segunda-feira, 16 de novembro de 2009

ENTREVISTA: VEREADOR ACRÍSIO SENA (PT)

Quem é o líder da Prefeita Luizianne Lins na Câmara Municipal de Fortaleza? Fale um pouco da tua trajetória até se tornar vereador pelo Partido dos trabalhadores?

Acrísio Sena: Sou um filho de Fortaleza que ama esta cidade e este Estado. Nasci aqui, e vivi desde cedo na periferia da cidade. Lá comecei a compreender o mundo e seus desafios. Participei do movimento popular de bairro e no início da década de 80 entrei para o movimento sindical. Fui dirigente sindical e presidente da CUT no estado do Ceará. Depois, cursei e fui formado em História pela Universidade Estadual do Ceará, em seguida, fiz mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará. Em 2008, fui eleito vereador de Fortaleza com mais de 9 mil votos e escolhido pela prefeita Luizianne Lins para coordenar a bancada do governo na Câmara Municipal, o que muito me honra. Temos realizado um mandato popular e coletivo que procura, principalmente, ouvir e dar voz às pessoas excluídas socialmente e que tem apostado na construção de uma cidade mais justa e que cresça de forma sustentável.

Você disse recentemente que os partidos que fazem oposição a prefeita de Fortaleza tem MIOPIA POLÍTICA. No cenário nacional, também diria a mesma coisa em relação ao PSDB, DEM e PPS que faz oposição ao Governo Lula?

Acrísio Sena: É, parece que este mal não é exclusividade dos opositores da prefeita Luizianne Lins. Nacionalmente, os parlamentares e dirigentes destes partidos repetem o mesmo modus operandi dos daqui. Caem em críticas pontuais, rasteiras e, na maioria das vezes, desprovidas de fundamento. Procuram construir isso com factóides para pautarem a grande imprensa. Mas isso é compreensível. Estes setores ou não tem propostas claras para a cidade e para o país ou se escondem, com medo de mostrar a verdadeira cara. O PPS, por exemplo, tem afirmado que a política de Serra não será a mesma de FHC; e foram claramente desmentidos pelo próprio FHC e por Tasso Jereissati. Portanto, uns não têm projetos e outros morrem de medo de dizer o que querem fazer no País. Resta então o que: viver de factóides.

A Ministra Dilma Rousseff receberá nesse mês (novembro) o Título de Cidadão de Fortaleza, cujo Requerimento foi de sua autoria. O vereador de oposição Dr. Ciro (PTC) questionou que Vossa Excelência não assinaria o Requerimento dando o mesmo Título ao tucano José Serra. Que história é essa?

Acrísio Sena: Fiz esta proposição porque reconheço na ministra Dilma Rousseff uma pessoa pública que tem dado enorme contribuição ao desenvolvimento de Fortaleza. Basta ver para isso os números do PAC em Fortaleza e a contribuição fundamental dela para que obras públicas fossem realizadas em nossa capital. Já com relação ao governador paulista José Serra, não vejo nele este mesmo empenho. Portanto, não é questão de estreitismo político, como fez querer parecer o vereador Ciro, mas de um posicionamento racional e justo como retribuição a uma personalidade política que tem ajudado Fortaleza, o Ceará e o Brasil.

Em 2004, o cenário era crítico para a então Deputada Estadual Luizianne Lins (PT) para disputar as eleições municipais de Fortaleza. Ela venceu todos os obstáculos e preconceitos e se tornou a segunda petista a ser eleita prefeita de Fortaleza. A possível candidata do PT e da Base Aliada do Governo Lula, a Ministra Dilma Rousseff também vem enfrentando os mesmos obstáculos? O eleitorado amadureceu para eleger a primeira mulher presidente do Brasil?

Acrísio Sena: Há 30 anos, tínhamos uma ditadura no País. NÃO ENTENDI ESSA FRASE: A luta do nosso povo vem os militares e a direita mais reacionária abandonar a idéia de mantê-la. (SUGIRO: A luta dos movimentos sociais forçou os militares e a direita reacionária a abandonar a idéia de mantê-la) De lá para cá, evoluímos em nossas instituições democráticas e o povo amadureceu. Chegamos, então, à eleição de um operário de tradição de esquerda. O presidente Lula está realizando um governo que tem mudado o País em todos os sentidos. Por outro lado, temos uma evolução na questão das desigualdades de gênero no País. As mulheres passaram a ocupar o cenário público e a lutar de forma legítima pelos seus direitos. Não podemos evoluir na democracia, sem evoluirmos na igualdade de direitos entre mulheres e homens. O País começa a superar, graças à mobilização das mulheres, esta discussão. Luizianne Lins prova em Fortaleza que uma mulher é capaz de governar uma cidade de 2,5 milhões de pessoas. (RETIREI A QUESTÃO DA SENSIBLIDADE) Dilma tem tudo para ser uma grande candidata. Obstáculos sempre existirão, mas mulheres de fibra sempre os ultrapassam.

Qual é a importância da Redução da Jornada de Trabalho, bandeira da CUT e do PT, em relação à geração de novas vagas no mercado de trabalho?

Acrísio Sena: O mundo tem vivenciado grandes transformações sociais, sobretudo, em face da flexibilização dos processos de trabalho e da exacerbação do consumo. Novas tecnologias trouxeram grandes mudanças para o mundo do trabalho e para vida dos trabalhadores e das trabalhadoras. Tem permitido, inclusive, que em menor tempo e com um número menor de pessoas se possa produzir mais que antes. A grande questão é que somente os patrões têm se beneficiado destas mudanças, introduzidas pela reengenharia produtiva do mundo do trabalho A redução da jornada de trabalho diminui um pouco esta disparidade e abre a oportunidade para criação de novos postos de trabalho. Portanto, não vemos porque não aprovarmos e implantarmos isso no Brasil.

