Mais uma de FHC e José SERRA. Quando LULA disse que FHC perdeu a inteligência e está pensando com o fígado, ele não mentiu... Quanto a SERRA, creio que ele se perdeu de vez... Sem fígado, sem coração, sem inteligência (a não ser aquela inteligência nefasta que põe a exercitar quando se encontra com Roberto Civita... Tome cuidado Aécio, pois vem chumbo grosso por aí... E eu quero é que eles se engulam...!). Agora uma coisa anda mexendo na minha cachola... A ÉPOCA está citando, nominalmente, FHC e SERRA... Será o Plano B pró-Aécio?... Sei não... Sei não... tem coisa aí...
"Eu acho que tem muitas falhas no programa da Osesp",
diz Neschling
diz Neschling
E muito pouco
John Neschling viveu o céu e o inferno em 2009. Em janeiro, foi demitido da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), que dirigia havia 12 anos. O conselho da orquestra, presidido por Fernando Henrique Cardoso, comunicou a demissão ao maestro por email, durante uma viagem à Europa. O motivo teria sido uma entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo em que Neschling reclamava sobre como a sua sucessão estava sendo feita. Desde 2007, era clara a vontade do governador José Serra de tirá-lo da liderança da orquestra e a entrevista deu motivos para que sua saída fosse acelerada.
Neschling não gostou e tentou acordos em vão. Sentiu-se injustiçado e magoado. Inquieto e de personalidade forte, não perdoou. Entrou com um processo na Justiça do Trabalho contra a Osesp – desejava receber aviso prévio de 30 dias, 13º salário de 2004 até 2009, férias de 2003 a 2009, FGTS do período com multa de 40% e danos morais. E ganhou. No dia 10 de novembro, o juiz Ronald Luís de Oliveira deu ganho de causa ao maestro em primeira instância – o valor a ser recebido passa os R$ 4 milhões. A Osesp disse que vai recorrer. Um dia antes, o músico lançou um livro de memórias, Música Mundana, sobre suas experiências e desejos. No dia 11, o Ministério da Cultura (MinC) anunciou apoio à criação da Companhia Brasileira de Ópera, idealizada por ele. O projeto passou naLei Rouanet e receberá R$ 14 milhões para iniciar os trabalhos com 100 apresentações do Barbeiro de Sevilha em 20 cidades brasileiras, começando por Brasília, em 21 de abril de 2010.
Depois de reerguer a Osesp e alçá-la a uma das orquestras mais importantes do mundo, segundo a revista britânica Gramophone (especializada em música clássica), Neschling recebe, no próximo dia 25, o prêmio Diapason D'Or – organizado pela francesa Diapason. A vitória é pelos "Choros", de Heitor Villa-Lobos, gravados pela Osesp sob regência de Neschling. Ele concedeu entrevista a ÉPOCA sobre a nova fase profissional, o apoio do MinC e download de músicas.
ÉPOCA – Como foi vencer a Osesp na Justiça, anunciar o apoio do MinC para a Companhia Brasileira de Ópera e lançar o livro num espaço de uma semana?
John Neschling – (risos) Foi um pouco atribulado. Parece que foi feito de propósito, mas não foi. Foi uma coincidência estelar. Foi uma bomba na minha cabeça. Todas as três coisas eu estou esperando há muito tempo. O livro não é uma coisa nova, o lançamento estava marcado para ser dia 9. Estava esperando a sentença do juiz há muito tempo. Não sabia exatamente em que dia ele ia fazer, mas ele fez no dia 10. E essa entrevista com o ministro (Juca Ferreira, da Cultura) também estamos negociando há muito tempo, e calhou da semana passada ele dizer 'vamos fazer na quinta-feira que vem' e ser na semana do lançamento. Se fosse o lançamento e isso seria muita coisa, mas com a decisão da Justiça no meio realmente virou um tsunami na minha vida (risos). Mas eu não vou ganhar o dinheiro da Justiça agora. Eles vão recorrer e isso certamente levará um ano, um ano e meio ou dois, sei lá, para se resolver. Espero que seja menos. O caso, a meu ver, é bastante simples.
ÉPOCA – Quais empresas já se interessaram pelo patrocínio à Companhia?
