terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Título e o Corpo de um Texto Jornalístico

Rafael Sampaio, R7: A Polícia Rodoviária Federal encontrou 52 caixas de papelão onde eram transportadas provas do Enade (exame que substituiu o Provão na avaliação das universidades), no sul do Rio de Janeiro. As caixas estavam sem lacre e sem condições de segurança, afirma a polícia. Segundo agentes policiais, as caixas estavam sendo levadas em uma caminhonete F250 por dois homens. Eles são funcionários da Consulplan, empresa contratada para a produção e aplicação do exame. A nota fiscal apresentada pelos homens dizia que estavam sendo levados cartões de respostas, mas as caixas continham cadernos com questões do Enade, diz a polícia. A prova do Enade será aplicada em 8 de novembro de novembro para alunos de 22 cursos de graduação e tecnológicos, como administração, psicologia e direito.

As provas foram encontradas no município de Três Rios, no sul do Estado do Rio. Elas estavam sendo levadas de São Paulo para Muriaé, em Minas Gerais, segundo a polícia. [...] (Portal R7)Sempre me pergunto, efetivamente, se há mau-caratismo má-fé incompetência na produção jornalística de determinados profissionais da informação. Evidente que a ingenuidade ficou pra trás quando a blogosfera era o nada. Agora, o espaço reservado à mídia alternativa, combativa e que faz análises cuja base está na investigação e na leitura crítica e atenta a qual culmina com a desmistificação daquilo que noticia a grande mídia corporativa e defensora dos interesses de uma elite mesquinha, o forró é diferente. Não se pode mais admitir, sem uma intervenção diuturna e incessante, o descaramento com que certos jornalistas produzem suas matérias a partir da subordinação a uma linha editorial maquiadora dos fatos. A saída para a Blogosfera (e isso tem sido feito!) é denunciar as facetas desses ditos textos jornalísticos.

Vejamos, por exemplo, o titulo da matéria veiculada pelo jornalista (creio que seja, assinou a matéria) Rafael Sampaio, do portal R7:
Polícia Rodoviária Federal encontra caixas sem lacre com provas do Enade no sul do Rio Atentemos, agora, para fragmentos do corpo textual (em destaque) que dá suporte discursivo a tal título:
Outro lado
[...] O MEC (Ministério da Educação) afirma que as caixas continham provas especiais para pessoas com deficiência que estavam sendo levadas para receberem empacotamento final
. Segundo a Consulplan, as caixas estavam lacradas e foram abertas pelos policiais para confirmação de conteúdo.
Os funcionários que levavam as provas eram credenciados para o transporte, afirma a empresa.
Após o esclarecimento da ocorrência, as provas estão sendo enviadas novamente para o município mineiro.
A Consulplan afirma que ocorria um "procedimento de rotina" com o transporte do Enade.
Apenas quatro caixas transportadas continham provas - as demais traziam folhas de respostas que "não eram de cunho sigiloso", segundo a empresa. O MEC afirma que eram 32 e não 52 as caixas transportadas [...]. Como assim?!?! O jornalista evidencia o "OUTRO LADO", mas emite, no título, valor de juízo com sintoma de verdade incontestável: as caixas, com a prova do ENADE, estavam sem lacre! O próprio corpo do texto, no qual se verifica a defesa do MEC e da própria Consulplan, não dá margens para que o tal título sirva como chamada para a reportagem ou a notícia ou o que diabos queria chamar o jornalista que a produziu. Do Blog Terra Brasilis

Um comentário:

O TERROR DO NORDESTE disse...

Professor, a GROBO disse a mesma coisa desse sabujo.