Em discurso feito na inauguração de dois novos estúdios da Rede Record de televisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva referiu-se veladamente à Rede Globo, acusando "alguns formadores de opinião" de tentar "conduzir a opinião pública" para formar o que chamou de "pensamento único". "Não seria bom para o Brasil se a gente tivesse apenas uma televisão produzindo novela. Não seria bom para o Brasil se a gente tivesse apenas uma televisão dando informações". Chegou a hora de enfrentar a Rede Globo, revista Veja e companhia?

Acrísio Sena: Chegou a hora do País rediscutir a questão dos meios de comunicação. Temos um modelo criado em um período de ditadura militar, que tinha na censura e no uso de alguns canais uma de suas grandes ferramentas de dominação política e ideológica. O mundo mudou, o Brasil avançou. Temos maturidade suficiente para fazermos esta discussão de forma aberta e clara, mas com a participação de toda a sociedade. Que ela possa dizer realmente que política de comunicação interessa, que deveres e direitos devem assumir aqueles que se propõem a participar deste setor. A informação é fundamental para toda e qualquer democracia. Não toleramos e não podemos aceitar é censura; mas por outro lado não podemos admitir mais a manipulação de notícias para favorecer quem quer que seja. Sem revanchismos, temos que enfrentar esta discussão.

Parafraseando sua frase: “Existe muito mais ódio por parte da Mídia Brasileira ao nosso presidente Lula do que amor pelo Brasil”.

Acrísio Sena: Vou usar uma citação de um artigo que li recentemente (Saul Leblon, no site Carta Maior): “Ataques ao governo Lula fazem parte da paisagem jornalística brasileira. Tornaram-se previsíveis como os acidentes geográficos; irremediáveis como o dia e a noite. Naturalizaram-se, a tal ponto que já se lê os jornais pulando essas ocorrências, como os olhos ignoram trechos vulgares de caminhos rotineiros”. A mídia tem montado uma verdadeira cruzada contra o presidente Lula, isso é uma verdade inquestionável. Os grandes grupos deixam transparecer em suas linhas editoriais os medos e temores de uma classe dominante reacionária e ultrapassada. Briga para manter um status quo corroído. Direito deles de brigarem para manterem seus feudos. Só não tem o direito de negar a população brasileira o acesso a informação.

O que significa para o Partido dos Trabalhadores derrotar Tasso Jereissati, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Arthur Virgílio e a Corja da Elite Burguesa nas próximas eleições?

Acrísio Sena: Estes nomes são os maiores representantes de uma elite que apostou tudo na receita neoliberal. Leiloaram o Estado brasileiro para as grandes corporações. Entregaram tudo. O País saiu deste ciclo completamente pauperizado. Agora querem novamente impor ao Brasil esta receita, já destruída pela própria história. Tasso, por exemplo, afirma que os tucanos deram um jeito no Ceará. Como? Venderam a Coelce e até hoje não se sabe o que foi feito do dinheiro; sucatearam o BEC (Banco do Estado do Ceará) e priorizaram os benefícios aos setores empresariais. . Derrotá-los significa não permitir que ajam retrocessos nas políticas sociais e na democracia em nosso País. E esse embate já começou. Estamos numa trincheira, não podemos ter dúvidas. Veja o caso das posições tomadas por esses setores na questão do Pré-sal. Os interesses e a fome pela apropriação das riquezas naturais, que são bens comuns da nação brasileira, que devem ser geridos pelo Estado, na opinião desses setores, devem ser transferidos para os oligopólios.

O presidente Lula é o cara. O Brasil de hoje, o que difere daquele governado pelo tucano Fernando Henrique Cardoso?

Acrísio Sena: Como da água para o vinho, não existem níveis de comparação. FHC governou para elites, para os mais ricos. Com sua soberba pseudo-intelectual, executou um plano de desmontar o Estado brasileiro em proveito de alguns grupos. Suas políticas não trouxeram avanços em praticamente nenhuma área. Frágeis, sofremos com os efeitos de praticamente todas as crises mundiais do período. O governo Lula apontou numa perspectiva de enfrentar a pobreza e recompor o Estado brasileiro. Hoje, conseguimos reduzir o número de brasileiros abaixo da linha de pobreza, as classes C e D aumentaram o poder de consumo e as empresas estatais convivem com uma nova e promissora realidade. Além disso, enfrentamos uma crise mundial sem grandes sobressaltos. Portanto, é errado afirmar que o governo Lula avançou nas políticas “implantadas” pelos tucanos. Lula mudou as prioridades e investiu em um Brasil para os brasileiros.

O maior portal da Dilma Rousseff na internet, o Blog da Dilma, será útil para o eleitorado brasileiro? Comente

Acrísio Sena: A Internet e as novas tecnologias trouxeram uma nova forma de sociabilidade e devem também modificar a forma de fazer política. A possibilidade de termos ferramentas que nos aproxime, como os políticos, dos cidadãos e das cidadãs que irão decidir o futuro deste país e de travar com eles um diálogo aberto e franco, dará uma nova dimensão à relação entre eleitor e candidato. Já tivemos isso nas eleições municipais e agora, nestas eleições presidenciais, deve aumentar ainda mais esta importância. O BLOG da DILMA possibilita esta maior integração entre o cidadão e a petista Dilma, principalmente, no que diz respeito a romper os limites dos meios de comunicação tradicionais.

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