sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O reconhecuimento bolivariano

Lula chegou como Cristo anunciando o Mercosul, diz Chávez
BBC Brasil a El Tigre (Venezuela): O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse nesta sexta-feira que seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou ao país "como Cristo" ao anunciar "a boa nova" da aprovação preliminar do ingresso da Venezuela no Mercosul. "Lula veio como Cristo anunciando o Evangelho. Só faltou o cabelo comprido", disse Chávez. "Anunciando a boa nova da decisão da Comissão de Relações Exteriores. Saúdo a todos os senadores."
Lula chegou à Venezuela na quinta-feira, pouco depois de a Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro ter aprovado a adesão da Venezuela ao Mercosul. A entrada do país no bloco ainda precisa ser votada pelo plenário do Senado. "Nossa expectativa, lá no horizonte, é positiva", disse Chávez. "Eu considero do ponto de vista econômico, moral, político e territorial que a Venezuela já é parte do Mercosul. Faltam esses passos, que são próprios de cada país."
Ritmo paraguaio - Para se tornar membro integral do Mercosul, a Venezuela precisa ter sua adesão aprovada pelos quatro países integrantes do bloco. Argentina e Uruguai já ratificaram o protocolo de adesão. O Paraguai espera a decisão do Brasil para votar. "O Paraguai tem seu próprio ritmo. Acredito que mais cedo que tarde nós conseguiremos (que o Paraguai aprove), porque isso beneficia a todos, criar um grande mercado no Sul", afirmou o presidente venezuelano. Chávez disse que mesmo aqueles que se opuseram ao ingresso de seu país no bloco "devem reconhecer que é de interesse de todos que a Venezuela entre no Mercosul", citando o fato de o país ter uma das maiores reservas de petróleo e de gás do mundo.
A adesão da Venezuela ao Mercosul provocou polêmica no Congresso brasileiro. Opositores da entrada do país no bloco afirmavam que o governo de Chávez deixa a desejar em relação ao respeito aos princípios democráticos. Questionado sobre essas críticas, Chávez disse que a Venezuela é um país "em plena democracia, com plena liberdade de expressão". "Aqui, ninguém acredita nesses contos de Chávez ditador, de perseguição contra jornalistas", afirmou.
Dilma - O presidente venezuelano disse que a visita do colega brasileiro "é histórica", porque ele está acompanhado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Ele vem com a Dilma. E vocês sabem o peso que a Dilma tem, a trajetória da Dilma", disse. Chávez também voltou a manifestar apoio a uma candidatura da ministra à Presidência. "A próxima presidente do Brasil será a Dilma. Escrevam, podem escrever. Eu não me meto nisso diretamente, mas é o que me diz esse coração." O líder venezuelano disse ainda lamentar "que Lula se vá" do poder ao final de seu mandato. "E eu sei que muitos no Brasil lamentam. Por que quando um presidente está fazendo bem tem que ir?" Os dois presidentes participaram de um jantar na quinta-feira, em que Chávez disse ter cantado "Parabéns a você" e servido bolo para Lula, que fez aniversário no último dia 27.
Colômbia - O presidente venezuelano também voltou a afirmar que está "preocupado" com o acordo assinado nesta sexta-feira entre a Colômbia e os Estados Unidos, que dá a tropas americanas acesso a sete bases colombianas. "É preocupante que os Estados Unidos e sua máquina de guerra, e seus homens para a guerra, estejam aí na fronteira venezuelana", disse. "Acredito que é uma ameaça não só para a Colômbia. Esses militares ianques têm impunidade, já houve casos de violações em que não foi possível fazer nada, porque são imunes." Chávez participa nesta sexta-feira, ao lado de Lula, da abertura da colheita da safra de soja produzida em cooperação com a Embrapa, no município de El Tigre. O líder venezuelano também confirmou a assinatura de um acordo de associação entre as estatais petroleiras PDVSA e Petrobras para a criação da empresa mista que deverá operar na refinaria Abreu e Lima.

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