quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A crise do Senado não pára

O principal obstáculo à paz no Senado é que, por enquanto, não há uma solução que satisfaça à oposição que não seja a renúncia de Sarney, e não há meio de “renunciar” Sarney sem arrasar com o PMDB e seus aliados mais próximos, especialmente o PTB. E sem prejudicar a estabilidade da candidatura Dilma. Com Lula batendo os 80% de aprovação e Dilma Roussef, puxada por ele, chegando ao “empate técnico” com o tucano José Serra, ao DEM e ao PSDB nada mais resta que malhar a presidência do Senado até quando for possível, na esperança de que isso repercuta de algum modo na eleição do ano que vem. Caia ou não caia Sarney, a oposição não tem nada a perder. Salvo, numa hipótese ainda remota, o mandato do líder tucano Arthur Virgílio. Ao contrário de Sarney, que nega todas as acusações, Virgílio é réu confesso no Conselho de Ética. Ele admitiu ter mantido um amigo na Europa durante um ano, como se fosse assessor do Senado. Até se prontificou a devolver o dinheiro dos salários pagos irregularmente. Não há nenhum caso assim tão indiscutível nas sete representações do PMDB e do PSOL contra Sarney, quatro das quais o presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), arquivou liminarmente, como lhe permite o regimento.
PT Mercadante - O PT, que disputa com o PMDB não só o controle do Senado, mas também a fatia maior do governo Lula, só não fecha uma aliança completa com os tucanos contra Sarney, como parece desejar o líder Aloysio Mercadante (SP), porque o presidente não deixa. Sarney avaliou mal quando se lançou candidato a presidente do Senado. Pela tradição de ambas as casas do Congresso, o partido majoritário faz o presidente. Mas estava acertado que dessa vez o PMDB ficaria com a Câmara e o PT com o Senado. O PMDB alega que Tião Viana (PT-AC) “não se viabilizou”. Não se viabilizou porque Sarney e Renan Calheiros não quiseram.
Tucano demais - O Jornal Nacional mostrou Arthur Virgílio contestando Sarney, mas não disse uma palavra sobre a acusação feita ao conselho de ética contra o líder tucano.
Quem não sabia? Sarney diz que não sabia que nem todos os atos da administração do Senado eram publicados (“atos secretos”), nem muito menos que a casa tinha mais de 170 diretorias (das quais 23 criadas por ele em seu primeiro mandato na presidência). Deve-se duvidar que não soubesse. Mas tampouco é possível crer na suposta ignorância de Pedro Simon ou Tasso Jereissati ou Arthur Virgílio ou Eduardo Suplicy, entre outros. Foi o que o próprio Lula disse a Suplicy um dia desses: “Ô Suplicy, você acha que alguém vai acreditar que você, com 18 anos de mandato, não sabia o que se passava no Senado?”.
Transparência - O melhor remédio contra a fisiologia é a transparência. Bem fez o prefeito Gilberto Kassab (DEM), quando mandou publicar na Internet os nomes, os cargos e os salários de todos os servidores do município de São Paulo. Por preconceito, a esquerda desdenhou da iniciativa. Entretanto, foi exatamente essa a boa sugestão que Suplicy deu a Sarney no início da crise atual. Enviado por Verapaoloni
- texto do jornalista Walter Rodrigues, do Blogue do Colunão.

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