Brasília em tempo real: Apesar de todas as projeções do Banco Central permitirem a redução da meta de inflação para 2011, por determinação do presidente Lula, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou o indicador em 4,5%, repetindo o número deste ano e do próximo, podendo oscilar dois pontos percentuais para cima (6,5%) ou para baixo (2,5%). De nada valeram os argumentos técnicos apresentados pela equipe econômica em favor de um objetivo menor a ser perseguido pelo BC. Na visão de Lula, se a meta de inflação caísse, o Comitê de Política Monetária (Copom) seria obrigado a elevar a taxa básica de juros (Selic) em 2010, o que prejudicaria a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sua sucessão. Nas contas da equipe econômica, a meta de 2011 poderia ser de 4%, já que não há qualquer sinal de pressão inflacionária nos próximos 24 meses. A decisão política para um tema técnico fez com que os três integrantes do CMN — o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; o ministro da Fazenda, Guido Mantega; e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo — quebrassem a tradição de explicar os motivos que levaram à definição da meta de inflação, comportamento que deu enorme credibilidade ao sistema. Eles se recusaram a conceder entrevista — no máximo, Bernardo confirmou os 4,5% na portaria do Ministério da Fazenda. Diante da pressão dos jornalistas, Mantega escalou um servidor de terceiro escalão, o secretário adjunto do Tesouro Nacional, Cléber Oliveira, para anunciar o que todo mundo já sabia. Mantega e Meirelles ficaram sem argumentos consistentes para rebater publicamente a informação de que havia prevalecido a ordem de Lula.
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