quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Passado condena grande imprensa

Vamos por eliminação: os caros leitores que têm fresca na memória as reportagens de capa (e com direito a fotos) dos grandes jornais com Pedro Malan e Armínio Fraga * de sobretudo, é claro * se reunindo com algum sub do sub do sub em Washington, que proliferaram durante as presidências de Fernando Henrique Cardoso, sabem que, devido ao número e à patente das autoridades envolvidas, o Fórum dos CEOs, vitaminado pela participação do presidente dos EUA é, comparativamente, muito mais importante. Mesmo porque significa o estabelecimento das bases para o redesenho das relações comerciais Brasil-EUA e o aval deste à estratégia de reposicionamento geopolítico do Brasil em relação ao resto do continente. Portanto, descartemos a hipótese 1.
Sobram, portanto, duas hipóteses, que não oferecem elementos para serem categoricamante descartadas a priori: a incompetência de nossa mídia ou sua omissão por razões político-eleitorais. Minha impressão pessoal é que, a despeito do atraso técnico e dos seguidos episódios de violação da ética jornalística (que não deixam de ser uma forma particularmente nociva de incompetência), esta última não é tão grave em nossa imprensa a ponto de ignorar um fato diplomático de primeira grandeza.
Mas deixo aos leitores a tarefa de julgarem por si mesmos, oferecendo, em contrapartida a tão dilacerante esforço, sábias reflexões do jornalista Perseu Abramo acerca da omissão na mídia, que ele interpreta como estratégia primordial dos grandes grupos de imprensa para desinformar e, assim, manipular o leitor/espectador. Em trecho citado no blog do de Altamiro Borges, trata-se, segundo Abramo, de "um deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade[http://altamiroborges.blogspot.com/2009/07/congresso-da-une-e-manipulacao-da-midia.html]. Esse é um padrão que opera nos antecedentes, nas preliminares da busca da informação, isto é, no `momento* das decisões de planejamento da edição, naquilo que na imprensa geralmente se chama de pauta... O padrão da ocultação é decisivo e definitivo na manipulação da realidade: tomada a decisão de que um fato `não é jornalístico*, não há a menor chance de que o leitor tome conhecimento de sua existência por meio da imprensa. O fato real é eliminado da realidade, ele não existe".
Se por leniente incompetência ou se por má-fé eleitoreira, o fato é que a cobertura acanhada e des-hierarquizada do encontro de Dilma e Obama, além de manter desinformado o público leitor que a mídia tem por obrigação informar, é indicadora de um estado de coisas e de uma perspectiva futura temerária. Pois, se para episódios aparentemente menos consequentes envolvendo Dilma Rousseff o método adotado foi esse * transformar uma possível manchete em um fato menor, quase um não-fato -, tem-se uma idéia do que pode vir a acontecer quando os ânimos se acirrarem ao longo do pedregoso caminho que leva às eleições de outubro do ano que vem. URL: Observatório.
Enviado para o Blog da Dilma e Desabafo Brasil:
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