quarta-feira, 29 de abril de 2009

Visita de Lula a Argentina irrita Estadão

O jornal O Estado de Sao Paulo, em editorial publicado hoje com o título “Da Argentina aceita-se tudo” critica nosso presidente e o acusa de aceitar ”imposição comercial do governo argentino, de aplaudir a política da Casa Rosada e até de pagar por seus erros econômicos”. Toda essa ira do jornal é só porque o presidente Lula foi a Argentina assinar acordos de financiamento via BNDES de nosso comércio bilateral e aumentar o limite dos Convênios de Comércio Recíproco (CCR), de US$ 150 milhões para US$ 1,5 bilhão. Para o conservador jornal paulista - e sempre crítico da Argentina - nosso presidente deveria ter criticado o protecionismo do governo de Buenos Aires, já que estamos juntos na união aduaneira, no MERCOSUL. E mais, que não devemos apoiar a Argentina em suas demandas e críticas ao FMI, uma vez que o país vizinho tratou o mundo com arrogância ao dar o calote na dívida externa e pagou por isso.
Por que o governo brasileiro tem de se envolver nessas questões? Primeiro, não é fato, não é verdade que o presidente brasileiro não criticou o aumento do protecionismo. Apenas o circunscreveu à crise internacional e suas conseqüências para nosso vizinho. Segundo, o próprio jornal nos dá a razão para o presidente Lula ser no mínimo comedido em suas críticas ao protecionismo argentino, quando cita as críticas daquele país ao nosso, à depreciação cambial, aos estímulos tributários a indústria, e aos financiamentos especiais do BNDES, medidas que tomamos para enfrentar a crise e que a Argentina considera protecionistas.

Por aí, Estadão, não vamos a nenhum lugar - Mas, com o aumento dos créditos do BNDES e dos limites da CCR, sim, podemos aumentar nosso comércio com a Argentina. E, mais do que isso, podemos ampliar nossas exportações de serviços, tecnologia e capitais, fazendo a diferença não apenas no comércio, mas na integração regional. O que precisamos é de um banco de importação e exportação, um EximBank tupiniquim, aumentando o capital e a capacidade de empréstimos do BNDES, ou de criar o Banco do Sul para alavancar a integração e o comércio regional e não um contencioso sobre o protecionismo com a Argentina. Sobre o FMI, nosso Estadão, não se conforma com o fato histórico de que foi o responsável pela quebra da Argentina e pela moratória. Por isso atribui ao país aquilo que foi obra do FMI e de seus acólitos em Buenos Aires nos anos do auge do neoliberalismo menemista (presidente Carlos Menem). Foto: Ricardo Stucker/PR - Blog do Zé Dirceu.

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