Escrito por Francisco Antônio de Andrade Filho. Aconteceu aos trinta de janeiro de 2009, durante o Fórum Social Mundial em Belém do Pará/Brasil. Ouviu-se um grito de liberdade e uma voz forte dos presentes.Era o grito de emancipação humana da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Enquanto isso, uma multidão de militantes e participantes do Fórum gritavam “Olê, Olê, Olê Olá, Dilmaaaa” Confirmava a esperança de uma mulher-presidente escolhida pela soberania popular na “Vox Populi, Vox Dei”. Então, Dilma Roussef pegou o microfone, com voz feminina, recheada de beleza e virtudes, dialoga assim: Queria dizer a todos vocês, a todas as mulheres, a todas as companheiras, que eu me sinto muito feliz de estar aqui, na tenda dos 50 anos da revolução cubana, que foi um acontecimento que teve um papel histórico na minha geração. Queria saudar minha companheira Ana Júlia. Não é fácil superar preconceitos. Por isso, você, Ana Júlia, você está abrindo o caminho para várias mulheres. E enfatiza o bom combate de sua experiência de vida em prol da Democracia massacrada pela Ditadura Militar: Minha militância coincide com o golpe de 64, quando começava uma trajetória, no Brasil, de intolerância, tortura, morte. Este é um processo muito importante, na história do país, porque os militantes que dele participaram saíram não apenas com todas as marcas, algumas físicas: saíram com a certeza da necessidade da construção de uma democracia e da participação [....] Todos aqueles que saíram da luta subterrânea, da clandestinidade, construíram esse momento luminoso da redemocratização. Mudaram, fizeram autocrítica, mas não mudaram de lado. A esta mulher, dedico um momento de reflexão, de raiz filosófica, sobre a teologia latino-americana de libertação em diálogo com a dos conquistadores, de minha autoria e publicado em http://www.orecado.org Era a década de 1960. América Latina tomava consciência de sua dependência econômica, política e religiosa. Desencadeava-se um processo de libertação nos diversos segmentos da sociedade. A Igreja, à luz de suas convicções religiosas, marcada pelos avanços científicos deste tempo, pesquisava uma nova práxis da fé cristã que fosse fator de transformação e libertação. Exigia-se uma nova prática da mensagem do bem em contraposição a do mal. Surgia um novo tipo de inteligência da fé, uma reflexão sobre os compromissos assumidos pelos cristãos em situação de conflitos sociais. Era a teologia latino-americana que nascia vinculada à história da tirania e da opressão praticada em nome democracia neste continente. De outro, os conquistadores medievais e modernos defendiam o conceito tradicional de teologia como ciência que elabora racionalmente verdades da fé. Procuravam compreendê-las sistematicamente e tirar delas novas conclusões. Camuflavam as realidades da vida. Impunham sua única “sabedoria” racional. Criavam o mesmo deus de uma maneira acadêmica, dentro de uma sala de estudo, de um escritório, de um Palácio Episcopal ou de um Pontífice de Roma, fora de todo compromisso histórico e cientificamente observado. E, nessa postura, permanecem até hoje e sempre restauram quando novos interesses ideológicos sejam necessários para eles. Em diálogo com essa teologia dos conquistadores de Roma e de alhures, a teologia latino-americana de libertação tem um olhar diferente para este mundo diferente. Nessa época até os nossos dias, ela é reflexão das situações históricas reais. É “ato segundo”. Nasce da prática. A teoria vem depois. O ato primeiro é o agir ético e responsável com os seres humanos, com sua vida, com seus sofrimentos, seu bem-estar econômico e político. A teologia vem depois e é uma reflexão que supõe o ato primeiro de compromisso libertador do homem que é história, broto da natureza e de sua cultura inteligente. Não é discurso vazio, inacreditável, mistificador. Não “des-realiza” as contradições reais da vida. Não aliena o homem com frases fantasmáticas e grandiloquentes do mundo existente. Assim, a proposta da referida teologia é a de ser um discurso situado na história em que vivemos. As injustiças, a miséria, a falta de respeito para com a riqueza social e as liberdades da coletividade, praticadas pela oligarquia política e religiosa levam a América Latina tomar consciência de seus direitos e deveres. Trata-se de um estudo crítico sobre a reflexão teológica, a partir da práxis da fé cristã. Não é uma coisa inventada pelos teólogos da libertação. Não é um tema metafísico. É uma prática política, de cidadania, cuja alavanca propulsora é sua religião, seja católica, protestante ou não. Em oposição, a teologia dos conquistadores, antigos e também os da era digital, dá uma explicação espiritual e ideal aos problemas materiais e reais, volatizando sua densidade material, de modo a transformá-las em entidades espirituais “fora da realidade”. Por isso, essa teologia – a dos poderes celestiais -, opera como abstração do mundo e da história, separação frente à realidade, em suma, como fantasmagoria, expressão transcendente, abstrata, da situação existente e dos homens reais. Em tal contexto, o discurso teológico latino-americano de libertação surge assim como uma teologia de emancipação humana nas condições concretas, históricas e políticas de hoje na América Latina. É uma teologia cuja missão é identificar-se com os homens massacrados e excluídos de todos os benefícios de suas nações. Segundo seus estudiosos e pesquisadores, é a libertação de Cristo se realizando em fatos históricos e políticos libertadores. Para ler e pensar mais: ANDRADE FILHO, Francisco Antônio de. Igreja e Ideologias na América Latina, segundo Puebla. São Paulo: Paulinas, 3ª ed, 1982. BOFF, Leonardo. Teologia do Cativeiro e da Libertação, Petrópolis: Vozes, 2ª ed., 1985. GUTIÉRREZ, Gustavo. Teologia da libertação. Petrópolis: Vozes, trad. Jorge Soares, 3ª ed., 1976.
Um comentário:
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