Como a pré-candidata do PT vem costurando alianças com setores estratégicos da indústria, de olho em 2010Denize Bacoccina e Luciana de Oliveira
Dilma Rousseff abandona a imagem de durona e, mais diplomática, tem conquistado apoio do setor privado
Gerente do maior programa de investimentos do governo federal e política mais poderosa da Esplanada, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão presidencial, está lançando pontes em direção ao empresariado. E o melhor: muitos empresários já estão atravessando essas pontes, satisfeitos com a atuação da ministra no governo – uma exguerrilheira que hoje comemora a entrada de capital estrangeiro nas obras de infraestrutura que o País quer fazer. A ministra ainda não é unanimidade, e alguns setores da indústria paulista, por exemplo, temem que um governo Dilma abra espaço para a entrada em sua gestão de radicais do Partido dos Trabalhadores, alijados do poder pelo pragmatismo do presidente Lula. Apesar do temor, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que apoiou o presidente Lula na eleição de 2002 e hoje não se posiciona oficialmente sobre a eleição, chegou a ser cogitado como vice de Dilma, justamente para angariar o apoio da parcela que ainda vê a ministra com desconfiança.
"Se for convidado, farei campanha por ela. O governo sempre esteve atento às demandas do agronegócio"Blairo Maggi, governador de MT
Mas se alguns temem a solidez da ponte, muitos já a atravessaram sem medo. “Ela vai encontrar muito apoio na classe empresarial, especialmente nos setores que estão satisfeitos com o governo Lula”, disse à DINHEIRO o presidente da Abinee, Humberto Barbato. O setor que ele representa, de eletroeletrônicos, tem sido beneficiado com o crescimento da economia e de programas como Luz para Todos e a redução do IPI para a linha branca. “Ela deve encontrar um bom apoio no setor eletroeletrônico”, diz ele. Outro que atravessou a ponte é o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, um expoente do agronegócio.
Em contraponto à senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Maggi diz que, se for convidado pelo presidente, fará campanha em favor de Dilma. “O apoio a Lula trouxe muitos ganhos para o setor. O governo sempre esteve muito atento”, disse.A situação de Dilma é diferente da enfrentada por Lula em 2002, que teve apoio de poucos empresários, como Oded Grajew, Lawrence Pih e Ivo Rosset. Nem a escolha de José Alencar como vice nem a Carta ao Povo Brasileiro declarando obediência às regras do jogo foram suficientes para acalmar os que temiam uma radicalização.
Dilma Rousseff abandona a imagem de durona e, mais diplomática, tem conquistado apoio do setor privado
Gerente do maior programa de investimentos do governo federal e política mais poderosa da Esplanada, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão presidencial, está lançando pontes em direção ao empresariado. E o melhor: muitos empresários já estão atravessando essas pontes, satisfeitos com a atuação da ministra no governo – uma exguerrilheira que hoje comemora a entrada de capital estrangeiro nas obras de infraestrutura que o País quer fazer. A ministra ainda não é unanimidade, e alguns setores da indústria paulista, por exemplo, temem que um governo Dilma abra espaço para a entrada em sua gestão de radicais do Partido dos Trabalhadores, alijados do poder pelo pragmatismo do presidente Lula. Apesar do temor, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que apoiou o presidente Lula na eleição de 2002 e hoje não se posiciona oficialmente sobre a eleição, chegou a ser cogitado como vice de Dilma, justamente para angariar o apoio da parcela que ainda vê a ministra com desconfiança.
"Se for convidado, farei campanha por ela. O governo sempre esteve atento às demandas do agronegócio"Blairo Maggi, governador de MT
Mas se alguns temem a solidez da ponte, muitos já a atravessaram sem medo. “Ela vai encontrar muito apoio na classe empresarial, especialmente nos setores que estão satisfeitos com o governo Lula”, disse à DINHEIRO o presidente da Abinee, Humberto Barbato. O setor que ele representa, de eletroeletrônicos, tem sido beneficiado com o crescimento da economia e de programas como Luz para Todos e a redução do IPI para a linha branca. “Ela deve encontrar um bom apoio no setor eletroeletrônico”, diz ele. Outro que atravessou a ponte é o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, um expoente do agronegócio.
