sábado, 10 de outubro de 2009

Empresas espanholas veem Rio 2016 como grande oportunidade

BBC Brasil: Empresários da Espanha afirmam que escolha do Rio também foi comemorada em Madri. A escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016 desagradou a muitos espanhóis que torciam por Madri. Mas não a todos. Pelo menos 13 empresas espanholas já estão de olho na parte mais rentável da competição: preparar a infraestrutura exigida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Estradas, estrutura de transportes e telecomunicações, sistemas de segurança, reformas e construções das instalações olímpicas que deverão estar prontas em menos de sete anos. "Sem dúvida, para as grandes empresas espanholas, a eleição do Rio foi melhor do que teria sido Madri", disse à BBC Brasil o Diretor do Serviço de Estudos da Bolsa de Valores de Madri, Domingo García. "O Rio oferece mais oportunidades porque há muito mais para construir, e os empresários que já viam o Brasil como grande foco de negócios antes, agora com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos têm uma enorme via de investimentos", acrescentou.
'Vitória ou empate' - Analistas europeus acreditam que as empresas espanholas têm boas chances de sair na frente da concorrência internacional para conseguir contratos porque já estão estabelecidas no país. A Espanha é o segundo maior investidor mundial no Brasil, atrás dos Estados Unidos, desde os anos 90. Em 1998, 2000 e 2007 chegou a ser o primeiro investidor, concentrando capital nos setores de energia, telecomunicações e financeiro. "As empresas espanholas viram no Brasil um país em crescimento, com um potencial ilimitado muito antes dos Jogos Olímpicos. Esta relação vem amadurecendo há bastante tempo e deve dar um salto quantitativo agora", afirmou à BBC Brasil o Diretor de Análises para a América Latina da consultora Inverseguros, Alberto Roldán. "Eu até apostaria que muitos empresários espanhóis comemoraram a eleição do Rio com champanhe. Porque para eles esta decisão Madri x Rio (eleição do COI) significava ou vitória ou empate."
Centenas de milhões de euros -
Eu até apostaria que muitos empresários espanhóis comemoraram a eleição do Rio com champanhe. Porque para eles esta decisão Madri x Rio (eleição do COI) significava ou vitória ou empate. Alberto Roldán, diretor de Análises para a América Latina da consultora Inverseguros. Apenas no capítulo de infraestrutura, todas as cifras de contratos (ainda em fase de licitação) superam as centenas de milhões euros. Para a companhia espanhola de engenharia Amper, responsável pelos projetos de ampliação do metrô carioca, a escolha da sede olímpica foi "uma fantástica e esperada notícia", respondeu à BBC Brasil a assessoria de comunicação. Os números da empresa no Brasil justificam o entusiasmo. Em 2008, o mercado brasileiro proporcionou 31,7% do lucro total da companhia. Comparado com o metrô de Madri, o do Rio precisa de quase tudo. O da capital espanhola, que tem 6,5 milhões de habitantes, tem 12 linhas e 293 estações. A rede carioca possui duas linhas e 33 estações para sete milhões de habitantes.
Bancos e telecomunicações - Não foi à toa que a escolha do Rio como sede olímpica teve impacto positivo na Bolsa de Valores de Madri. Os valores das companhias com investimentos no Brasil dispararam logo após a eleição do COI. Para ao menos sete grandes companhias espanholas, o mercado brasileiro já é a segunda fonte de lucro, superada apenas pelas matrizes. Os maiores grupos, como o Banco Santander e a Telefônica, tiveram, respectivamente, 18% e 15% do lucro de 2008 provenientes das sucursais brasileiras. Para a espanhola OHL, que desde 2007 é a maior concessionária estrangeira de rodovias no Brasil (administrando 2.078 km de estradas) os jogos de 2016 deixam o país "na linha de prioridades absolutas", como descreveu à BBC Brasil o Diretor Geral de Desenvolvimento de OHL Concessões, Sergio Merino. "Não é uma questão de correr para tentar abarcar tudo, mas de segmentar e aproveitar as oportunidades de negócio. Nos últimos dois anos, 93% dos nossos investimentos foram para a América Latina, a maior parte para o mercado brasileiro." "O momento agora é outro e ainda mais importante. A Copa do Mundo e as Olimpíadas estão próximas e, se nos deixarem, queremos estar nesta corrida olímpica."
Segurança - Além do setor de infraestrutura os empresários também estão de olho na polêmica questão da segurança. A Prosegur que lucrou 350 milhões de euros no Brasil em 2008 (17% do resultado global), duplicou os investimentos em 2009, espera multiplicar a atuação no mercado nacional durante a Olimpíada. "Estes Jogos Olímpicos podem ajudar a reforçar nossa posição no Brasil. Gostaríamos de fazer parte do sistema de segurança dos Jogos, mas também temos a intenção de chegar para ficar", disse à BBC Brasil o Diretor de Operações, Carlos Valenciano. Como espanhol, a decepção é inevitável porque Madri merecia ganhar. Mas para nós esta vitória sul-americana significa muito. É um sinal de um novo tempo, uma nova ordem e é bom para nossas empresas. José Blanco, ministro do Fomento da Espanha Já a companhia aérea Iberia, primeira do ranking mundial em número de voos e passageiros entre a América Latina e a Europa, espera quadruplicar em 2016 a cifra de clientes que viajaram ao Rio durante os Jogos Pan-Americanos de 2007 (500 mil passageiros). A expectativa dos empresários espanhóis com a Olimpíada brasileira é tanta que até o governo reconheceu que foi bom negócio, apesar da derrota de Madri. "Como espanhol, a decepção é inevitável porque Madri merecia ganhar. Mas para nós esta vitória sul-americana significa muito. É um sinal de um novo tempo, uma nova ordem e é bom para nossas empresas", disse o ministro do Fomento, José Blanco depois da eleição do COI. "Desejamos sorte ao Rio e lhe parabenizamos. Espero estar lá para ver estes jogos. Mas uma coisa: antes vamos jogar a final da Copa e ganhar na casa deles. Vai ser outro maracanazo."

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