No grupo próximo do governo, do qual faz parte o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), a conversa passou a girar em torno da vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff, candidata preferencial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por outro lado, o PSDB aposta que terá o grupo de Michel Temer como aliado nas eleições presidenciais, a exemplo do que ocorreu nas duas últimas disputas contra Lula. O governador José Serra (SP) acredita que Temer vai contrabalançar à influência de Sarney. Afinal, o deputado já demonstrou força ao se eleger presidente nacional do partido derrotando a ala do Senado. Não foi à toa que os tucanos apostaram todas as suas fichas na candidatura de Tião Viana (PT-AC) a presidente do Senado. Sabiam que a derrota de Sarney diminuiria as chances de traição a Temer, isso porque muitos deputados, inclusive do PT, não aceitariam o comando das duas Casas não mão de um único partido. Os tucanos compraram uma briga ainda maior com José Sarney. O novo presidente do Senado não deixará por menos o apoio do partido a Viana. Segundo o que se comenta nos bastidores da Casa é que ele dará o troco aos senadores tucanos. A relação de Sarney com o PSDB nunca foi boa. Ele culpa o então candidato a presidente da República, José Serra, pela retirada da candidatura de Roseana Sarney, em 2002, na disputa pela sucessão de Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, a Polícia Federal invadiu o escritório da empresa Lunus, de Jorge Murad, marido de Roseana, apreendendo R$ 1 milhão em dinheiro que seria usado na campanha. A divulgação da foto do dinheiro na imprensa provocou a queda nas pesquisas da filha de Sarney que até então liderava a corrida presidencial.
Planalto atua a favor de Temer - Alguns articulistas políticos avaliam que a traição a Michel Temer só não foi maior devido a atuação do Palácio do Planalto a favor dele. Considera-se que o presidente Lula trabalhou mais a seu favor do que para Tião Viana, que no Senado reclama da traição de nove senadores, fundamental para sua derrota. Nos últimos dias de campanha, Sarney teria se queixado com o presidente da atuação de integrantes do governo em favor da campanha de Viana, entre eles Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete de Lula. Por conta disso, Sarney, que sempre defendeu apoio a Dilma Rousseff, andou dizendo que teria uma preferência pela candidatura do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), caso ele abandone o ninho tucano e ingresse no PMDB. Com o PMDB fortalecido, já há quem especule que o presidente Lula se esforça para que a sigla apresente o vice de Dilma. Cogita-se que o presidente teria como preferência o governador do Rio, Sergio Cabral, mas que não descarta nomes como o de Temer e de Gedel Vieira. Ou seja, não restam dúvidas do fortalecimento e a influência cada vez maior do PMDB no jogo sucessório. Resta saber se há chances de coesão numa sigla cujo o interesse regional pesa demasiadamente diante de um projeto político nacional. De Brasília, Iram Alfaia.
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