Neschling – Nós temos empresas estatais interessadas, mistas e temos também empresas particulares. Não quero falar, não posso porque estamos em negociações. Não seria ético eu falar o nome das empresas que estão se juntando ao nosso projeto. Mas isso vai sair dentro de alguns dias, não é uma coisa que leva muito tempo.
ÉPOCA – Por que escolheu o Barbeiro de Sevilha para iniciar a companhia? Para começar introduzindo uma peça conhecida do público para que ele se familiarize com o formato pouco explorado no país? A ideia foi sua?
Neschling – A ideia foi minha e foi se desenvolvendo com o tempo. Eu sempre tive a ideia de fazer uma companhia. Essa ideia, inclusive, eu coloco no meu livro e que o Brasil não tem uma companhia estável. Desde que eu saí da Osesp comecei a me interessar por criar um esquema e propor essa companhia de ópera. A ideia não é nova e nada original. Essas companhias existem no mundo inteiro, assim como orquestras.
ÉPOCA – Mas o Brasil ainda é carente disso... e por que o Barbeiro de Sevilha?
Neschling – Por que o Barbeiro é uma ópera que se presta muito a esse tipo de produção inicial, é uma produção simples em número de cantores, de coro, orquestra. É uma comédia muito engraçada que agrada tanto ao público que conhece quanto o que não conhece bem ópera. E a ideia de montagem que eu tive, de fazer com desenho animado e orquestra, permite viajar o Brasil e atingir o público. Era mais fácil atrair (esse público totalmente leigo e não ligado à opera) com o Barbeiro do que com uma tragédia. Em todos os lugares tem os fanáticos por ópera. Esses vão de qualquer maneira a qualquer tipo de espetáculo. Mas há um grande número de pessoas que eu posso atingir, que não conhece ópera, ou que não gosta, e pode ser atraído por esse espetáculo, que tem desenho animado, é uma comédia. A peça não é só famosa, é engraçada, leve, com uma música facilmente digerível. Não é um Wagner, que exige um pré-conhecimento.
ÉPOCA – E o desenho animado, como foi concebido?
Neschling – Quem está concebendo o desenho é um animador ítalo-americano chamado Joshua Heldo com o diretor, que é o Pier Francesco Maestrini. Esses dois é que estão concebendo essa intereação do desenho com os cantores. A ideia do desenho interativo é deles. Minha ideia era fazer o Barbeiro de Sevilha leve e transportável.
Neschling não gostou e tentou acordos em vão. Sentiu-se injustiçado e magoado. Inquieto e de personalidade forte, não perdoou. Entrou com um processo na Justiça do Trabalho contra a Osesp – desejava receber aviso prévio de 30 dias, 13º salário de 2004 até 2009, férias de 2003 a 2009, FGTS do período com multa de 40% e danos morais. E ganhou. No dia 10 de novembro, o juiz Ronald Luís de Oliveira deu ganho de causa ao maestro em primeira instância – o valor a ser recebido passa os R$ 4 milhões. A Osesp disse que vai recorrer. Um dia antes, o músico lançou um livro de memórias, Música Mundana, sobre suas experiências e desejos. No dia 11, o Ministério da Cultura (MinC) anunciou apoio à criação da Companhia Brasileira de Ópera, idealizada por ele. O projeto passou naLei Rouanet e receberá R$ 14 milhões para iniciar os trabalhos com 100 apresentações do Barbeiro de Sevilha em 20 cidades brasileiras, começando por Brasília, em 21 de abril de 2010.
Depois de reerguer a Osesp e alçá-la a uma das orquestras mais importantes do mundo, segundo a revista britânica Gramophone (especializada em música clássica), Neschling recebe, no próximo dia 25, o prêmio Diapason D'Or – organizado pela francesa Diapason. A vitória é pelos "Choros", de Heitor Villa-Lobos, gravados pela Osesp sob regência de Neschling. Ele concedeu entrevista a ÉPOCA sobre a nova fase profissional, o apoio do MinC e download de músicas.
ÉPOCA – Como foi vencer a Osesp na Justiça, anunciar o apoio do MinC para a Companhia Brasileira de Ópera e lançar o livro num espaço de uma semana?
