sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ministro: Battisti não pode ser lançado em nova 'via crucis'

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta quinta-feira a legalidade do visto que liberou a permanência do ex-ativista italiano Cesare Battisti no Brasil e afirmou que ele não poderia ser lançado em uma nova "via crucis". Mais cedo, o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) entrou com uma ação na Justiça cobrando a deportação de Battisti, por entender que o visto concedido pelo Conselho Nacional de Imigração é ilegal.

"Ele tem que ter aqui no Brasil uma documentação para permanecer. Qual será a documentação? Se o Ministério Público indicar uma outra tudo bem, mas se não indicar, é o visto", disse o ministro, durante intervalo da sessão plenária desta tarde. Para Marco Aurélio, não cabe nova discussão jurídica porque a permanência de Battisti no Brasil é um ato de soberania. "Não creio que ele possa ser lançado em uma nova via crucis", disse.
Para o procurador Hélio Heringer, autor da ação, o Estatuto do Estrangeiro torna o visto de Battisti ilegal. Em vigor desde 1980, a norma proíbe a concessão de visto a estrangeiro condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição segundo a lei brasileira. Battisti foi condenado pela Justiça da Itália pela participação em quatro mortes na década de 1970. De acordo com o procurador, o STF concluiu que os delitos cometidos por Battisti têm natureza comum, e não política.
Na ação, Heringer pede ainda a deportação do ex-ativista. O procurador não cogita entregar Battisti à Itália, mas defende a deportação para a França ou o México, países onde ele viveu antes de fugir para o Brasil, ou ainda para outro país que concorde em recebê-lo.
Caso Battisti
Ex-integrante da organização de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), Cesare Battisti foi condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua por quatro assassinatos, ocorridos no final da década de 1970. O italiano nega as acusações. Depois de preso, Battisti, considerado um terrorista pelo governo da Itália, fugiu e se refugiou na América Latina e na França, onde viveu exilado por mais de 10 anos, sob proteção de uma decisão do governo de François Miterrand. Quando o benefício foi cassado pelo então presidente Jacques Chirac, que determinou a extradição de Battisti à Itália, o ex-ativista fugiu para o Brasil em 2004. Encontrado, ele ficou preso no País a partir de 2007.
O então ministro da Justiça, Tarso Genro, sob o argumento de "fundado temor de perseguição", garantiu ao italiano o status de refugiado político, o que em tese poderia barrar o processo de extradição que o governo da Itália havia encaminhado à Suprema Corte brasileira. Ainda assim, o caso foi a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) no final de 2009, quando os magistrados decidiram que o italiano deveria ser enviado a seu país de origem, mas teria de cumprir pena máxima de 30 anos de reclusão, e não prisão perpétua como definido pelo governo da Itália. Na mesma decisão, no entanto, os ministros definiram que cabia ao presidente da República a decisão final de extraditar ou confirmar o refúgio a Battisti.
No dia 31 de dezembro de 2010, último dia de seu governo, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não extraditar Battisti à Itália, com base em parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que levantava suspeitas de que a ida do ex-ativista a seu país de origem poderia colocar em risco a sua vida. Segundo o documento, a repercussão do caso e o clamor popular tornariam o futuro de Battisti "incerto e de muita dificuldade" na Itália.
Três dias depois da decisão de Lula, a defesa de Battisti entrou com um pedido de soltura no STF, mas o governo italiano pediu ao Supremo o indeferimento da petição alegando "absoluta falta de apoio legal". Na ocasião, o presidente do STF, Cezar Peluso, negou a libertação imediata e determinou que os autos fossem encaminhados ao relator do caso, ministro Gilmar Mendes. No dia 3 de fevereiro, o governo italiano encaminhou STF um pedido de anulação da decisão de Lula, acusando-o de não cumprir tratados bilaterais entre os dois países.
Os recursos foram julgados no dia 8 de junho de 2011. Primeiro, o plenário decidiu que o governo da Itália não tinha legitimidade para contestar a decisão de Lula. Em seguida, o STF determinou a liberdade imediata do italiano por entender que não cabe ao Supremo contestar a decisão "soberana" de um presidente da República. Com o fim da sessão, o alvará de soltura de Battisti foi encaminhado para a penitenciária da Papuda, em Brasília, de onde ele saiu nos primeiros minutos do dia 9 de junho, após quatro anos preso. Terra.

Um comentário:

O PROFETA GENTILEZA disse...

FEZ BEM O MINISTRO - ESTÀO EXECRANDO A NACÀO BRASILEIRA ! - DIZENDO QUE O BRASIL È MAIS CONHECIDO PELAS BAILARINAS DO QUE PELOS NOSSOS JURISTAS. - SOMOS SOBERANOS E A RAIVA REACIONÀRIA DEMONSTRA CLARAMENTE QUE HÀ UMA SEDE DE VINGANCA O QUE SE DEPREENDE QUE BATISTTI COMETEU REALMENTE CRIMES POLÌTICOS E QUE DEVERIAM ESTAR ESQUECIDOS PELOS HOMENS E MUHERES DE BEM - ESTÀO INDO ALÈM DO BOM SENSO E PERDENDO A COMPOSTURA.