Início do segundo semestre de 2008. Mal completara cinco anos e meio de governo, a cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva só tinha um pensamento: o que fazer para a sua sucessão não virar uma autofagia entre os aliados, principalmente dentro do seu próprio partido, o PT. A primeira idéia para evitar as cotoveladas entre petistas era lançar de antemão um candidado da sigla. Nem que para isso tivesse de atropelar os seus companheiros.
E no atropelo, na precipitação, pelo presidente Lula, do processo sucessório, a dois anos das eleições presidenciais, escolheu a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, braço direto de seu governo. Não foi o PT quem decidiu o seu candidato. Foi Lula. O presidente atropelou o PT e colocou a ministra como candidata. A ação, num primeiro momento, pegou de surpresa petistas plumados do Rio Grande do Sul à Bahia, de São Paulo ao Acre. Mas, em seguida, todos entenderam o recado de que a candidatura não passava de um balão-de-ensaio para evitar que as alas do petismo se pegassem e, ainda, tirar o foco da mídia para a ideia desejada: um terceiro mandato. Para conseguir o apoio do PMDB era preciso domesticar o PT, que mais lhe atrapalhou do que ajudou depois que conseguiu chegar ao Palácio do Planalto. O problema é que o plano Dilma cresceu demais e o Lula III foi esfriando.
A série de viagens e discursos de Dilma ajudou a colocá-la na mídia e na boca do povo. A plástica deixou-a menos sisuda e antipática. As pesquisas a mostraram melhor posicionada, mesmo que ainda distante do governador José Serra (PSDB). Os próprios petistas começaram a gostar da idéia, conseguindo apoio até dos arquiinimigos José Dirceu e Tarso Genro. A oposição começou a chiar de uma campanha antecipada, em palanques de solenidades públicas e deslocamentos e cerimônias bancados com dinheiro do contribuinte. Ou seja, a criatura cresceu e ameaçou o projeto inicial do criador. O projeto Dilma Rousseff ficou escancarado e, ao contrário de uma campanha eleitoral normal, não seguia o cronograma com regras claras, as mesmas para todos os candidatos. Alguns gestos cometidos pela candidata do Palácio do Planalto e de seu tutor podem até ser legais, mas não são apropriados para uma democracia. É bom lembrar que as convenções partidárias só começam em julho de 2010, seguindo o roteiro legal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Olê, olê, olê, olá Dilma, Dilma lá - Mas surgiu algo que estava fora do roteiro. Veio o linfoma da ministra. Planalto, PT e PMDB começaram a pensar em um plano B. E o principal deles é a mudança na Constituição permintindo que Lula continue no poder. A ideia sobre o terceiro mandato é recorrente. De tempos em tempos os aliados apresentam a tese para sentir a temperatura, principalmente da oposição. Dependendo da chiadeira, o assunto morre na casca. Até agora a massa não cresceu como alguns aliados gostariam, mas ganha corpo dentro do petismo. Um exemplo disso: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC transformou a noite de terça-feira (12), em São Bernardo do Campo (SP), sua festa de aniversário, em um evento de “apoio e solidariedade” à ministra Dilma Rousseff. Mas não faltou a defesa explícita de um terceiro mandato para Lula, o que constrangeu a ministra.
Lula chegou à comemoração dos 50 anos da entidade, que presidiu de 1975 a 1981, acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia e da ministra da Casa Civil. No ápice da homenagem a Dilma, a plateia saudou a petista incluindo seu nome no jingle da campanha de Lula em 1989: “Olê, olê, olê, olá/Dilma, Dilma lá”. Também explodiram gritos de “2010, se Deus quiser” e “está eleita”.
Discursos pró-Lula - Um dos componentes da mesa, Paulo Vidal, antecessor de Lula no comando do sindicato até 1975, passou ao largo da homenagem e, ao discursar, defendeu um terceiro mandato para o petista. “Imaginar pura e simplesmente que politicamente seria importante cumprir as normas constitucionais e tirar Lula da Presidência, acho que todos nós temos que repensar isso”, afirmou ele, que, logo em seguida se desculpou: “A companheira Dilma que me perdoe”. Na quinta-feira (13), o deputado Fernando Marroni (PT-RS), em discurso na Câmara, colocou em pauta mais uma vez a proposta de um terceiro mandato. Apesar de ressaltar a posição contrária do PT e de afirmar que Dilma seria uma “grande presidente”, Marroni disse que a ideia de mais um mandato para Lula surge entre a população e que ele não poderia se furtar a esse debate. Dilma voltou a ser o balão-de-ensaio de antes e cumpre o papel de ficar na mídia, enquanto dá continuidade ao tratamento de saúde, através da quimioterapia e aguarda uma avaliação médica. Dessa forma, os aliados colocam fermento na massa, enquanto preparam a forma, utilizando-se dos mesmos ingredientes: pitadas de Lula e pinceladas de Dilma. Mesmo que eventualmente, por recomendação médica, mais à frente, ela não tenha condições físicas de assumir a maratona eleitoral, Lula trabalhará com um outro candidato, que pode ser ele mesmo. Ricardo Callado - rcallado@jornaldacomunidade.com.br - Redação Jornal da Comunidade.