John Neschling – (risos) Foi um pouco atribulado. Parece que foi feito de propósito, mas não foi. Foi uma coincidência estelar. Foi uma bomba na minha cabeça. Todas as três coisas eu estou esperando há muito tempo. O livro não é uma coisa nova, o lançamento estava marcado para ser dia 9. Estava esperando a sentença do juiz há muito tempo. Não sabia exatamente em que dia ele ia fazer, mas ele fez no dia 10. E essa entrevista com o ministro (Juca Ferreira, da Cultura) também estamos negociando há muito tempo, e calhou da semana passada ele dizer 'vamos fazer na quinta-feira que vem' e ser na semana do lançamento. Se fosse o lançamento e isso seria muita coisa, mas com a decisão da Justiça no meio realmente virou um tsunami na minha vida (risos). Mas eu não vou ganhar o dinheiro da Justiça agora. Eles vão recorrer e isso certamente levará um ano, um ano e meio ou dois, sei lá, para se resolver. Espero que seja menos. O caso, a meu ver, é bastante simples.
ÉPOCA – Quais empresas já se interessaram pelo patrocínio à Companhia?
Neschling – Nós temos empresas estatais interessadas, mistas e temos também empresas particulares. Não quero falar, não posso porque estamos em negociações. Não seria ético eu falar o nome das empresas que estão se juntando ao nosso projeto. Mas isso vai sair dentro de alguns dias, não é uma coisa que leva muito tempo.
ÉPOCA – Por que escolheu o Barbeiro de Sevilha para iniciar a companhia? Para começar introduzindo uma peça conhecida do público para que ele se familiarize com o formato pouco explorado no país? A ideia foi sua?
Neschling – A ideia foi minha e foi se desenvolvendo com o tempo. Eu sempre tive a ideia de fazer uma companhia. Essa ideia, inclusive, eu coloco no meu livro e que o Brasil não tem uma companhia estável. Desde que eu saí da Osesp comecei a me interessar por criar um esquema e propor essa companhia de ópera. A ideia não é nova e nada original. Essas companhias existem no mundo inteiro, assim como orquestras.
ÉPOCA – Mas o Brasil ainda é carente disso... e por que o Barbeiro de Sevilha?
Neschling – Por que o Barbeiro é uma ópera que se presta muito a esse tipo de produção inicial, é uma produção simples em número de cantores, de coro, orquestra. É uma comédia muito engraçada que agrada tanto ao público que conhece quanto o que não conhece bem ópera. E a ideia de montagem que eu tive, de fazer com desenho animado e orquestra, permite viajar o Brasil e atingir o público. Era mais fácil atrair (esse público totalmente leigo e não ligado à opera) com o Barbeiro do que com uma tragédia. Em todos os lugares tem os fanáticos por ópera. Esses vão de qualquer maneira a qualquer tipo de espetáculo. Mas há um grande número de pessoas que eu posso atingir, que não conhece ópera, ou que não gosta, e pode ser atraído por esse espetáculo, que tem desenho animado, é uma comédia. A peça não é só famosa, é engraçada, leve, com uma música facilmente digerível. Não é um Wagner, que exige um pré-conhecimento.
ÉPOCA – E o desenho animado, como foi concebido?
Neschling – Quem está concebendo o desenho é um animador ítalo-americano chamado Joshua Heldo com o diretor, que é o Pier Francesco Maestrini. Esses dois é que estão concebendo essa intereação do desenho com os cantores. A ideia do desenho interativo é deles. Minha ideia era fazer o Barbeiro de Sevilha leve e transportável.
ÉPOCA – Como os cantores reagem ao fato de terem que interagir com um desenho animado? Qual é a estética do desenho?
Neschling – Ah, isso eles gostam. Em termos de traço, não é um desenho muito elaborado, é um traço muito simples, muito firme. Os personagens são muito caricaturais, indo mais para o lado do Henfil do que para um desenho mais sofisticado. Mas ele é extremamente expressivo, engraçado e colorido. Eu gosto muito.
ÉPOCA – A companhia já contratou técnicos, cenógrafos, cantores, orquestra, maquiadores, iluminadores?
Neschling – Estamos em vias de contratar, reunindo a equipe que está contratando cantores, músicos e técnicos. É um trabalho e tanto, já que temos que estrear em abril.
ÉPOCA – Quantas pessoas envolvidas?
