Rogério Mattos Costa, de Madrid, mas muito bem informado...
O conhecido site Consultor Jurídico, que faz oposição ao governo e que se notabilizou por ser ferrenho defensor de Gilmar Mendes, presidente do STF, pretende organizar manifestações de rua contra o presidente do Senado, José Sarney, por meio de figurantes pagos. A informação foi divulgada ontem por Josias de Sousa, em seu blog. A “terceirização” dessa que é uma das mais tradicionais formas de combate político, custaria pelo menos R$ 40,00 por dia, para cada “manifestante terceirizado”. Em seu artigo, Josias ainda quis esconder a “gaffe” , que circulou ontem no congresso, dizendo que a terceirização “foi descoberta por acaso”, quando dois colegas seus, a serviço do Consultor, ligaram para uma tal “Nova Central Sindical” e “descobriram que existia" o aluguel de manifestantes. Em seu blog, Josias confessa a mancada de seus colegas e que durante a madrugada tentou e conseguiu transformá-la em uma genérica acusação para dar a entender que todas as manifestações organizadas por sindicatos seriam fruto dessa nova forma de reunir milhares de pessoas, desqualificando o papel das organizações sindicais de trabalhadores na vida social do país, sem nehuma prova de que o fato ocorra.
Leiam as confissões de Josias em seu blog ou a na transcrição a seguir. “Sindicatos alugam manifestantes por R$ 40 ao dia em Brasília. A NCST (Nova Central Sindical), que diz representar 12 milhões de trabalhadores, desenvolveu um inusitado método de organização de manifestações. Para encher a Esplanada dos Ministérios, recorre a “manifestantes” de aluguel. Recruta-os na periferia de Brasília. Remunera-os a R$ 40 por cabeça.Deve-se a revelação aos repórteres Rodrigo Haidar e Filipe Coutinho. Descobriram que, por R$ 80 mil, pode-se arrastar 2 mil pessoas até a porta do Congresso.Os protestos remunerados da Nova Central Sindical são organizados em parceria com uma de suas filiadas, a Contratuh (Confederação Nacional dos Trabalhadores).
Em contatos com a Contratuh, Haidar e Coutinho expressaram o desejo de organizar uma manifestação sob o lema “Fora Sarney”. Ocultando dos interlocutores a condição de jornalista, a dupla logrou desvendar os segredos da indústria de agenciamento de protestos. Desembolsando-se a quantia exigida, consegue-se alugar em Brasília pessoas dispostas a defender ou atacar a tudo e a qualquer um. Escrito por Josias de Sousa às 05:15.” Esta seria a segunda noticia sobre a fabricação de eventos pela mídia na tarde de ontem. A primeira foi o flagrante, mencionado pelo Senador José Sarney em seu discurso de defesa, do qual o veterano político maranhense afirmou possuir um vídeo, captado por uma câmara de segurança, que mostraria imagens de alguém roubando, de cima de uma mesa na Divitex Pericumã, documentos que teriam sido usados por Alan Gripp, Hudson Corrêa e Fernanda Odilla para produzir uma notícia publicada na FOLHA sobre aquela empresa, da qual o parlamentar possuiria 10% das ações.
Mas não é só o Consultor Jurídico quem procura inovar a vida pública, "produzindo"suas próprias notícias. A própria FOLHA de SÃO PAULO também é um jornal aberto a esse tipo de inovações. Depois de participar de forma ativa na repressão política exercida pela ditadura militar na década de 70, cedendo veículos e motoristas para o transporte de presos políticos torturados em caminhonetes de distribuição do jornal, alguns deles desaparecidos até hoje, a FOLHA e o Estadão parecem quererem ser os primeiros jornais do mundo que derrubaram um presidente do Senado. Até pouco tempo,essa postura, de participar das próprias ações e não só da sua narração e no seu comentário não tinha ainda similar em nenhum outro lugar do mundo. Nem na Alemanha nazista, os jornais de direita avançaram além do plano das ideias e da agitação e propaganda, por mais extremistas, inverídicas e direcionadas que fossem.
Na verdade, não há até hoje nenhum registro histórico por exemplo de que veículos do jornal “Völksher Beobachter”, porta voz do partido de Hitler, tenham sido usados na perseguição ou transporte de judeus ou de outros inimigos políticos do regime de Hitler, como fez a FOLHA nos anos de chumbo. Manifestações de rua organizadas por rádios, TVs e jornais de oposição foram uma das características principais dos golpes de estado em Honduras e na Venezuela e das violentas manifestações do mês passado no Irã, onde as orientações aos manifestantes eram transmitidas por poderosas centrais de mensagens por celular e twitter. A palavra está com os sindicatos de Brasília. As acusações do Consultor Jurídico e do Josias estão alí, na praça. rogerio.mattoscosta@hotmail.com
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