domingo, 31 de maio de 2009

Dilma chora e agradece solidariedade ao participar do São João em Caruaru

O Globo: Caruaru (PE) e Brasília - Aparentando muita disposição física, sem economizar abraços nem sorrisos - mas também sem esconder a fragilidade emocional pelas dificuldades provocadas pelo câncer linfático - a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, enfrentou uma verdadeira maratona em Pernambuco nesse final de semana. Se a idéia era mostrar que a doença não prejudica a sua pré-candidatura à sucessão presidencial, os organizadores da viagem ao estado conseguiram o seu intento. Ela jantou com lideranças políticas locais - do PT, do PDT, PTB e até do PSDB e PMDB - dançou forró, enfrentou uma escadaria de 46 degraus para chegar aos camarotes do Parque de Eventos Luiz Gonzaga e até adiou o retorno a Brasília, anteriormente previsto para as onze horas do domingo. Mas a pedido do governador Eduardo Campos (PSB), resolveu permanecer em Recife até o início da tarde.
Mas ao contrário do que fez na visita durante o carnaval - quando andou livremente pelas ruas de Olinda e partiu para o corpo a corpo com o eleitorado - ela foi blindada na noite do último sábado: da residência do deputado Wolney Queiroz (PDT-PE), onde jantou, seguiu direto para os camarotes do Parque de Eventos Luiz Gonzaga. E não se misturou com a multidão que comemorava o início dos festejos daquele que é considerado o "maior São João do Mundo", que este ano dura 42 dias e que deve atrair mais de 2 milhões de pessoas a Caruaru, cidade localizada a 130 quilômetros da capital. Dilma viajou de Recife a Caruaru de automóvel, juntamente com mais três ministros e o governador Eduardo Campos (PSB), seu principal cabo eleitoral em Pernambuco. A ministra permaneceu por mais de três horas em Caruaru. Ao chegar à casa do deputado, falou do trabalho, da doença e marejou os olhos ao abordar a solidariedade que vem recebendo com intenções de recuperação. Estava bem, mostrando-se disposta, mas descreveu emocionada a luta para enfrentar a enfermidade.
- Tenho um ritmo de trabalho muito excessivo. Esse ritmo excessivo, eu não estou mantendo. Tenho ido à Casa Civil sistematicamente. E é óbvio que em alguns momentos eu me sinto muito debilitada. Mas em outros, não sinto nada. E não tem sido fácil, a quimioterapia não é fácil. Se eu dissesse que é agradável, estaria mentindo. Mas também não chega a ser insuportável, porque a grande vantagem da quimioterapia é que ela tem dia para acabar. Ou seja, começa, mas termina. O pior é que quanto mais você melhora, mas chega perto da próxima sessão - disse.
Mas foi ao abordar a solidariedade que tem recebido até de desconhecidos que a ministra quase desaba. Ela encheu os olhos de lágrimas e não conseguiu nem disfarçar a emoção.
- Uma coisa muito importante nesse país é o sentimento de solidariedade. E o fato de que a gente pode ter certeza de que o povo é muito compreensivo e muito mais paciente do que a gente imagina - afirmou, lembrando as rezas, as cartas, medalhas, preces, carinho e notícias de superação da doença que tem recebido.
- Se falar muito, me comovo - confessou.

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