"Nenhum comício político terá a mesma força e apelo do filme 'Lula o filho do Brasil'", opina jornalista
Vitor Hugo Soares: De Salvador (BA): Está prontinho da silva o que deverá ser uma das pedras de toque da campanha presidencial de 2010. Falo do filme "Lula, o filho do Brasil", que abrirá o 42º Festival de Cinema de Brasília, mês que vem. Em janeiro de 2010 entrará no circuito das casas exibidora do país, a superprodução dirigida por Fabio "Quatrilho" Barreto. Um "trailer oficial", porém, já está disponibilizado pelo You Tube e começa a invadir sites, blogs e portais da Web. Um aperitivo e tanto para a grita e polêmica que seguramente virão ainda antes do longa metragem chegar à telona e às telinhas.
A oposição, aparentemente, ainda não teve tempo de dar uma olhada no trailer. Perde tempo, mais uma vez. Demora a perceber que o estrago que a "odisséia" filmada de Lula irá provocar nos planos do PSDB, DEM e aliados de emplacar o sucessor do atual ocupante do Palácio do Planalto, deverá ser maior que o causado pelo recente périplo presidencial ao longo de três estados (MG, BA, PE), ao longo das barrancas do Velho Chico.
Passei parte da infância em uma cidadezinha baiana na região do chamado Polígono da Seca no Nordeste, de nome Macururé. Por dentro da cidade passava a rodovia Transnordestina, coalhada nos anos 50 (da minha meninice) de caminhões paus-de-arara, que paravam nas pensões da beira da estrada do lugar, antes de seguir a longa travessia até São Paulo. O lugar era então passagem obrigatória das multidões pobres e famintas que migravam em ondas humanas do Nordeste para Sul. Eram como páginas vivas no Brasil dos tempos amargos da depressão nos Estados Unidos, que John Steinbeck descreve de forma tão pungente no romance "Vinhas da Ira", transposto para a tela no magistral e premiado filme de John Ford.
É verdade que - sem demérito para o diretor brasileiro - há uma larga distância entre Ford e Barreto. Mas, ainda assim, imagino o impacto que as cenas do enredo e as imagens de "Lula, o filho do Brasil" irão causar em Macururé quando por lá for exibido o filme, em pleno período da campanha eleitoral de 2010. Nenhum comício político, por maior que seja, terá a mesma força e apelo. O problema, dirão alguns, será transformar a emoção da tela em voto em quem Lula indicar na campanha. Mas isso é outra história."E cada coisa a seu tempo', dirão os marqueteiros e responsáveis pela campanha.
Até onde estou informado, o desejo dos produtores (e da turma do governo) é que o filme passe não apenas nas cidades nordestinas de onde saíam ou por onde passavam os paus-de-arara levando gente fugida da seca para o Sul. O filme, por iniciativa dos seus realizadores - com uma mãozinha de políticos e candidatos oficiais - deverá ter exibição pública em cada praça de cidades de todas as regiões, mesmo naquelas onde não existe uma sala exibidora sequer. Há quem diga que até o ministério da Cultura participará do esforço de disseminação do filme país afora. Algo ainda a conferir depois de janeiro, pois tudo pode não passar de "esperneio de gente dos tucanos e do DEM", como "o povo do governo" diz na Bahia.
O trailer disponibilizado no You Tube é longo e detalhado. "Quase o resumo do filme inteiro", como registra um expectador na área de comentários do portal de vídeos. As cenas mais fortes e emblemáticas constam praticamente todas neste resumo: o nascimento do menino saído de parto com dor do ventre de dona Lindu (Glória Pires), matriarca da família Silva. Esta, ameaçada de surra no meio da rua pelo pai beberrão e dominador, enquanto se agarra com o filho Luis, que o marido quer à força mandar para a roça antes da escola. A reação (também pública) do filho diante da tentativa do pai bater na mãe.
Em seguida, a fuga da família na carroceria do caminhão, enquanto dona Lindu grita para o filho: "Se segura, Luís!". E vem São Paulo e as primeiras perdas: a cena no hospital público onde o médico lhe comunica a perda ao mesmo tempo do primeiro filho e da primeira mulher. Depois a perda do dedo no torno da siderúrgica, mas também as primeiras conquistas nas lutas sindicais históricas dos metalúrgicos do ABC em plena ditadura. A conquista de Marisa. A prisão. O começo da ascensão política. E mais não conto para não tirar a graça do futuro espectador interessado na obra. O que posso adiantar é que outro barulhão está à vista desde já, a deduzir por três comentários recolhidos aleatoriamente no You Tube.
