O presidente da Venezuela, Hugo Chávez disse, nesta quarta-feira, que "sabia de tudo" sobre a volta do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ao país, e afirmou ter ajudado a "despistar" as autoridades sobre o paradeiro de Zelaya, enquanto o hondurenho realizava a viagem de retorno a Honduras.
Durante um encontro com sindicalistas em Nova York, nos Estados Unidos, Chávez disse que Zelaya anunciou que participaria da 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas para confundir seus opositores sobre seu paradeiro. Para ajudá-lo, Chávez disse ter telefonado para o hondurenho em um telefone que estaria grampeado. "Eu liguei, como sei que estão nos gravando por satélite (as ligações), e disse: Zelaya, nos vemos em Nova York", afirmou Chávez.
Em outras oportunidades, o presidente venezuelano afirmou ter conhecimento de que o Departamento de Estado americano, por meio de sua agência de inteligência, intercepta seus telefonemas, razão pela qual utilizaria códigos para falar com membros de seu gabinete. "Zelaya decolou em um aviãozinho e aterrisou em uma cidade", para uma parada técnica, disse Chávez. Em seguida, "o avião decolou, mas sem o Zelaya e aqui (em Nova York) estavam esperando por ele", afirmou Chávez, em tom divertido, arrancando risos da platéia. Logo depois, acompanhado do presidente da Bolívia, Evo Morales, e do cineasta americano Oliver Stone, Chávez disse que Zelaya teria contado com a ajuda de "alguns militares" hondurenhos durante o trajeto até a chegada em Tegucigalpa.
Viagem - O presidente eleito de Honduras teria aterrissado no aeroporto internacional perto da capital salvadorenha, San Salvador, de acordo com informações de meios locais. O presidente do país, Maurício Funes, disse que Zelaya "não fez qualquer pedido através dos canais formais" para entrar no país e disse ignorar como seu colega entrou. Um fonte da chancelaria da Venezuela confirmou à BBC Brasil que era um avião venezuelano que transportava Zelaya. De El Salvador, segundo Chávez, Zelaya teria entrado em Honduras "por terra" dentro do porta-malas de um carro, acompanhado por outros três homens.
O presidente venezuelano disse ainda que monitorou a entrada de Zelaya em Honduras por meio de um telefone de satélite. Na segunda-feira, quando Zelaya retornou a Honduras, o líder venezuelano foi o primeiro em anunciar a notícia.
Apoio - Chávez disse que seu governo continuará apoiando a restituição de Zelaya ao poder. "Estamos apoiando e buscando maneiras para que Zelaya volte ao governo, não podemos aceitar esse golpe", disse. As outras duas tentativas de apoio do presidente venezuelano fracassaram. Uma semana depois da deposição do colega hondurenho, Chávez colocou um avião à disposição de Zelaya na sua primeira tentativa de retorno ao país. O avião, no entanto, foi impedido de aterrissar no aeroporto Toncontín, na capital hondurenha, Tegucigalpa. A pista de pouso foi bloqueada por soldados e veículos militares.
Na segunda tentativa de retorno do presidente eleito de Honduras, o governo interino, liderado por Roberto Micheletti, proibiu a chegada de milhares de simpatizantes de Zelaya à fronteira com a Nicarágua, onde o presidente deposto esperava reencontrar com seus correligionários para "uma entrada triunfal", como ele mesmo qualificou na ocasião. Na mesma época, no final de julho, Zelaya foi recebeu o apoio do chanceler venezuelano, Nicolas Maduro, que o acompanhou ao longo do dia na tentativa frustrada de entrar no país. Fonte: UOL
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