Neschling – Acho que umas 150 pessoas envolvidas no projeto e, diretamente participando da noite, 60. Mas na produção da ópera, no mínimo 150, 200 pessoas.
ÉPOCA – O senhor levou algum músico da Osesp para a companhia de ópera?
Neschling – Por enquanto, não. Depende dos músicos, não de mim. A Osesp tem grandes músicos, se algum deles se interessar em falar comigo, eu posso pensar no assunto. Mas eu não iria buscar nenhum músico na Osesp, não faria isso, eles estão muito bem empregados lá. Agora, nada impede que algum deles se interesse em trabalhar comigo.
ÉPOCA – O apoio do MinC e do ministro Juca Ferreira (PV) tem algum caráter político, já que vem na mesma hora em que a briga com o Estado de São Paulo, e com o presidente do conselho da Osesp, Fernando Henrique Cardoso, chega ao seu ápice, com a sua vitória na Justiça?
Neschling – Eles não sabiam que eu havia ganhado na Justiça. O apoio do MinC vem sendo negociado há meses. Para mim não tem nada a ver com o meu caso na Justiça.
ÉPOCA – Mas tem a questão partidária, do ministro ser do PV e o Estado de São Paulo governado pelo PSDB...
Neschling – Não vejo isso claramente. O que eu vejo, na verdade, é uma enorme inteligência do ministro de entrar nessa jogada. Imediamente, eu senti o alcance cultural que esse projeto poderia ter. Ele encampou esse projeto imediatamente, só demorou porque a burocracia oficial é enlouquecedora. Mas o entusiasmo do ministro foi imediato. O MinC entrou nisso de cabeça desde o início. Ele até incrementou o projeto, que é mais audaz hoje por causa do entusiasmo do ministro Juca Ferreira. Acho que ele foi extremamente inteligente, político, mas não acho que no sentido político partidário. Acho que é um convencimento cultural.
ÉPOCA – Depois da demissão em janeiro, o sr. chegou a conversar com algum conselheiro da Osesp ou alguma autoridade estadual sobre a sua demissão por email? Ou a discussão foi via imprensa?
Neschling – Imediatamente após a demissão, quando voltei a São Paulo, porque estava na Europa, eu tentei achar um acordo com a Osesp. E evidentemente os meus representantes entraram em contato com funcionários graduados da Osesp. Mas eu não achei nenhuma possibilidade de diágolo ali. Daquele momento em diante não houve nenhum tipo de relação entre mim e meus representantes e a Osesp.
ÉPOCA – No começo do mês, quando do lançamento do Música Mundana, o sr. disse que nunca mais assistiu à Osesp, nem a escutou. Nunca mais foi à Sala São Paulo. O sr. chegou a ler o programa do ano que vem? Ao todo, 22 regentes convidados comandarão a Sinfônica do Estado na temporada 2010.
Neschling – Eu vi o programa do ano que vem. Eu acho o programa... tem algumas coisas que ainda são resquícios do que eu tinha programado. Mas eu acho que tem muitas falhas no programa. Mas eu não gostaria de conversar sobre a Osesp porque não é mais problema meu. Eu não tenho nenhum interesse mais em discutir as coisas internas da Osesp.
ÉPOCA – Com a companhia de ópera, o senhor pretende passar muito tempo no Brasil ou continua com os convites pela Europa?
Neschling – Continuo tendo e vou aceitá-los todos. Terei um número x de regentes no Brasil que vão reger a ópera. Eu não poderia fazer tudo. Eu passarei bastante tempo fora. O próximo compromisso que tenho é receber um prêmio em Paris, no dia 25, o prêmio Diapason (D'Or). Em janeiro, vou gravar um disco na Itália e farei um concerto na Espanha.
ÉPOCA – Soube de um episódio em que a orquestra começava a tocar na Sala São Paulo e o celular de alguém na plateia tocou. O sr. parou o concerto, deu uma lição de moral no dono do celular e recomeçou, desde a afinação dos instrumentos...
Neschling – Não... é fantasia de alguém que te contou. Eu até posso ter parado alguma vez, depois da décima vez que tocou algum celular. Em 12 anos, em todos os concertos, celulares tocaram pelo menos uma vez.
