segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dilma é a favorita

Maurício Lima - Exame: "Pesquisas são como fotografias: mostram apenas o que está acontecendo agora, mas não o que está por vir". A frase acima, repetida como mantra por políticos de todo o país, tem as qualidades e defeitos de todos os adágios que, por uma razão qualquer, passam à categoria de sabedoria convencional. Por serem construídas sobre uma boa base de bom senso, chegam ao estrelato. Como não existe infalibilidade, claro, não exprimem toda a verdade. Existem dúzias e dúzias de pesquisas que revelaram com antecedência (e acertadamente) as preferências eleitorais ou hábitos de consumo do brasileiro. Empresas e partidos políticos usam todos os dias este tipo de informação para construir estratégias. Se as pesquisas revelassem apenas o que já aconteceu ou, no máximo, um fenômeno imediato, milhões de reais não seriam gastos com este tipo de despesa.

Ontem, uma pesquisa sobre a eleição presidencial de 2010 foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo. Três números chamaram a atenção no levantamento. O primeiro foi a forte subida da ministra Dilma Rousseff nas intenções de voto para presidente da República. Mesmo com as notícias sobre seu câncer, Dilma chegou a 16%, faltando mais de um ano para o pleito. O segundo foi a excepcional avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, ele tem quase 70% de avaliação ótimo/bom. O terceiro dado impressionante foi o apoio a um terceiro mandato de Lula, na casa dos 47%. O terreno das profecias, costuma ser perigoso e acidentado, mas o somatório destas três variáveis leva a uma conclusão: apesar da liderança aparentemente folgada de José Serra, hoje a favorita para a eleição de 2010 é a ministra Dilma Rousseff. Evidentemente, o câncer anda está em seu caminho e pode pôr tudo a perder. Por causa de sua condição, a ministra terá trabalho para convencer aliados e o eleitorado de que a doença não vai atrapalhar seu desempenho como presidente.

Mas se não fosse pelo seu estado de saúde, os prognósticos seriam simplesmente fantásticos. Para quem considera o PSDB favorito, é importante notar que a ministra está só começando uma escalada em que, considerando como seus potenciais eleitores os que defendem um terceiro mandato para Lula, seu piso será da ordem de 40%. A esta altura do campeonato, Lula não vai mais entrar nesta história de terceiro mandato. O que o presidente vai dizer (aliás, já tem dito) é que a eleição de Dilma significa uma extensão do seu governo. O teto da ministra também é altíssimo. Todos os que avaliam o governo Lula como ótimo/bom, ou quase 70% da população, são potenciais eleitores de Dilma, ao menos em um segundo turno. No meio da campanha, evidentemente, muita coisa pode acontecer. Mas com a ausência de discurso do PSDB, com o flerte que o eleitorado brasileiro já teve com a ideia de uma mulher na presidência (o fenômeno Roseana Sarney em 2002), com a força que Lula fará para elegê-la, Dilma Rousseff tem plenas condições de chegar ao Alvorada. Afinal de contas, o Palácio do Planalto ela já conhece bem.

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