"Grande, Lula? Getúlio Vargas, esse sim merecia um filme". (Felipaum Camargo) "Será que vai falar do mensalão?" (Isb). "O filme é sobre o Lula e não sobre os políticos envolvidos no mensalão. Se souber de algum envolvimento do mesmo (Lula) no mensalão favor avisar às autoridades e não postar aqui comentários sem um pingo de conhecimento sobre política, baseado apenas em reportagens da Veja". (Alceu). Isso é só o trailer. Imaginem quando "Lula, o filho do Brasil" entrar para valer na campanha de 2010. A conferir! Terra Magazine
Vitor Hugo Soares: De Salvador (BA): Está prontinho da silva o que deverá ser uma das pedras de toque da campanha presidencial de 2010. Falo do filme "Lula, o filho do Brasil", que abrirá o 42º Festival de Cinema de Brasília, mês que vem. Em janeiro de 2010 entrará no circuito das casas exibidora do país, a superprodução dirigida por Fabio "Quatrilho" Barreto. Um "trailer oficial", porém, já está disponibilizado pelo You Tube e começa a invadir sites, blogs e portais da Web. Um aperitivo e tanto para a grita e polêmica que seguramente virão ainda antes do longa metragem chegar à telona e às telinhas.
A oposição, aparentemente, ainda não teve tempo de dar uma olhada no trailer. Perde tempo, mais uma vez. Demora a perceber que o estrago que a "odisséia" filmada de Lula irá provocar nos planos do PSDB, DEM e aliados de emplacar o sucessor do atual ocupante do Palácio do Planalto, deverá ser maior que o causado pelo recente périplo presidencial ao longo de três estados (MG, BA, PE), ao longo das barrancas do Velho Chico.
Passei parte da infância em uma cidadezinha baiana na região do chamado Polígono da Seca no Nordeste, de nome Macururé. Por dentro da cidade passava a rodovia Transnordestina, coalhada nos anos 50 (da minha meninice) de caminhões paus-de-arara, que paravam nas pensões da beira da estrada do lugar, antes de seguir a longa travessia até São Paulo. O lugar era então passagem obrigatória das multidões pobres e famintas que migravam em ondas humanas do Nordeste para Sul. Eram como páginas vivas no Brasil dos tempos amargos da depressão nos Estados Unidos, que John Steinbeck descreve de forma tão pungente no romance "Vinhas da Ira", transposto para a tela no magistral e premiado filme de John Ford.
É verdade que - sem demérito para o diretor brasileiro - há uma larga distância entre Ford e Barreto. Mas, ainda assim, imagino o impacto que as cenas do enredo e as imagens de "Lula, o filho do Brasil" irão causar em Macururé quando por lá for exibido o filme, em pleno período da campanha eleitoral de 2010. Nenhum comício político, por maior que seja, terá a mesma força e apelo. O problema, dirão alguns, será transformar a emoção da tela em voto em quem Lula indicar na campanha. Mas isso é outra história."E cada coisa a seu tempo', dirão os marqueteiros e responsáveis pela campanha.
Até onde estou informado, o desejo dos produtores (e da turma do governo) é que o filme passe não apenas nas cidades nordestinas de onde saíam ou por onde passavam os paus-de-arara levando gente fugida da seca para o Sul. O filme, por iniciativa dos seus realizadores - com uma mãozinha de políticos e candidatos oficiais - deverá ter exibição pública em cada praça de cidades de todas as regiões, mesmo naquelas onde não existe uma sala exibidora sequer. Há quem diga que até o ministério da Cultura participará do esforço de disseminação do filme país afora. Algo ainda a conferir depois de janeiro, pois tudo pode não passar de "esperneio de gente dos tucanos e do DEM", como "o povo do governo" diz na Bahia.
O trailer disponibilizado no You Tube é longo e detalhado. "Quase o resumo do filme inteiro", como registra um expectador na área de comentários do portal de vídeos. As cenas mais fortes e emblemáticas constam praticamente todas neste resumo: o nascimento do menino saído de parto com dor do ventre de dona Lindu (Glória Pires), matriarca da família Silva. Esta, ameaçada de surra no meio da rua pelo pai beberrão e dominador, enquanto se agarra com o filho Luis, que o marido quer à força mandar para a roça antes da escola. A reação (também pública) do filho diante da tentativa do pai bater na mãe.
Em seguida, a fuga da família na carroceria do caminhão, enquanto dona Lindu grita para o filho: "Se segura, Luís!". E vem São Paulo e as primeiras perdas: a cena no hospital público onde o médico lhe comunica a perda ao mesmo tempo do primeiro filho e da primeira mulher. Depois a perda do dedo no torno da siderúrgica, mas também as primeiras conquistas nas lutas sindicais históricas dos metalúrgicos do ABC em plena ditadura. A conquista de Marisa. A prisão. O começo da ascensão política. E mais não conto para não tirar a graça do futuro espectador interessado na obra. O que posso adiantar é que outro barulhão está à vista desde já, a deduzir por três comentários recolhidos aleatoriamente no You Tube.
"Grande, Lula? Getúlio Vargas, esse sim merecia um filme". (Felipaum Camargo) "Será que vai falar do mensalão?" (Isb). "O filme é sobre o Lula e não sobre os políticos envolvidos no mensalão. Se souber de algum envolvimento do mesmo (Lula) no mensalão favor avisar às autoridades e não postar aqui comentários sem um pingo de conhecimento sobre política, baseado apenas em reportagens da Veja". (Alceu). Isso é só o trailer. Imaginem quando "Lula, o filho do Brasil" entrar para valer na campanha de 2010. A conferir! Terra Magazine
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