quinta-feira, 5 de março de 2009

Dilma a Renato: PIB tem que crescer ''no mínimo'' 2,5% ao ano

Vermelho: A economia brasileira tem que crescer ''no mínimo'' 2,5%, neste ano e no próximo, e portanto a taxa de juros deve baixar ''acentuadamente'', com um corte de 1%. As convicções foram expressas pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), em café-da-manhã de trabalho nesta quinta-feira (5) com o presidente do PCdoB, Renato Rabelo. Colocando sua candidatura à Presidência sempre na condicional (''Se eu for candidata...''), ela deixou claro que aposta aí para viabilizar sua vitória em 2010. O encontro foi na casa de Dilma na Península dos Ministros, em Brasília. Participou também o ministro do Esporte, Orlando Silva, membro do Comitrê Central do PCdoB. Dilma explicou fez o convite porque quer Manter esse contato permanente, para a troca de idéias com o partido.

''Fundamental se eu for candidata'' - Dilma referiu-se à meta do PIB quando Renato se referiu a uma ''encruzilhada'' em que o país se encontra, diante da crise econômica global. Conforme a ministra, ''a luta do governo hoje, a grande questão, que vai ser fundamental se eu for candidata, é que o Brasil cresça, no mínimo, 2,5% ao ano em 2009 e 2010''. O objetivo do Planalto é cravar 3% em 2009. Dilma reiterou que esse patamar de desenvolvimento é muito importante para a sucessão. E defendeu que para isso ''os juros têm que baixar acentuadamente'', referindo-se à Selic, taxa de juros administrada pelo Banco Central. Chegou a falar em um abrupto corte de 1% na Selic – que permanece como um dos juros mais elevados do mundo. Para a ministra, o corte na Selic é uma condição para resolver o problema da fluidez do crédito, que é a maior ameaça à meta de desenvolvimento. A outra é cortar também o nível dos spreads (juros extras adicionados pelos bancos), que ela considerou ''um absurdo'', inclusive nos bancos públicos, que às vezes chegam a cobrar spreads mais altos que os privados.

''Centro' do governo e governabilidade - ''Achei importante Dilma fazer uma digressão sobre o que ela chama o 'centro' do governo e o seu papel na governabilidade'', comenta Renato. A ministra relatou que em 2005 o governo sofreu uma crise política e, de forma abrupta, teve que recompor o seu 'centro''' – onde antes jogavam papel importante figuras como José Dirceu e Luiz Gushuiken. No raciocínio da ministra, no pós-2005 acabou se formando um outro 'centro'; sem muito plano; e com uma marcante presença de Lula. Ora, sem Lula (ou seja, em um possível governo Dilma no ''pós-Lula'') o 'centro' ganha maior importância para a governabilidade, que a ministra sintetiza em três elementos: maioria na Câmara, maioria no Senado e apoio de governadores. Segundo Dilma transmitiu na conversa, a governabilidade ''pode ser bem resolvida desde que você tenha um 'centro' de governo que saiba o que quer, assuma os objetivos''. Com base nisso é possível reunir, sem sectarismo, uma base ampla.

''Só com a esquerda não se governa'' - Para isso, prossegue Renato, ''ela acha que seria importante a presença no 'centro' de partidos como o PSB e o PCdoB''. Ao citar essas duas legendas, ela fe referência a uma ''maior identidade'' com o projeto inaugurado com a vitória de Lula em 2002. Em outro momento mencionou também o PMDB, qualificando-o como ''um grande partido'' e ''um aliado importante''. Renato Rabelo respondeu à ministra citando o líder histórico do PCdoB, João Amazonas: ''Só com a esquerda não se elege presidente da República e nem se governa''. Ele contou casos da visita de Lula à sede do partido em maio de 2002, para concluir que ''o problema não é ter uma frente ampla e até heterogênea. O problema é ter um núcleo desta frente.'' Segundo Renato, Dilma concordou inteiramente.

''Um novo pacto político'' - Na relação entre as três bandeiras tradicionais do movimento progressista brasileiro, a nacional, a democrática e a social, a ministra concordou que há hoje de fato uma subestimação da bandeira nacional: ''O Brasil é hoje candidato a ser uma grande potência, isso não é jogo de palavras, e exige um grande projeto de nação. A conversa prolongou-se e incluiu recordações do tempo da resistência à ditadura, quando Dilma militou na Polop e VPR. A ministra fez menção às polêmicas teóricas da esquerda na época, e recordou que chegou a encontrar-se na prisão com Diógenes Arruda Câmara, dirigente do PCdoB que assim como ela foi barbaramente torturado. ''È uma pessoa que tem uma trajetória nossa'', comenta Renato, que já teve outros contatos diretos com a chefe da Casa Civil – ele recorda um longo voo para São Luís do Maranhão durante a campanha eleitoral de 2008. Ele repete porém o que disse no seminário sobre a crise econômica, na quarta-feira (4): é preciso ''um novo pacto político'', pois questões como o superávit primário e a taxa de juros são econômicas mas ''dependem de decisão política''.

Correio da Bahia:
Ministra Dilma Roussef desembarca
em Salvador nesta sexta-feira
Na tarde desta sexta-feira (6) a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Roussef desembarcará em Salvador para uma visita de dois dias à capital baiana e ao município de Feira de Santana. A ministra participará de visitas as obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) na sexta-feira (6), será palestrante sobre “Mulher, Política e Espaços de Poder', no Salão Atlântico, do Hotel da Bahia, no Campo Grande, organizado pela Secretaria Estadual de Promoção à Igualdade, como parte da Semana da Mulher. Roussef participará ainda de evento cultural do IV Centenário do Tribunal de Justiça da Bahia, no Teatro Castro Alves. Já no sábado (7) embarca para Feira de Santana, onde visita o canteiro de obras de habitação do PAC, em Lagoa Grande. De volta a Salvador, Dilma visitará a festa do IV Centenário do Tribunal de Justiça da Bahia.

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