terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Comissão da Verdade da Escravidão Negra inicia trabalhos em Brasília

Por: Portal Brasil
A Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra foi empossada, na sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília. O grupo de trabalho tem o objetivo de fazer o resgate histórico do período e a aferição de responsabilidades, além de demonstrar a importância das ações afirmativas como método de reparação ao povo negro.
Durante o evento, o presidente nacional da OAB, Marcus Vinícius Coelho, falou sobre o mito da democracia racial, que encobre a violência vivida pela população negra, principalmente os jovens. Segundo ele, devido ao passado escravista, “ser negro no Brasil infelizmente significa acessar menos direitos e sofrer mais violência”.
Na ocasião, o jurista utilizou números divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) nos últimos anos, que mostram indicadores socioeconômicos bem menores para a população afro-brasileira.
De acordo com os índices, crianças brancas são as que têm mais acesso a creches; 60% dos presidiários são negros; a média de estudos da população afrodescendente é de quase dois anos menor quando comparada à branca, entre outros exemplos.
“Trago esses dados não para reforçar o sentimento de cisão ou separação entre brancos e negros, mas para demonstrar que o recorte de raça é decisivo para o futuro de grande parte da população brasileira. Tanto no quesito segurança pública de encarceramento, quanto no acesso a direitos sociais, como saúde, educação e moradia”, declarou.
Coelho chamou a atenção, ainda, para a importância das cotas. “Considerarmos que as ações afirmativas são fundamentais. É preciso tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam”, concluiu.
Instituições parceiras
A data foi propícia para a assinatura do termo de cooperação entre a OAB e o Instituto Afrobrasileiro de Ensino Superior da Faculdade Zumbi dos Palmares, no âmbito da Comissão.  O grupo recebe ainda o apoio de entidades como o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO); e o Instituto Nzinga Mulher Negra.
Cultura negra
Aberto ao público, o evento teve a presença de integrantes da sociedade civil de todo o País. Entre eles, a banda mirim do Olodum, de Salvador (BA), que entoou o Hino Nacional Brasileiro ao som dos tambores.
As apresentações foram complementadas com o Congado de quilombolas de Patos e Paracatu (MG); letras de Coco – ritmo nordestino influenciado pelas culturas africana e indígena – na voz de Martinha do Coco; e o grupo TAMNOÁ (Tambores do Paranoá), do DF.
Os membros da Comissão são:
Humberto Adami Santos Júnior, Carlos Alberto De Souza e Silva Júnior, Eunice Aparecida de Jesus Prudente, Jorge Lopes de Farias, Jorge Luis Terra da Silva, José Vicente, Laura Taddei Alves Pereira Pinto Berquó, Marco Antonio Zito Alvarenga, Maria Da Penha Santos Lopes Guimarães, Raimunda Luzia de Brito, Samuel Santana Vida, Sandra Cristina Machado, Silvio Luiz de Almeida, Vera Lucia Santana Araújo, André Ricardo Cruz Fontes, Antônio Gomes da Costa Neto, Carlos Alberto Caó Oliveira dos Santos, Carlos Nobre Cruz, Cláudia Reina, Eduardo Araujo de Souza, Elisa Larkin, Elzimar Maria Domingues, Evandro Piza Duarte, Flavia Helena de Lima, Guaraci De Campos Vianna, Hebe Maria da Costa Mattos Gomes De Castro, Helena do Socorro Campos da Rocha, Ivete Alves do Sacramento, João Jorge Santos Rodrigues, Jorge da Silva, José Antônio Ventura, Julio Cesar de Tavares, Marcelo Dias, Maria das Graças Santos, Neivaldo de Lima Virgilio, Nilson Bruno, Nívea Mônica da Silva, Noelia Castro de Sampaio e Wilson Prudente.
Fonte:
Seppir
OAB-RJ

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