O portal DILMA PRESIDENTE não ficará de fora sobre o tema do passado: AI-5, uma vergonha histórica:Alguns diálogos que a gente manteve na vida deveriam ser gravados. Ou então deveríamos esquecê-los para sempre. Mas nem sempre isso acontece. Há mais de uma década, num coquetel em Brasília, encontrei o jornalista Márcio Moreira Alves que, como deputado, esteve no centro do episódio que levou ao AI-5, anunciado há exatamente 40 anos. Como os mais velhos se recordam, Marcio Moreira Alves marcou o Congresso como um político corajoso, um dos primeiros a denunciar a tortura depois do regime de 64. Em 1968, ele fez um discurso que os comandantes militares consideraram ofensivo e exigiram que ele fosse cassado.
Os parlamentares se recusaram — inclusive 70 integrantes da Arena — e essa decisão serviu como pretexto para o AI-5. Com aquela curiosidade de repórter e uma arrogância tardia de quem já havia passado pela juventude, mas sem perder o respeito devido, perguntei ao ex-deputado se alguma vez ele fizera uma revisão dos acontecimentos e se chegava a sentir alguma coisa semelhante a arrependimento em função de seu discurso. Lembro do teor da resposta mas não me lembro das palavras exatas. Por isso, reproduzo suas idéias, mas não considero apropriado dizer que emprego as palavras exatas. Ele me disse que essa pergunta não fazia sentido e que por isso não tinha arrependimento algum. Explicou que essa opinião de que o discurso acabara provocando — mesmo involuntariamente — o AI-5 baseava-se numa visão errada do processo histórico em curso naquele tempo. Conforme me disse, ao longo do ano de 1968 ocorreu uma virada conservadora na política internacional. Lembrou a queda do socialismo democrático na Checoslováquia, a derrota dos estudantes na França, a subida de Richard Nixon nos Estados Unidos — e endurecimento do regime militar no Brasil. Perguntei mais uma vez, ele desenvolveu o mesmo argumento e nos despedimos em seguida. Fica o registro de memória da minha memória — numa data tristemente histórica. Paulo Moreira Leite.
Os parlamentares se recusaram — inclusive 70 integrantes da Arena — e essa decisão serviu como pretexto para o AI-5. Com aquela curiosidade de repórter e uma arrogância tardia de quem já havia passado pela juventude, mas sem perder o respeito devido, perguntei ao ex-deputado se alguma vez ele fizera uma revisão dos acontecimentos e se chegava a sentir alguma coisa semelhante a arrependimento em função de seu discurso. Lembro do teor da resposta mas não me lembro das palavras exatas. Por isso, reproduzo suas idéias, mas não considero apropriado dizer que emprego as palavras exatas. Ele me disse que essa pergunta não fazia sentido e que por isso não tinha arrependimento algum. Explicou que essa opinião de que o discurso acabara provocando — mesmo involuntariamente — o AI-5 baseava-se numa visão errada do processo histórico em curso naquele tempo. Conforme me disse, ao longo do ano de 1968 ocorreu uma virada conservadora na política internacional. Lembrou a queda do socialismo democrático na Checoslováquia, a derrota dos estudantes na França, a subida de Richard Nixon nos Estados Unidos — e endurecimento do regime militar no Brasil. Perguntei mais uma vez, ele desenvolveu o mesmo argumento e nos despedimos em seguida. Fica o registro de memória da minha memória — numa data tristemente histórica. Paulo Moreira Leite.
Um comentário:
E fazer sequestro, explodir bomba e assaltar, não é vergonha?
assuma seus crimes dilminha.
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