", que jamais poderia pagar o Banespa. Ordenou que toda a dívida fosse considerada, no balanço, como prejuízo definitivo, dinheiro perdido para todo o sempre. Com essa orientação, obviamente o Banespa apresentaria um prejuízo gigantesco no balanço daquele ano. Ou, pior ainda, um prejuízo superior ao próprio patrimônio do banco, que, assim, foi declarado "quebrado".
Qual foi a reviravolta da semana passada, a confissão do governo FHC? Aqui, é preciso mais um pouco de história. A pretensa "quebra" do Banespa foi atribuída a desmandos, corrupção e dívidas contraídas nos dois governos anteriores, do PMDB, Quércia e Fleury. Inconformado diante da manobra, o ex-governador Orestes Quércia entrou com ação, na Justiça, para impedir que fosse adotada a "fórmula" de lançamento de falsos prejuízos, imposta pela equipe FHC. Suas principais alegações na Justiça: a manobra da equipe FHC era absolutamente ilegal, pois desrespeitava as próprias normas ("leis") do Banco Central.
Como assim? Quando um cliente não paga sua dívida para com um banco qualquer, o Banco Central permite que o atraso chegue a até um ano, 365 dias, antes de exigir que essa dívida seja lançada como prejuízo no balanço. Esse prazo máximo, de 365 dias, é válido para os casos em que o devedor tenha garantias (imóveis, bens etc.) a oferecer – e o devedor, no caso, era nada mais nada menos que o próprio Estado de São Paulo. Mesmo quando o devedor não tem garantias a oferecer, o prazo mínimo concedido pelo BC é de 30 dias. E, no caso do Banespa, o atraso da parcela de R$ 30 milhões era de apenas 15 dias. Isto é, dentro do prazo de tolerância das regras do Banco Central. Mesmo assim, houve a encenação da ruidosa quebra. Arbitrariedade monstruosa.
A confissão - A partir da ação do ex-governador Quércia, por decisão da Justiça a publicação dos balanços do Banespa está suspensa desde 1994 – enquanto não se chegava a uma conclusão definitiva sobre a legalidade da decisão do governo FHC, de "decretar" a quebra do Banespa. Agora, a reviravolta: na semana passada, o Conselho Monetário Nacional, isto é, o governo FHC, autorizou o Banespa a publicar balanços dos últimos três anos, sem lançar a dívida do Estado como dinheiro irrecuperável – isto é, exatamente como o ex-governador defendia na Justiça. Desapareceu a "quebra" do Banespa – e é notável que os meios de comunicação, salvo registro na Gazeta Mercantil, tenham ignorado a imensa importância do fato. Desapareceu o prejuízo do Banespa. Os balanços de 1995, 1996 e 1997 vão mostrar lucros. A farsa está desmascarada. Qual a semelhança entre o Banco do Brasil e o Banespa? A equipe FHC forjou, com mecanismos iguais, o "prejuízo recorde" do Banco do Brasil – como esta coluna denunciou na época. Ações na Justiça podem restabelecer a verdade.

10 comentários:

Anônimo disse...

com estas revelações , mario covas entrou numa ilustre lista :a dos protagonistas da privatizações criminosas empreendidas pelo psdb, demos e pps.ou seja , mario covas está em companhia de fhc,serra e outros .

Anônimo disse...

quem diria,mario covas que posou de gente decente por tantos anos,também era bandidão.

SOCIOLOGIA NO LANCHE disse...

Eu jamais me iludi com esse povinho! bandidos!

Anônimo disse...

FHC E CIA. DEIXARAM OS BANESPIANOA A VER NAVIOS. ACHO QUE ELE SABIA QUE O LULA GANHARIA E OS APOSENTADOS DO BANESPA TERIAM TODOS OS TIPOS DE BOLSA: FAMILIA, SAÚDE, ETC.ETC

Rossi disse...

Entre todos os prejudicados por essa privatização, estão os aposentados do antigo Banespa, que carinhosamente chamam o falecido Mario Covas de Mario Catacumbas.
Nem todos, claro. Tem alguns que ainda apostam nos tucanos demos e pps. São os sem noção...sem memória, sem....

Rossi disse...

Para cumprir o passivo trabalhista com os da ativa e aposentados do Banespa, chamados de pré-75, o senado, dentro do rescalonamento da dívida do estado, autorizou a emissão de 4 bilhões de reais (Res.118/97)em titulos publicos, para compor o caixa de um fundo de previdência. Os tucanos fizeram o "favor" de dar de presente para o Bco.Santander que comprou (ganhou) o Banespa. 4 bi em 2000 valem hoje perto de 15 bi

Anônimo disse...

O mais espantoso é que está havendo um caso explícito de enriquecimento sem causa por parte do Santander, às custa do erário público nas barbas de nossas autoridades.

Anônimo disse...

O mais espantoso é que está havendo um caso explícito de enriquecimento sem causa por parte do Santander, às custa do erário público nas barbas de nossas autoridades.

Anônimo disse...

Enriquecimento explícito de estrangeiro, às custas dos aposentados (brasileiros) do Banespa, sem que as autoridades levantem um dedo siquer, para nos defender. Este é o brasil que não queremos.

Anônimo disse...

houvesse vergonha na cara em nosso pais,esta privatização efetuADA com ato juridico imperfeito deveria ser anulada.EMBASAMENTO JURIDICO PARA ISTO EXISTE.MUITAS DAS PRIVATIZAÇÕES EFETUADAS COM DOLO PODERIAM TAMBÉM SER ANULADAS.MAS NÃO SE COGITA DE DEFENDER O QUE É NOSSO.

D