ÉPOCA – Então não é uma atitude frequente sua...
Neschling – Não, imagine. Se fiz isso é porque tocou três ou quatro vezes no mesmo concerto. Mas isso faz muito tempo. Eu nem lembro. Não foi que eu voltei para afinação dos instrumentos, não dei lição de moral nenhuma. Devo ter dito que isso nos desconcentra, alguma coisa assim. Isso é folclore. Não tenho nem como contradizer o folclore, que é mais forte do que eu.
ÉPOCA – O que o sr. ouve nas horas de lazer?
Neschling – Eu ouço pouca música. Ouço algumas peças que eu quero ouvir, que tenho interesse em ouvir ou pesquiso. E quando quero me divertir, MPB ou jazz. Eu gosto muito da música instrumental brasileira, Pau Brasil, Banda Mantiqueira, Nelson Ayres, Mônica Salmaso. Gosto muito da Mônica Salmaso. E escuto muito jazz, de tudo...
ÉPOCA – O sr. compra CDs? Ou tem o hábito de baixar músicas?
Neschling – Eu não baixo nada porque, primeiro, não sei baixar direito (risos). E segundo porque eu nunca sei o que é pirataria e o que não é. E como eu detesto pirataria, geralmente quando eu quero ouvir música boa tem um site que eu pago para poder ouvir e não baixo nada. É uma fonoteca. Ou então eu compro CD, mas eu não tenho comprado muitos. ÉPOCA Do Blog Terra Brasilis
Neschling – Ah, isso eles gostam. Em termos de traço, não é um desenho muito elaborado, é um traço muito simples, muito firme. Os personagens são muito caricaturais, indo mais para o lado do Henfil do que para um desenho mais sofisticado. Mas ele é extremamente expressivo, engraçado e colorido. Eu gosto muito.
ÉPOCA – A companhia já contratou técnicos, cenógrafos, cantores, orquestra, maquiadores, iluminadores?
Neschling – Estamos em vias de contratar, reunindo a equipe que está contratando cantores, músicos e técnicos. É um trabalho e tanto, já que temos que estrear em abril.
ÉPOCA – Quantas pessoas envolvidas?
Neschling – Acho que umas 150 pessoas envolvidas no projeto e, diretamente participando da noite, 60. Mas na produção da ópera, no mínimo 150, 200 pessoas.
ÉPOCA – O senhor levou algum músico da Osesp para a companhia de ópera?
Neschling – Por enquanto, não. Depende dos músicos, não de mim. A Osesp tem grandes músicos, se algum deles se interessar em falar comigo, eu posso pensar no assunto. Mas eu não iria buscar nenhum músico na Osesp, não faria isso, eles estão muito bem empregados lá. Agora, nada impede que algum deles se interesse em trabalhar comigo.
ÉPOCA – O apoio do MinC e do ministro Juca Ferreira (PV) tem algum caráter político, já que vem na mesma hora em que a briga com o Estado de São Paulo, e com o presidente do conselho da Osesp, Fernando Henrique Cardoso, chega ao seu ápice, com a sua vitória na Justiça?
Neschling – Eles não sabiam que eu havia ganhado na Justiça. O apoio do MinC vem sendo negociado há meses. Para mim não tem nada a ver com o meu caso na Justiça.
ÉPOCA – Mas tem a questão partidária, do ministro ser do PV e o Estado de São Paulo governado pelo PSDB...
Neschling – Não vejo isso claramente. O que eu vejo, na verdade, é uma enorme inteligência do ministro de entrar nessa jogada. Imediamente, eu senti o alcance cultural que esse projeto poderia ter. Ele encampou esse projeto imediatamente, só demorou porque a burocracia oficial é enlouquecedora. Mas o entusiasmo do ministro foi imediato. O MinC entrou nisso de cabeça desde o início. Ele até incrementou o projeto, que é mais audaz hoje por causa do entusiasmo do ministro Juca Ferreira. Acho que ele foi extremamente inteligente, político, mas não acho que no sentido político partidário. Acho que é um convencimento cultural.
ÉPOCA – Depois da demissão em janeiro, o sr. chegou a conversar com algum conselheiro da Osesp ou alguma autoridade estadual sobre a sua demissão por email? Ou a discussão foi via imprensa?
