quinta-feira, 26 de março de 2009

Setor vê mercado inexplorado de R$ 20 bi

Folha de São Paulo
O programa habitacional lançado ontem pelo governo abre um mercado imobiliário inexplorado de até R$ 20 bilhões ao longo dos próximos dois ou três anos, na avaliação do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).O cálculo considera os negócios gerados na construção de 400 mil habitações a preço médio de R$ 50 mil destinadas às famílias de renda entre 0 e 3 salários mínimos, alvo da maior parcela dos subsídios anunciados pelo governo.Se funcionar, o SindusCon-SP avalia que o uso do mesmo modelo poderia zerar o déficit atual de 7 milhões de moradias no país, criando um mercado de R$ 365 bilhões, hoje inexistente dada a impossibilidade de as famílias de baixa renda contratarem financiamento habitacional sem subsídios.Para ter uma ideia do que isso significa, o PIB da construção é de R$ 110 bilhões. "O que faltava era um projeto do Estado para trazer para o mercado um grupo social que hoje não consegue se enquadrar em nenhuma linha de financiamento. Se isso for viabilizado, o Brasil acaba de criar um novo mercado gigantesco, que deve atrair construtoras de todos os tamanhos", diz Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP.Segundo João Crestana, presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), o programa do governo tem metas de curto prazo, mas pode funcionar também no longo prazo para pôr fim ao déficit habitacional.Medidas como os subsídios para a faixa de 0 a 3 salários mínimos, a redução tributária de 7% para 1% e o fundo garantidor -que blinda contra a inadimplência- são condições até agora inexistentes que podem atrair as incorporadores na ocupação desse segmento.De acordo com o vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins, o número de construtoras habilitadas a trabalhar com financiamentos da Caixa Econômica Federal deve dobrar de 2.000 para 4.000, como efeito imediato do programa do governo."São empresas que vão disputar esse mercado e ampliar a oferta", diz Martins. Para ele, as incorporadoras, que se viram com problemas de caixa no final de 2008 por conta da crise, já se reestruturaram e não enfrentam mais falta de liquidez.Incorporadoras"Até agora, não tínhamos nenhum projeto para famílias com renda entre 0 e 3 salários, mas, a partir das condições anunciadas, vamos sim olhar a possibilidade de estruturar empreendimentos para essa faixa", disse Eduardo Gorayeb, diretor-presidente da Rodobens Negócios Imobiliários.Na Rossi, o segmento econômico, que respondia por 13% dos lançamentos em 2007, deve representar 50% dos negócios da empresa neste ano."É um momento muito propício para explorar esse mercado. As condições nunca foram tão boas como agora, por conta desse plano do governo", diz Renato Diniz, diretor do segmento econômico da Rossi.

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