sábado, 24 de outubro de 2009

Contra Lula ou Obama, a mídia delira

“Acontece agora uma radicalização aberta, um embate em que a mídia dominante não tem mais espaço para esconder os interesses que representa, nem vergonha em se desfazer duma neutralidade que nunca existiu”
Márcia Denser*: A convivência do governo Lula com a grande mídia não tem sido nada fácil. Desde 2002 já se vão sete anos, e os ataques são tão constantes, tão previsíveis e sempre absurdamente os mesmos que já nos acostumamos a pular cotidianamente tais partes, botando sob suspeita simplesmente TUDO o que ela declara – tantos foram os exageros e desmentidos e besteiras e alucinações – enfim, o delírio que a direita elevou à categoria política. Previsivelmente, o governo democrata de Barak Obama recentemente foi atacado massivamente pelos ultra-radicais da direita norte-americana, contrária à reforma de saúde proposta por ele, tendo à frente o grupo Fox. Aliás, a nossa mídia saturou-se desse assunto esta semana, inclusive capa de Carta Capital: “A vida de Obama não tem sido nada fácil etc.” Lula que o diga, veterano dessa merda há sete anos.
Mas a defesa do livre mercado na saúde nos EUA é só a ponta do iceberg do ataque midiático. Embaixo se entrelaçam o fanatismo e o dinheiro da direita republicana, dentro e fora da mídia. Sua meta é desconstruir e imobilizar o sucessor de Bush. Não há muita diferença entre o que se passa nos EUA e a divisão de trabalho observada no Brasil, onde as rádios chutam o governo Lula abaixo da linha da cintura, os jornalões desgastam e “denunciam”, enquanto a Globo faz o seu habitual antijornalismo destinado a um público pretensamente e inteiramente constituído de idiotas.
Conforme observou Saul Leblon em Carta Maior, a repetição dos mesmos métodos e argumentos duma histérica mídia neoconservadora no mundo todo parece indicar um fenômeno de recorte histórico global. O fato é que o conservadorismo está encurralado após o fracasso econômico e político neoliberal. A falência dos mercados financeiros desregulados na maior crise do capitalismo desde 1930 já é reconhecida como um novo divisor histórico. Corroído na base de sua legitimidade pela falência de empresas, famílias e bancos, sem contar o recrudescimento do desemprego e da insegurança alimentar – inclusive nos países centrais –, o conservadorismo vê sua base social derreter. A radicalização do seu ‘braço midiático’ soa como uma tentativa derradeira de reverter o processo ainda nos marcos da democracia, desqualificando o adversário formado por partidos e governos progressistas. A radicalização é proporcional à ausência de um projeto conservador, uma vez que os neocon não têm, nem nunca tiveram, nada a oferecer à sociedade. Artigo completo.

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