Mauricio Dias: Eventuais leitores desta coluna já leram, por aqui, a história da missão que o presidente Lula entregou ao ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, de conversar com os “Barões da Mídia” brasileira que reagiram ao programa Bolsa Família tão logo ele foi implantado, em outubro de 2003. Patrus rodou jornais e revistas e levou a conclusão a Lula: consideram que o governo investe demais em programas sociais. O Globo é a expressão mais definida dessa visão. Para isso é capaz de deformar fatos para ludibriar o leitor, como fez na reportagem que, no domingo 25, sustentou a manchete do jornal: “Bolsa Família inibe expansão do emprego formal no interior”.
Não se exige perícia para tirar do próprio texto da reportagem o desmentido da manchete. Na página 3, espaço nobre do jornal, é possível fazer a dissecação da mentira. Eis o flagrante do delito, recolhido no quarto parágrafo: “A precariedade do emprego formal nessas cidades – municípios pobres, com população abaixo de 30 mil habitantes – não tem relação direta com a concessão do Bolsa Família”. Em seguida, mais um contraste entre texto e manchete:
“A maioria das lojas não assina carteira”, diz a reportagem.
Em vez de ser a condenação do Bolsa Família, esse é, ao contrário, um dos aspectos da crueldade da parcela do patronato tupiniquim que ainda resiste em pagar o salário mínimo exigido por lei, em vigor desde 1940. É prática de exploração de mão de obra barata no Nordeste do País. Os empregadores não assinam a carteira de trabalho que tira o emprego da informalidade. Evitam, assim, pagar o mínimo que a lei exige em todo o País. Inclusive, em Presidente Vargas, no Maranhão, cenário real da ficção criada por O Globo. O nome da cidade homenageia Getúlio Vargas, o presidente que consolidou as Leis do Trabalho (CLT), como lembra a reportagem em raro momento de fidelidade.
Por displicência ou má-fé, a reportagem não informa o leitor sobre as bases de funcionamento do programa. Eis um resumo: Benefício Básico: 68 reais (famílias com renda mensal por pessoa de até 70 reais, independentemente do número de crianças ou adolescentes na família). Benefício Variável: 22 reais (famílias com renda mensal por pessoa de até 140 reais com crianças ou adolescentes de até 15 anos. Cada família pode receber até três benefícios, o que totaliza 66 reais). Benefício Variável Jovem: 33 reais (famílias com renda mensal por pessoa de até 140 reais com crianças ou adolescentes de até 15 anos. Cada família pode receber até dois benefícios, o que totaliza 66 reais).
O programa alcança mais de 12 milhões de pessoas e os benefícios são cumulativos. Com isso, cada família poderá receber de 22 a 200 reais. O benefício médio é de 95 reais. Modestíssimo para muitos. Fundamental para quem enfrenta a miséria. Esse valor é a mola mestra da redução da pobreza no Brasil, entre 2003 e 2008, segundo cálculos da Fundação Getulio Vargas. Quase 20 milhões de pessoas superaram a condição de pobreza no período cujo impacto provocou queda de 17% na desigualdade social nos últimos cinco anos. Diante do princípio profissional que estabelece como dever primordial informar o leitor corretamente, a reportagem de O Globo é um atestado de óbito do jornalismo. CartaCapital
“A maioria das lojas não assina carteira”, diz a reportagem.
Em vez de ser a condenação do Bolsa Família, esse é, ao contrário, um dos aspectos da crueldade da parcela do patronato tupiniquim que ainda resiste em pagar o salário mínimo exigido por lei, em vigor desde 1940. É prática de exploração de mão de obra barata no Nordeste do País. Os empregadores não assinam a carteira de trabalho que tira o emprego da informalidade. Evitam, assim, pagar o mínimo que a lei exige em todo o País. Inclusive, em Presidente Vargas, no Maranhão, cenário real da ficção criada por O Globo. O nome da cidade homenageia Getúlio Vargas, o presidente que consolidou as Leis do Trabalho (CLT), como lembra a reportagem em raro momento de fidelidade.
Por displicência ou má-fé, a reportagem não informa o leitor sobre as bases de funcionamento do programa. Eis um resumo: Benefício Básico: 68 reais (famílias com renda mensal por pessoa de até 70 reais, independentemente do número de crianças ou adolescentes na família). Benefício Variável: 22 reais (famílias com renda mensal por pessoa de até 140 reais com crianças ou adolescentes de até 15 anos. Cada família pode receber até três benefícios, o que totaliza 66 reais). Benefício Variável Jovem: 33 reais (famílias com renda mensal por pessoa de até 140 reais com crianças ou adolescentes de até 15 anos. Cada família pode receber até dois benefícios, o que totaliza 66 reais).
O programa alcança mais de 12 milhões de pessoas e os benefícios são cumulativos. Com isso, cada família poderá receber de 22 a 200 reais. O benefício médio é de 95 reais. Modestíssimo para muitos. Fundamental para quem enfrenta a miséria. Esse valor é a mola mestra da redução da pobreza no Brasil, entre 2003 e 2008, segundo cálculos da Fundação Getulio Vargas. Quase 20 milhões de pessoas superaram a condição de pobreza no período cujo impacto provocou queda de 17% na desigualdade social nos últimos cinco anos. Diante do princípio profissional que estabelece como dever primordial informar o leitor corretamente, a reportagem de O Globo é um atestado de óbito do jornalismo. CartaCapital
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