Em contraponto à senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Maggi diz que, se for convidado pelo presidente, fará campanha em favor de Dilma. “O apoio a Lula trouxe muitos ganhos para o setor. O governo sempre esteve muito atento”, disse.A situação de Dilma é diferente da enfrentada por Lula em 2002, que teve apoio de poucos empresários, como Oded Grajew, Lawrence Pih e Ivo Rosset. Nem a escolha de José Alencar como vice nem a Carta ao Povo Brasileiro declarando obediência às regras do jogo foram suficientes para acalmar os que temiam uma radicalização.
“Ela recebe uma herança do presidente Lula. Já o governador José Serra tem tomado medidas que não agradaram, como a substituição tributária”, diz Barbato, da Abinee.Por enquanto, a ministra ainda não tem uma agenda específica de candidata. Mas já tem gente no PT cuidando disso. A trinca encarregada pelo presidente de fazer os primeiros contatos é formada por três ex-prefeitos – Fernando Pimentel, de Belo Horizonte, Marta Suplicy, de São Paulo, e João Paulo, do Recife. Eles devem se reunir no dia 20 para traçar a estratégia de abordagem dos empresários. “A receptividade tem sido muito boa”, contou à DINHEIRO Pimentel, que tem conversado com representantes de vários setores e ouvido elogios à ministra.Como gerente do PAC, ela administra um orçamento de R$ 646 bilhões entre 2007 e 2010, com repercussões em todo o País. O programa de habitação Minha Casa, Minha Vida vai injetar outros R$ 60 bilhões na economia. Em sua rotina no governo, Dilma está acostumada a lidar com grandes empresários e a tratar de grandes questões econômicas. Chegou a ser chamada de “ministra dos grandes negócios” pela interferência em negociações importantes, como a venda da Brasil Telecom para a Oi, com apoio do BNDES, e pela participação de estatais nos consórcios que disputaram as hidrelétricas do rio Madeira. Mas nem todos os negócios que a ministra colocou a mão foram bem-sucedidos, como a desastrosa venda da VarigLog.
Mas, em linhas gerais, ela agrada. “Acho que o Brasil está muito bem servido com a Dilma. É uma candidata forte. Se eleita, o Brasil estará muito bem servido”, disse à DINHEIRO o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Simão. Ele não se incomoda nem com o gênio forte da ministra, criticado por quem já presenciou suas broncas não apenas em subordinados, mas também em colegas de ministério. “Ela era geniosa e explosiva, mas já melhorou muito.
Mas, em linhas gerais, ela agrada. “Acho que o Brasil está muito bem servido com a Dilma. É uma candidata forte. Se eleita, o Brasil estará muito bem servido”, disse à DINHEIRO o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Simão. Ele não se incomoda nem com o gênio forte da ministra, criticado por quem já presenciou suas broncas não apenas em subordinados, mas também em colegas de ministério. “Ela era geniosa e explosiva, mas já melhorou muito.
"Ela vai encontrar muito apoio na classe empresarial, especialmente nos setores que estão satisfeitos com Lula"Humberto Barbato, da Abinee
Ela tem gênio, mas mostra resultado”, diz ele. Na semana passada, Dilma recebeu em São Paulo o prêmio “Operário Número 1 da Construção”, da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), e foi recebida com tapete vermelho por 2,5 mil empresários e executivos do setor, que gostaram de ouvir a ministra dizer que o governo vai continuar incentivando o consumo de material de construção. O presidente da entidade, Cláudio Conz, não apoia explicitamente a candidatura de Dilma, mas o setor está satisfeito com a sua gestão. “Nós gostamos de vender material de construção. Somos uma entidade pragmática.
O setor de infraestrutura, saneamento e habitação tem tido todo o apoio do governo”, disse Conz. Para o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Gomes de Almeida, Dilma é vista como uma pessoa aberta à interlocução. “Ela simboliza o fazer dentro do setor público, que se criou a partir de uma tática do nada fazer e ficar sempre na defensiva.”
Para o ex-ministro Delfim Netto, o importante é que a estabilidade está garantida. “Qualquer que seja o próximo presidente, a garantia que se tem é que o Brasil terá mais dez anos de crescimento sem inflação. Uma Autobahn alemã para o desenvolvimento”, afirmou Delfim Netto.
IstoÉ Dinheiro
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