E no atropelo, na precipitação, pelo presidente Lula, do processo sucessório, a dois anos das eleições presidenciais, escolheu a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, braço direto de seu governo. Não foi o PT quem decidiu o seu candidato. Foi Lula. O presidente atropelou o PT e colocou a ministra como candidata. A ação, num primeiro momento, pegou de surpresa petistas plumados do Rio Grande do Sul à Bahia, de São Paulo ao Acre. Mas, em seguida, todos entenderam o recado de que a candidatura não passava de um balão-de-ensaio para evitar que as alas do petismo se pegassem e, ainda, tirar o foco da mídia para a ideia desejada: um terceiro mandato. Para conseguir o apoio do PMDB era preciso domesticar o PT, que mais lhe atrapalhou do que ajudou depois que conseguiu chegar ao Palácio do Planalto. O problema é que o plano Dilma cresceu demais e o Lula III foi esfriando.
A série de viagens e discursos de Dilma ajudou a colocá-la na mídia e na boca do povo. A plástica deixou-a menos sisuda e antipática. As pesquisas a mostraram melhor posicionada, mesmo que ainda distante do governador José Serra (PSDB). Os próprios petistas começaram a gostar da idéia, conseguindo apoio até dos arquiinimigos José Dirceu e Tarso Genro. A oposição começou a chiar de uma campanha antecipada, em palanques de solenidades públicas e deslocamentos e cerimônias bancados com dinheiro do contribuinte. Ou seja, a criatura cresceu e ameaçou o projeto inicial do criador. O projeto Dilma Rousseff ficou escancarado e, ao contrário de uma campanha eleitoral normal, não seguia o cronograma com regras claras, as mesmas para todos os candidatos. Alguns gestos cometidos pela candidata do Palácio do Planalto e de seu tutor podem até ser legais, mas não são apropriados para uma democracia. É bom lembrar que as convenções partidárias só começam em julho de 2010, seguindo o roteiro legal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Olê, olê, olê, olá Dilma, Dilma lá - Mas surgiu algo que estava fora do roteiro. Veio o linfoma da ministra. Planalto, PT e PMDB começaram a pensar em um plano B. E o principal deles é a mudança na Constituição permintindo que Lula continue no poder. A ideia sobre o terceiro mandato é recorrente. De tempos em tempos os aliados apresentam a tese para sentir a temperatura, principalmente da oposição. Dependendo da chiadeira, o assunto morre na casca. Até agora a massa não cresceu como alguns aliados gostariam, mas ganha corpo dentro do petismo. Um exemplo disso: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC transformou a noite de terça-feira (12), em São Bernardo do Campo (SP), sua festa de aniversário, em um evento de “apoio e solidariedade” à ministra Dilma Rousseff. Mas não faltou a defesa explícita de um terceiro mandato para Lula, o que constrangeu a ministra.
Lula chegou à comemoração dos 50 anos da entidade, que presidiu de 1975 a 1981, acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia e da ministra da Casa Civil. No ápice da homenagem a Dilma, a plateia saudou a petista incluindo seu nome no jingle da campanha de Lula em 1989: “Olê, olê, olê, olá/Dilma, Dilma lá”. Também explodiram gritos de “2010, se Deus quiser” e “está eleita”.
Discursos pró-Lula - Um dos componentes da mesa, Paulo Vidal, antecessor de Lula no comando do sindicato até 1975, passou ao largo da homenagem e, ao discursar, defendeu um terceiro mandato para o petista. “Imaginar pura e simplesmente que politicamente seria importante cumprir as normas constitucionais e tirar Lula da Presidência, acho que todos nós temos que repensar isso”, afirmou ele, que, logo em seguida se desculpou: “A companheira Dilma que me perdoe”. Na quinta-feira (13), o deputado Fernando Marroni (PT-RS), em discurso na Câmara, colocou em pauta mais uma vez a proposta de um terceiro mandato. Apesar de ressaltar a posição contrária do PT e de afirmar que Dilma seria uma “grande presidente”, Marroni disse que a ideia de mais um mandato para Lula surge entre a população e que ele não poderia se furtar a esse debate. Dilma voltou a ser o balão-de-ensaio de antes e cumpre o papel de ficar na mídia, enquanto dá continuidade ao tratamento de saúde, através da quimioterapia e aguarda uma avaliação médica. Dessa forma, os aliados colocam fermento na massa, enquanto preparam a forma, utilizando-se dos mesmos ingredientes: pitadas de Lula e pinceladas de Dilma. Mesmo que eventualmente, por recomendação médica, mais à frente, ela não tenha condições físicas de assumir a maratona eleitoral, Lula trabalhará com um outro candidato, que pode ser ele mesmo. Ricardo Callado - rcallado@jornaldacomunidade.com.br - Redação Jornal da Comunidade.
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