terça-feira, 26 de maio de 2009

Dirceu diz que PSDB começou mal

AVOL: A passagem de José Dirceu (PT) pelo Ceará neste fim de semana foi além de uma simples visita para debater os rumos do partido nos próximos anos com os correligionários.

Acabou tomando ares de revide às investidas do PSDB no Congresso Nacional contra a Petrobras, a maior estatal do País e a quarta do mundo no ranking das petrolíferas de capital aberto. No último dia 15, o Senado instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de irregularidades na empresa. Apesar de a ideia ter partido do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RJ), foram os tucanos os maiores defensores da proposta. O ex-deputado deixa o Estado ao meio-dia de hoje. As denúncias dão conta de supostos procedimentos ilegais da Petrobras no pagamento de tributos e fraudes em licitações. Por conta disso, o presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, teria de explicar se de fato foram feitas manobras contábeis no sentido de economizar R$ 4 bilhões. Porém, para Dirceu, tudo não passa de uma articulação do PSDB com o objetivo de desestabilizar o Governo.

Dizendo não temer o resultado dos levantamentos feitos pela CPI, ele criticou a formação da Comissão. “Não temos que ser a favor de tudo o que é CPI. O Congresso pode sim fiscalizar a Petrobras, mas essa CPI aí é de cunho político. Eles (PSDB) começaram 2010 da pior maneira. É um erro deles. Pode fazer uma pesquisa aí que você vai ver que a população também acha isso”, alfinetou, complementando que o Governo vai mobilizar toda a base para acompanhar de perto as ações do grupo. Lamentando a postura dos opositores, Zé Dirceu pontuou que, no Rio Grande do Sul, onde a governadora Yeda Crusius (PSDB) é acusada de cometer diversos crimes, o tucanato não se mostra favorável à instalação de uma CPI. Da mesma forma, afirmou que, em São Paulo, José Serra impede a criação dessas comissões, temendo o resultado delas sobre sua administração. Para ele, essas são provas de como a CPI da Petrobras tem, no fundo, interesse de prejudicar a imagem do presidente Lula. “Assim como nunca houve CPI na Bahia do DEM durante os 20 anos de governo do ACM (Antônio Carlos Magalhães) direta ou indiretamente. Essa CPI da Petrobras é um problema político”, finalizou.

> Dilma presidente. Considerado hoje o principal articulador do Governo Lula após a cassação do seu mandato e a perda dos direitos políticos até o final de 2015, Dirceu aproveitou para reforçar a pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), à Presidência nas eleições do próximo ano. Ele negou que um novo nome esteja sendo debatido internamente para substituí-la, o chamado “plano B” que tanto tem sido ventilado até por membros do Governo. “Não temos esse plano; temos uma candidata. E também não é porque ela tem um linfoma (câncer no sangue) que vamos construir um terceiro mandato. Trabalhar com duas táticas nunca deu certo. Temos que fugir disso como o diabo foge da cruz”, argumentou.

O petista ressaltou ainda o desempenho de Dilma na última pesquisa divulgada pelo DataFolha sobre a corrida rumo ao Palácio do Planalto. No levantamento, o governador José Serra (PSDB-SP) ainda lidera as intenções de voto, mas ela continua a trajetória de ascensão. Num cenário de disputa com o governador Aécio Neves (PSDB-MG) – segundo nome cogitado pelos tucanos para o confronto -, Dilma já consegue um empate técnico de 20%. “Acho que a Dilma vai chegar em 2010 empatada com quem quer que seja o candidato do PSDB. E digo isso porque não vejo o País querendo votar na oposição como queria quando era contra o Fernando Henrique em 2002. Vejo o Brasil querendo apoiar o que foi feito”, avaliou. Mesmo com o otimismo, Dirceu se disse ainda contra a utilização da doença da ministra-candidata como palanque. Muitos opositores criticam a maneira do Governo conduzir a divulgação do câncer e até aliados chegaram a classificar como “cretina” a politização da enfermidade. Foi o caso do deputado federal e também presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE). “E eu estou de acordo com ele. Mas ela será a candidata e vou fazer de tudo para ela ser a futura presidente”, adiantou.

Porém, para ganhar a “briga”, o ex-deputado indicou que a ministra-candidata terá de formular um projeto de continuidade política do que Lula fez até agora com ajustes. A principal mudança, conforme ele, deve acontecer em relação ao sistema financeiro nacional. “O mundo que elegeu o Lula agora é outro. Por isso, precisamos de uma nova visão. Temos uma agenda nova para cumprir, que é uma candidatura que precisa ser construída com bandeiras e metas”, disse. Fonte: Bruno de Castro .

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