quarta-feira, 11 de março de 2009

Dilma diz que é “dura” para esconder lado frágil

Para uma plateia de mulheres, ministra da Casa Civil reclama do preconceito, mas afirma trabalhar cercada de “homens meigos”

Dilma Rousseff: “Nós, mulheres, também não podemos errar. É muito importante que tenhamos mulheres em áreas que só tem homem”

Candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sucessão em 2010, a ministra-chefe da Casa Civil reclamou dos preconceitos sofridos pelas mulheres ocupantes de cargo de chefia, defendeu a ocupação de postos tradicionalmente destinados aos homens e disse que se tornou “dura” para esconder a fragilidade feminina. “Em condições de poder, a mulher deixa de ser vista como objeto frágil e isso é imperdoável. Aí começa a história da mulher dura. É verdade: eu sou uma mulher dura cercada de homens meigos”, afirmou a ministra. O estilo de Dilma no trabalho virou célebre entre os funcionários do Palácio do Planalto e seus colegas de ministério. Ninguém esconde que a chefe da Casa Civil tem estilo ríspido. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, apelidou-a de Dilminha, para contrastar com a personalidade forte. No discurso a uma plateia de mulheres, a ministra aproveitou para usar uma metáfora recorrente de Lula.

O presidente sempre diz que não pode errar, pois ficaria difícil um outro trabalhador concorrer à Presidência. E nós, mulheres, também não podemos errar. É muito importante que tenhamos mulheres em áreas que só tem homem”, afirmou.

Sempre que defende o nome de Dilma para sucedê-lo, Lula afirma que o Brasil está pronto para ter uma presidente mulher. A ministra se alongou no desabafo. Disse que no mundo de hoje é preciso provar mais competência do que os homens e não cometer os mesmos erros, pois a crítica acabará mais pesada sob seus ombros do que nos dos colegas. “Eles mandam e desmandam. E são suaves e meigos”, disse. A chefe da Casa Civil ainda não admitiu que é candidata, o mais perto que chegou disso foi afirmar que tinha simpatia pela ideia. No discurso, disse estar na hora de mulheres ocuparem postos tradicionalmente dos homens. “Sempre estive em áreas restritas a homens. Fui secretária de Fazenda, secretária e ministra de Minas e Energia e, agora, chefe da Casa Civil. Sempre fui a primeira e tenho certeza de que não serei a última”, disse.

Agendas - Nesse esforço de Lula construir a candidata Dilma, ela passou a acompanhar o presidente nas mais diversas agendas, seja relacionada com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ou em outros setores. Ela irá nesta semana com o presidente aos Estados Unidos se encontrar com o chefe de governo norte-americano Barack Obama e participar de um evento patrocinado pelo Wall Street Journal. O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, defendeu a participação de Dilma na agenda no exterior. “As pessoas precisam aprender que a ministra Dilma tem um papel importante e é responsável por áreas cruciais, numa função de coordenadora do governo”, afirmou.

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