Érico Firmo - O Povo: Luizianne Lins (PT) rompeu um certo pacto de silêncio informal e mostrou que o consenso em torno do nome da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, como candidata à sucessão do presidente Lula é apenas aparente. A prefeita de Fortaleza trouxe à tona uma questão que preocupa, sim, muita gente boa dentro do PT. Uma preocupação pertinente. Lula é a encarnação do PT. O partido, até hoje, existe em função dele. Suas decisões se impõem ao partido – por isso, a escolha de Dilma como candidata em 2010 está praticamente consumada. O caso da ministra é bem diferente. Ela só se filiou ao PT em 2001, depois de décadas no PDT. Como destacou Luizianne, não está acostumada aos fóruns petistas, ao debate exaustivo, à convivência com as múltiplas tendências. Se for eleita, não será nada parecido com um terceiro mandato de Lula. O atual presidente tem compromissos com setores dos movimentos sociais e grupos políticos que Dilma não compartilha e não tem razão para manter. A declaração de Luizianne é polêmica, mas muito pertinente. Aliás, a prefeita sempre se caracterizou por intervenções muito qualificadas no debate político-partidário, com idéias lúcidas, projeto político claro e pensamento progressista. Ela é muito qualificada para o debate público – por isso, atropelou os adversários em duas eleições. Um nível de atuação que, como gestora, ainda está longe de alcançar.
Um comentário:
A Folha de São Paulo, jornal claramente serrista, por quase todos os seus articulistas, e em editoriais, tem insistido em que Lula desprezou o PT ao escolher Dilma. Disse até que o PT ficou "chupando o dedo". O objetivo desta estratégia é claro. É tentar semear a discórdia nas hostes do inimigo, no caso o PT, para enfraquecê-lo, aproveitandose de eventuais insatisfações partidárias. Considerando-se que a Folha trabalha para o adversário, isto deve ser encarado como normal. A Luiziane não é boba. Ela sabe disso.
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