Maioria dos entrevistados pela BBC Brasil citou Bolsa Família como motivo de apoio ao presidente. Enviada especial da BBC Brasil a Bacabal e Trizidela do Vale (MA)
- Apesar de estarem há quase dois meses sem ter onde morar por causa das enchentes, os desabrigados do Vale do Mearim, no Maranhão, mantêm aparentemente intacto o seu apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quase todos os cerca de 20 entrevistados pela BBC Brasil na região disseram que votariam de novo no presidente, mas poucos já ouviram falar na ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que está sendo preparada por Lula para concorrer à Presidência em 2010. Expulsos de suas casas pelas chuvas e muitos deles obrigados a viver em abrigos superlotados e sem higiene, os moradores da região criticam autoridades locais por causa da situação em que vivem. No entanto, quando o assunto é o presidente, as respostas são quase sempre de admiração e reverência."Com o Lula, nossa vida está muito melhor, (a qualidade de vida) quadruplicou", disse o agricultor Hermógenes Francisco da Conceição, de 76 anos.Conceição vive na localidade de Santa Rosa, no município de Bacabal, um dos mais atingidos pelas cheias no Maranhão.No local, à beira do rio Mearim, moram cinco famílias, alguns porcos, galinhas e muitos cachorros.A comunidade não tem luz elétrica, ninguém lá sabe ler e Conceição não soube dizer ao certo quantas crianças vivem no local. A mais nova, de cerca de um ano de idade, não tem nome nem idade certa, porque ainda não foi registrada.Ninguém frequenta a escola, localizada a 1h30 de bicicleta, quando as estradas estão transitáveis. As mulheres nunca ouviram falar em métodos anticoncepcionais.Apesar das dificuldades, Conceição e a família disseram que o presidente melhorou sua vida e a dos pobres do país, e que votariam nele novamente caso fosse candidato. Bolsa FamíliaQuase todos os entrevistados pela BBC Brasil citaram o programa Bolsa Família como o principal motivo para apoiarem o presidente."Isso melhorou muito a nossa vida, a de muitas famílias. Eu recebo R$ 122 por mês", afirmou Eliene da Silva Brito, 36 anos, que há mais de dois meses vive em um abrigo improvisado em um ginásio da cidade de Trizidela do Vale.A agricultora, o marido e os cinco filhos tiveram de deixar sua casa de barro, inundada até a metade da parede. No abrigo, dividem espaço com os poucos móveis que conseguiram salvar da água. "Votei no Lula e voto de novo", disse Eliene. Em outro abrigo de Trizidela do Vale, montado em um hospital abandonado, diversas famílias disseram que repetiriam o voto no presidente.De todas as pessoas ouvidas pela BBC Brasil, apenas o comerciante Edivaldo Almada de Oliveira, 54 anos, disse que não votaria de novo no presidente."Eu votei nele, mas o Lula nunca mereceu voto de ninguém. Toma de um pra dar para os outros", afirmou Oliveira, que teve seu bar inundado e saqueado durante as enchentes.
Dilma - Se a popularidade de Lula parece quase intocada, o nome de sua escolhida para sucedê-lo na Presidência é desconhecido da maioria das pessoas entrevistadas.Apenas dois sabiam quem era Dilma Rousseff. "Gosto muito do Lula, ele nos deu o Bolsa Família. Tanta gente hoje tem mais facilidades, uma vida melhor", disse a comerciante Selma Aguiar, 35 anos, que nesta semana reabriu sua lanchonete depois de mais de um mês embaixo d'água. "Eu também voto nele", afirmou sua filha Giovanna, de cinco anos.Selma nunca havia ouvido falar em Dilma Rousseff. Ao ser informada de que se tratava de uma provável candidata à Presidência, disse: "Nunca ouvi falar dela, mas se for do lado do Lula, voto nela com certeza."
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