BRASÍLIA (Reuters) - Com medo de perder o dote e o padre, o PMDB dará nesta terça-feira os primeiros passos para formalizar um pré-acordo em torno da candidatura de Dilma Rousseff (PT) ao Planalto em 2010. Um jantar da cúpula nacional da legenda marcará o primeiro passo para celebrar esse noivado, cujo anúncio oficial pode estar mais próximo do que se imagina: até novembro. A decisão de acelerar as negociações de uma chapa presidencial conjunta veio do temor de não ter o popular presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos palanques regionais do PMDB e de perder a já cobiçada vaga de vice ao lado da ministra da Casa Civil. "O partido está trabalhando internamente a discussão de 2010", disse à Reuters o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (SP), presidente licenciado da agremiação. Um pré-acordo, avaliam integrantes peemedebistas, balisaria os Estados. Até dias atrás, o partido sustentava com obstinação que qualquer entendimento para 2010 deveria passar pela definição de alianças locais com o PT. Diante das dificuldades em celebrar esses matrimônios, a lógica acabou se invertendo. Foi o próprio Temer quem verbalizou a mudança tática, urgindo para um acordo eleitoral ainda este ano. No encontro desta noite, oferecido pelo do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), o PMDB traçará um plano para formalizar esse compromisso com o governo. A cúpula deve comparecer em peso, de senadores e ministros aos presidentes da Câmara e Senado. Segundo uma fonte do partido, Michel Temer --cotado para assumir a vaga de vice na chapa da ministra-- já conversou com Lula a respeito durante viagem a Copenhague, na Dinamarca, na semana passada e informou que irá preparar as bases da união. Tradicionalmente dividida, a legenda tem em suas fileiras alas que defendem o apoio a Dilma e outras que intercedem por uma aliança com o PSDB do governador de São Paulo, José Serra, também pré-candidato. Orestes Quércia, presidente do diretório paulista, é defensor da parceria com os tucanos. No encontro de mais tarde, serão definidos o cenário, os personagens e a mensagem que o PMDB dará quando anunciar o compromisso. "Vamos preparar a foto (do anúncio) e mostrar a força dentro do partido para fazer a aliança em 2010. O jantar de hoje é o primeiro passo", disse a fonte. Apesar de tantos esforços e antecipações, a arena final será a convenção peemedebista no meio do ano que vem. Ganhará o grupo que formar maioria primeiro. Até lá, vale a velha máxima: no PMDB, nada é certo até acontecer.
O PATRIMÔNIO LULA - Apesar de uma mudança tática, pacificar PT e PMDB nos Estados ainda é um passo fundamental para garantir apoio ao projeto da aliança nacional.
Nos casos onde houver racha, candidatos do PMDB não querem abrir mão de ter Lula em seus palanques. O partido avalia que parte do seu sucesso na eleição municipal de 2008, quando elegeu mais de 1.200 prefeitos, se deve à ajuda do presidente. Diversos candidatos não querem perder esse patrimônio em 2010 para um concorrente petista local. Nos planos peemedebistas, fica assim: onde houver disputa com o PT, Lula pisaria nos dois palanques. Dilma, por consequência, também teria território duplo para navegar. Diversos expoentes peemedebistas, entre eles o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) --pré-candidato ao governo da Bahia contra ao projeto de reeleição do petista Jaques Wagner--, manifestaram o receio de não poder usar a imagem do presidente da República, com popularidade superior a 80 por cento. Soma-se a isso o temor de que o governo seja levado a uma aliança formal com outro partido. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), por exemplo, é sempre mencionado nas cotações.
O PATRIMÔNIO LULA - Apesar de uma mudança tática, pacificar PT e PMDB nos Estados ainda é um passo fundamental para garantir apoio ao projeto da aliança nacional.
Nos casos onde houver racha, candidatos do PMDB não querem abrir mão de ter Lula em seus palanques. O partido avalia que parte do seu sucesso na eleição municipal de 2008, quando elegeu mais de 1.200 prefeitos, se deve à ajuda do presidente. Diversos candidatos não querem perder esse patrimônio em 2010 para um concorrente petista local. Nos planos peemedebistas, fica assim: onde houver disputa com o PT, Lula pisaria nos dois palanques. Dilma, por consequência, também teria território duplo para navegar. Diversos expoentes peemedebistas, entre eles o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) --pré-candidato ao governo da Bahia contra ao projeto de reeleição do petista Jaques Wagner--, manifestaram o receio de não poder usar a imagem do presidente da República, com popularidade superior a 80 por cento. Soma-se a isso o temor de que o governo seja levado a uma aliança formal com outro partido. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), por exemplo, é sempre mencionado nas cotações.
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