A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, prevê que a economia brasileira vai se recuperar no segundo semestre e terá crescimento em 2009. A avaliação foi feita durante o seminário Crise: Desafios e Soluções na América do Sul, promovido pelo Governo do Paraná em Foz do Iguaçu. Ao lado do governador Roberto Requião, Dilma defendeu os investimentos em inclusão social como forma de combate aos efeitos do colapso econômico mundial e reiterou que o Governo Federal não criará um gabinete para acompanhar a crise, como foi sugerido pela oposição. “O Brasil vai se recuperar já partir do segundo semestre, estamos vendo uma situação de melhoria no quadro econômico. Os dados econômicos de janeiro estão bons e de fevereiro estão melhores. Para março, esperamos uma situação e uma recuperação mais intensa. Estamos saindo da crise sem nenhum ferimento sério. Ela abre oportunidade para que a gente trilhe um caminho de outro tipo de desenvolvimento, que a gente aprofunde o que vem sendo discutido aqui. Estamos aumentando o nível de inclusão das pessoas e neste momento todos os programas sociais, culturais, de integração familiar são fundamentais”, disse. “Nós achamos que a crise é algo muito sério para que ser tratada com um comitê. Isso é uma razão profunda, não de disputa política. Nós acreditamos que esta crise só pode ser enfrentada se lembrarmos de um modelo de desenvolvimento de inclusão social, com a construção de um mercado interno. A razão de não fazer um comitê especial é que construímos condições diferenciadas em relação ao que existia ontem e o que existe hoje. Ou seja, para não termos de nos curvar frente a nenhum órgão internacional como do FMI e podermos ter uma política monetária e fiscal próprias diante da crise”, ressaltou. Na avaliação da ministra, o Brasil foi afetado de maneira mais tardia e branda que os demais países do mundo. “A crise começa em 2007 e vai crescendo até setembro de 2008, quando quebra o Lehman Brothers Bank e o mercado é contaminado com artigos podres. Cai o castelo de cartas. No resto do mundo todos os paises começaram a diminuir o seu crescimento. Antes disto, a maioria já vinha reduzindo: a Índia e a Rússia já haviam reduzido. Nós, não. Nós continuávamos com emprego, renda e produto interno bruto crescendo de forma bastante acelerada. No último trimestre antes da crise, nos crescíamos a 6,8%. A demanda interna do Brasil crescia 9,3%. Até setembro, tínhamos 2,1 milhões de postos de trabalho e a única queda nos empregos acontece no último trimestre de 2008. Por isso conseguimos crescer 5,1%. Esta crise nos pegou com um crescimento muito forte. No Brasil a crise não foi puxada, nem na demanda, nem no emprego, ela foi um choque no credito”, lembra. Dilma alertou os participantes da Argentina, Equador, Uruguai e Paraguai para a importância da compreensão dos desdobramentos da crise. Segundo ela, para garantir crédito aos bancos, muitos países estão fazendo uso dos seus Tesouros Nacionais. No caso do Brasil, explicou a Ministra, não foram retirados recursos dos cofres públicos. “A maioria do nosso crédito é doméstico, cerca de 75%. Apenas 25% é externo. Assim, não fomos gravemente afetados pela crise, que é transmitida pelo câmbio. Temos grandes e fortes bancos públicos, como o BNDES, o Banco do Brasil, A Caixa Econômica Federal, o Banco Nordeste e o Basa, que atende à Amazônia. Além disso, diferenciamos nossas relações internacionais, negociando nossas produções com a América Latina, África e Ásia”, explicou.
AEN- Paraná
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