ELIO GASPARI
O deputado é candidato a algoz de Serra, tudo bem, mas não deve martirizar a si mesmo
TUDO INDICA que, se o deputado Ciro Gomes for candidato à Presidência da República, formará com Dilma Rousseff a velha dupla dos filmes policiais. O mau meganha azucrinará o tucano José Serra, enquanto a boa candidata, Dilminha, percorrerá o país com Nosso Guia, falando do Brasil de um novo tempo. É um ardil velho, mas legítimo, desde que Ciro Gomes respeite a inteligência alheia.
Assim como Lula, o tucano precisa de um adversário. Sete anos de pastor serviu Serra a Nosso Guia fazendo tudo, menos oposição, pois não serve a ele, mas à própria candidatura. Se em 2010 alguém exigir contas ao tucanato, todo mundo ganha. Ciro Gomes pretende esse papel, mas deve respeitar os fatos.
Ele disse o seguinte ao repórter Raymundo Costa: "O que o Serra fez quando o câmbio estava apreciado?"
Ótima pergunta. Entre 1994, quando foi lançado o Plano Real, e 1999, quando a economia brasileira foi à breca, o tucanato segurou o dólar numa faixa entre R$ 0,80 e R$ 1,20. Quando o governo capitulou, ele chegou a R$ 2. O câmbio valorizado importou a crise externa que começou na Ásia.
A pergunta de Ciro procede: "O que o Serra fez quando o câmbio estava apreciado?" Ele foi ministro do Planejamento de 1994 a 1995 e, publicamente, fez quase nada. Mesmo assim, não há no Brasil uma só alma honesta capaz de dizer que Serra defendeu o câmbio valorizado. Em 1997, quando o economista Gustavo Franco, pai dessa política, foi para a presidência do Banco Central, Serra respondeu a uma pergunta do senador Pedro Simon, que buscava sua opinião a respeito da escolha, dizendo o seguinte: "Peço a Vossa Excelência que ouça o meu silêncio".
O que o Serra fez quando o câmbio estava apreciado? Manteve a navalha na manga. Falou com o silêncio público e com uma gritaria de bastidores que, infelizmente, conta pouco.
Mas há outra pergunta: o que fez Ciro Gomes quando o câmbio estava apreciado?
Passados 15 anos, a informação parece nova: nada. É pior. Entre setembro de 1994 e janeiro de 1995 ele foi ministro da Fazenda.
Assumiu com o cambio apreciado e o dólar a R$ 0,80. Deixou o ministério com a moeda americana a R$ 0,84. Fazendo-se justiça ao deputado, no Ministério da Fazenda ele foi mais um animador do que um titular. Quem mandava no país era o grupo de sábios da ekipekonômica.
Eles deixaram o governo e foram felizes para sempre aninhando-se na banca.
Ciro Gomes poderia ter ficado quieto, mas cavalgou a ficção do dólar barato: diante de uma ameaça de aumento dos preços dos veículos por conta de um acordo entre trabalhadores e montadoras, baixou a alíquota dos carros importados de 35% para 25%. Um Renault Twingo ficou mais barato que um Corsa GL, e o Omega CD, mais caro que um BMW 318i. Mais: diante de um surto de alta nos preços, amparado no câmbio maluco, reduziu as restrições às importações pelo Correio. As mercadorias com valor inferior a US$ 100 ficaram livres de imposto de importação.
Acima de US$ 500 a alíquota baixou para 10%. Ficava mais barato comprar boas roupas no Brooks Brothers do que nas lojas Marisa.
Em novembro de 1994, quando um grupo de empresários foi ao Ministério da Fazenda para se queixar da apreciação do real, Ciro Gomes disse o seguinte: "Esqueçam o câmbio. Não falem mais disso".
Bom conselho para Ciro-2010.
O deputado é candidato a algoz de Serra, tudo bem, mas não deve martirizar a si mesmo
TUDO INDICA que, se o deputado Ciro Gomes for candidato à Presidência da República, formará com Dilma Rousseff a velha dupla dos filmes policiais. O mau meganha azucrinará o tucano José Serra, enquanto a boa candidata, Dilminha, percorrerá o país com Nosso Guia, falando do Brasil de um novo tempo. É um ardil velho, mas legítimo, desde que Ciro Gomes respeite a inteligência alheia.
Assim como Lula, o tucano precisa de um adversário. Sete anos de pastor serviu Serra a Nosso Guia fazendo tudo, menos oposição, pois não serve a ele, mas à própria candidatura. Se em 2010 alguém exigir contas ao tucanato, todo mundo ganha. Ciro Gomes pretende esse papel, mas deve respeitar os fatos.
Ele disse o seguinte ao repórter Raymundo Costa: "O que o Serra fez quando o câmbio estava apreciado?"
Ótima pergunta. Entre 1994, quando foi lançado o Plano Real, e 1999, quando a economia brasileira foi à breca, o tucanato segurou o dólar numa faixa entre R$ 0,80 e R$ 1,20. Quando o governo capitulou, ele chegou a R$ 2. O câmbio valorizado importou a crise externa que começou na Ásia.