Neschling – Imediatamente após a demissão, quando voltei a São Paulo, porque estava na Europa, eu tentei achar um acordo com a Osesp. E evidentemente os meus representantes entraram em contato com funcionários graduados da Osesp. Mas eu não achei nenhuma possibilidade de diágolo ali. Daquele momento em diante não houve nenhum tipo de relação entre mim e meus representantes e a Osesp.
ÉPOCA – No começo do mês, quando do lançamento do Música Mundana, o sr. disse que nunca mais assistiu à Osesp, nem a escutou. Nunca mais foi à Sala São Paulo. O sr. chegou a ler o programa do ano que vem? Ao todo, 22 regentes convidados comandarão a Sinfônica do Estado na temporada 2010.
Neschling – Eu vi o programa do ano que vem. Eu acho o programa... tem algumas coisas que ainda são resquícios do que eu tinha programado. Mas eu acho que tem muitas falhas no programa. Mas eu não gostaria de conversar sobre a Osesp porque não é mais problema meu. Eu não tenho nenhum interesse mais em discutir as coisas internas da Osesp.
ÉPOCA – Com a companhia de ópera, o senhor pretende passar muito tempo no Brasil ou continua com os convites pela Europa?
Neschling – Continuo tendo e vou aceitá-los todos. Terei um número x de regentes no Brasil que vão reger a ópera. Eu não poderia fazer tudo. Eu passarei bastante tempo fora. O próximo compromisso que tenho é receber um prêmio em Paris, no dia 25, o prêmio Diapason (D'Or). Em janeiro, vou gravar um disco na Itália e farei um concerto na Espanha.
ÉPOCA – Soube de um episódio em que a orquestra começava a tocar na Sala São Paulo e o celular de alguém na plateia tocou. O sr. parou o concerto, deu uma lição de moral no dono do celular e recomeçou, desde a afinação dos instrumentos...
Neschling – Não... é fantasia de alguém que te contou. Eu até posso ter parado alguma vez, depois da décima vez que tocou algum celular. Em 12 anos, em todos os concertos, celulares tocaram pelo menos uma vez.
ÉPOCA – Então não é uma atitude frequente sua...
Neschling – Não, imagine. Se fiz isso é porque tocou três ou quatro vezes no mesmo concerto. Mas isso faz muito tempo. Eu nem lembro. Não foi que eu voltei para afinação dos instrumentos, não dei lição de moral nenhuma. Devo ter dito que isso nos desconcentra, alguma coisa assim. Isso é folclore. Não tenho nem como contradizer o folclore, que é mais forte do que eu.
ÉPOCA – O que o sr. ouve nas horas de lazer?
Neschling – Eu ouço pouca música. Ouço algumas peças que eu quero ouvir, que tenho interesse em ouvir ou pesquiso. E quando quero me divertir, MPB ou jazz. Eu gosto muito da música instrumental brasileira, Pau Brasil, Banda Mantiqueira, Nelson Ayres, Mônica Salmaso. Gosto muito da Mônica Salmaso. E escuto muito jazz, de tudo...
ÉPOCA – O sr. compra CDs? Ou tem o hábito de baixar músicas?
Neschling – Eu não baixo nada porque, primeiro, não sei baixar direito (risos). E segundo porque eu nunca sei o que é pirataria e o que não é. E como eu detesto pirataria, geralmente quando eu quero ouvir música boa tem um site que eu pago para poder ouvir e não baixo nada. É uma fonoteca. Ou então eu compro CD, mas eu não tenho comprado muitos. ÉPOCA Do Blog Terra Brasilis
Um comentário:
Abaixa que lá vem pedrada! Quem me conheco sabe minha posicao sobre FHC e Serra, ambos entreguistas e elitistas, mas segundo amigo meu, diretamente ligado ao Orquestra Sinfonica de SP, o maestro Neschiling regia a orquestra com punhos de ferro, haviam muitos casos de depressao e desanimo entre os músicos, que trabalhavam sob extrema pressao e descontentamento. Detalhe que a maioria dos músicos sao progressistas, mas por questao de justica tiveram que aplaudir o gesto dos psdbistas. Nao sei como as outras pessoas se sentem com relacao ao maestro, mas os músicos estao muito felizes com a decisao. Um abraco!
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