Revista Cláudia: CLAUDIA A senhora já assimilou o estilo Lula, anda cheia de metáforas para popularizar o discurso. Até comparou o Plano de Aceleração do Crescimento, que gastará 646 bilhões de reais em obras até 2010, a um boi gordinho. DILMA Não o comparei a um boi. A imprensa publicou tudo errado. Uma repórter perguntou se o PAC empacou. Eu respondi: “Não, ele não empacou. Está mais para uma vaquinha. No início era uma vaquinha ma-gérri-ma. Aí, foi ficando gordinha em 2008 e, em 2009, vai virar uma vaquinha de raça”. Foi essa a história.
CLAUDIA Como reage quando Lula diz que pode economizar no batom da dona Dilma, mas não vai cortar recursos do PAC? DILMA Até acho graça, aprendo muito com ele.
CLAUDIA A oposição, que dizia que a senhora era apenas boa técnica, já viu que sabe fazer política? DILMA O vício de tachar alguém de tecnocrata vem da ditadura, que construiu dois perfis: o técnico é correto e capaz; o político é subversivo ou corrupto. Não acho correto o Brasil herdar essa visão sem saber a que ela serviu. Já me aconselharam: “Deixe que falem, o povo associa político a safadeza e separa você do bolo”. Não posso compactuar com essa ideia. É impossível ser boa ministra se não tiver uma ampla visão política sobre o meu país. É sandice achar que todo político é mau. INTERRUPÇÃO. Neste momento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, telefona. Antes, dois governadores haviam ligado – ela não pronunciou o nome deles. A agitação era em torno do programa para construir 1 milhão de casas populares. Com o ministro, foi cirúrgica: “Li seu primeiro relatório e não achei satisfatório”. Ele deve ter dado justificativas, e Dilma arrematou: “Guidinho, você já repetiu isso seis vezes. Venha na quinta (a entrevista foi na terça) e conversamos”.
CLAUDIA A oposição, que dizia que a senhora era apenas boa técnica, já viu que sabe fazer política? DILMA O vício de tachar alguém de tecnocrata vem da ditadura, que construiu dois perfis: o técnico é correto e capaz; o político é subversivo ou corrupto. Não acho correto o Brasil herdar essa visão sem saber a que ela serviu. Já me aconselharam: “Deixe que falem, o povo associa político a safadeza e separa você do bolo”. Não posso compactuar com essa ideia. É impossível ser boa ministra se não tiver uma ampla visão política sobre o meu país. É sandice achar que todo político é mau. INTERRUPÇÃO. Neste momento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, telefona. Antes, dois governadores haviam ligado – ela não pronunciou o nome deles. A agitação era em torno do programa para construir 1 milhão de casas populares. Com o ministro, foi cirúrgica: “Li seu primeiro relatório e não achei satisfatório”. Ele deve ter dado justificativas, e Dilma arrematou: “Guidinho, você já repetiu isso seis vezes. Venha na quinta (a entrevista foi na terça) e conversamos”.
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