A pergunta de Ciro procede: "O que o Serra fez quando o câmbio estava apreciado?" Ele foi ministro do Planejamento de 1994 a 1995 e, publicamente, fez quase nada. Mesmo assim, não há no Brasil uma só alma honesta capaz de dizer que Serra defendeu o câmbio valorizado. Em 1997, quando o economista Gustavo Franco, pai dessa política, foi para a presidência do Banco Central, Serra respondeu a uma pergunta do senador Pedro Simon, que buscava sua opinião a respeito da escolha, dizendo o seguinte: "Peço a Vossa Excelência que ouça o meu silêncio".
O que o Serra fez quando o câmbio estava apreciado? Manteve a navalha na manga. Falou com o silêncio público e com uma gritaria de bastidores que, infelizmente, conta pouco.
Mas há outra pergunta: o que fez Ciro Gomes quando o câmbio estava apreciado?
Passados 15 anos, a informação parece nova: nada. É pior. Entre setembro de 1994 e janeiro de 1995 ele foi ministro da Fazenda.
Assumiu com o cambio apreciado e o dólar a R$ 0,80. Deixou o ministério com a moeda americana a R$ 0,84. Fazendo-se justiça ao deputado, no Ministério da Fazenda ele foi mais um animador do que um titular. Quem mandava no país era o grupo de sábios da ekipekonômica.
Eles deixaram o governo e foram felizes para sempre aninhando-se na banca.
Ciro Gomes poderia ter ficado quieto, mas cavalgou a ficção do dólar barato: diante de uma ameaça de aumento dos preços dos veículos por conta de um acordo entre trabalhadores e montadoras, baixou a alíquota dos carros importados de 35% para 25%. Um Renault Twingo ficou mais barato que um Corsa GL, e o Omega CD, mais caro que um BMW 318i. Mais: diante de um surto de alta nos preços, amparado no câmbio maluco, reduziu as restrições às importações pelo Correio. As mercadorias com valor inferior a US$ 100 ficaram livres de imposto de importação.
Acima de US$ 500 a alíquota baixou para 10%. Ficava mais barato comprar boas roupas no Brooks Brothers do que nas lojas Marisa.
Em novembro de 1994, quando um grupo de empresários foi ao Ministério da Fazenda para se queixar da apreciação do real, Ciro Gomes disse o seguinte: "Esqueçam o câmbio. Não falem mais disso".
Bom conselho para Ciro-2010.
FALANDO EM CIRO GOMES
Os tucanos estão em desespero extremo. Como eles não tem plano de governo, projeto para um Brasil melhor, não foram eles que trouxeram para o Brasil a Copa 2014, as Olimpíadas 2016. Não foi a política econômica social deles que tirou milhões de pessoas da miséria, que gerou milhões de empregos e renda. O que resta a eles fazerem no desespero, além de inúteis CPIs para ganhar os holofotes da mídia? Como sempre eles tentam levar no tapetão, agora querem cassar o mandato do Ciro Gomes.
PSDB estuda meio para tirar mandato de Ciro
Tese é que, se há risco de cassação na troca de sigla, também deve haver para mudança de domicílio, já que Estado perde representante
Advogado de Ciro em 2002, Torquato Jardim afirma que "domicílio é requisito para a candidatura, não para o exercício do mandato"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O PSDB estuda instrumento legal para suspender o mandato do deputado federal Ciro Gomes (PSB). Sexta-feira, Ciro transferiu o domicílio eleitoral do Ceará, onde se elegeu deputado, para São Paulo, deixando aberta a hipótese de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.
Endossada pelo advogado Ricardo Penteado -responsável pela assessoria jurídica de campanhas do PSDB- a tese no tucanato é que, num momento em que a troca de partido já impõe risco de cassação, Ciro está sujeito à suspensão do mandato porque, com a transferência, o Ceará perdeu um representante na Câmara. Passou de 22 deputados para 21.
Tese é que, se há risco de cassação na troca de sigla, também deve haver para mudança de domicílio, já que Estado perde representante
Advogado de Ciro em 2002, Torquato Jardim afirma que "domicílio é requisito para a candidatura, não para o exercício do mandato"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O PSDB estuda instrumento legal para suspender o mandato do deputado federal Ciro Gomes (PSB). Sexta-feira, Ciro transferiu o domicílio eleitoral do Ceará, onde se elegeu deputado, para São Paulo, deixando aberta a hipótese de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.
Endossada pelo advogado Ricardo Penteado -responsável pela assessoria jurídica de campanhas do PSDB- a tese no tucanato é que, num momento em que a troca de partido já impõe risco de cassação, Ciro está sujeito à suspensão do mandato porque, com a transferência, o Ceará perdeu um representante na Câmara. Passou de 22 deputados para 21.
3 comentários:
Quanta ignorância!
Que maravilha a gente ver os tucanos acuados e com medo do Ciro Gomes, pois até então estavam certos de que qualquer um que se candidatasse pelo PSDB em São Paulo seria eleito, porém agora com o surgimento da possível candidatura do Ciro eles já não têm tanta confiança nos seus candidatos, e aí vai dar Ciro apoiado pelo PT e o LULA.
Veja essa, o tal do Gaspari criticando a propria estrategia dos demotucanos, muito utilizada na campanha 2006 onde eram todos contra LULA (HH, C.Buarque, Xuxu Alckimin...)
"TUDO INDICA que, se o deputado Ciro Gomes for candidato à Presidência da República, formará com Dilma Rousseff a velha dupla dos filmes policiais. O mau meganha azucrinará o tucano José Serra, enquanto a boa candidata, Dilminha, percorrerá o país com Nosso Guia, falando do Brasil de um novo tempo."
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