sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Amorim pede, na ONU, fim do cerco à embaixada brasileira em Honduras

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, pediu em discurso na reunião do Conselho de Segurança da ONU pelo fim do cerco realizado por militares hondurenhos na missão do Brasil em Tegucigalpa. "A embaixada está virtualmente sitiada" desde a última segunda-feira, quando o presidente deposto Manuel Zelaya buscou abrigou no local, afirmou Amorim aos 15 membros do conselho reunidos. O grupo vai analisar a crise política que atingiu o país nesta semana.
"O governo brasileiro está muito preocupado de que as mesmas pessoas que perpetraram o golpe de Estado em Honduras possam atentar contra a inviolabilidade da embaixada para prender o presidente Zelaya", afirmou. Segundo a agência AFP, o chanceler afirmou que a embaixada brasileira enfrenta "atos de certo", como cortes de eletricidade, agressão sonora e impedimentos da livre circulação de seu pessoal. Amorim denunciou que as agressões são uma "clara violação" da Convenção de Viena e pediu que o Conselho de Segurança da ONU "condene expressamente" o ato, para evitar qualquer outra ação hostil. A Convenção de Viena Sobre Relações Diplomáticas diz que as instalações e os automóveis diplomáticos são invioláveis.
A atual presidente do principal órgão da ONU, a embaixadora americana Susan Rice, convocou a reunião, que é realizada a portas fechadas. Os 15 integrantes do conselho atenderam ao pedido feito na terça-feira (22) pelo governo do Brasil. O organismo tinha se mantido até agora praticamente de fora da crise causada pelo conflito, iniciado com o golpe de Estado de 28 de junho passado.
Enquanto o Conselho de Segurança da ONU se reunia, o presidente deposto, Manuel Zelaya, alertou nesta sexta-feira que as negociações com o governo de facto, iniciadas na véspera, fracassarão se os golpistas não aceitarem sua volta ao cargo. Zelaya ainda pediu para que seus continuem com as mobilizações contra o governo golpista.
Zelaya se reuniu na noite de quinta-feira (24) na embaixada do Brasil com os quatro candidatos à presidência. Eles asseguraram que tanto o líder deposto como o interino, Roberto Micheletti, estão dispostos a dialogar para encontrar uma solução à crise. O governo de facto anunciou também na quinta que aceitaria receber uma missão integrada pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, para negociar uma solução para a crise. Porém, Arias afirmou nesta sexta que os golpistas não permitiram a entrada de uma comissão de chanceleres enviada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para mediar o conflito.
"Acabo de falar com John Biehl (assessor chileno da OEA) que está em Miami depois de voltar de Washington ontem à noite para seguir para Honduras hoje. Ele me disse que o chanceler (hondurenho) o chamou para dizer que a comissão não embarcasse porque não teriam permissão para entrar no país. De qualquer maneira, me disse que possivelmente não vão querer deixar entrar os chanceleres", disse Arias em entrevista ao programa de rádio Nuestra Voz. Biehl tem trabalhado com Arias desde que este começou a atuar como mediador do conflito. Com esta situação, Arias afirmou que ele mesmo não viajará para Honduras para retomar o diálogo, pois considera que o trabalho prévio deve ser feito pelos chanceleres.
AE

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