sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vox Populi: oposição vai fracassar no uso eleitoral do blecaute

O blecaute que atingiu pelo menos 18 Estados brasileiros na noite da última terça-feira e na madrugada de quarta-feira não deverá ter impacto relevante nas eleições presidenciais de 2010, segundo o diretor do instituto de pesquisa Vox Populi, Marcos Coimbra. Para ele, o caso isolado é algo que não pode ser atrelado de "maneira indiscutível" a um candidato. "Não se pode dizer que é culpa da Dilma (Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, atual titular da Pasta da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva e provável candidata à Presidência). Por mais que a oposição tenha usado isso, não convenceria (o eleitorado)", afirmou Coimbra.
Segundo o diretor do instituto de pesquisa, "raríssimas pessoas fariam ligação entre ela e o apagão. Portanto, me parece que, do ponto de vista eleitoral, não deve ter impacto relevante". Coimbra afirmou que o cenário político atual é distinto do momento vivido nas eleições de 2002, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sofreu um desgaste e não elegeu o candidato José Serra (PSDB). Naquele ano, Lula foi o vencedor do pleito após quatro candidaturas consecutivas.
"O que teve impacto relevante na (eleição) de 2002, não foi o fato de, em um determinado dia, o País ter ficado sem luz, mas o que foi muito ruim para a imagem do Fernando Henrique foi o racionamento (de energia elétrica). Foi as pessoas terem de discutir como iria funcionar o elevador e o sinal de trânsito ou em que horário poderiam tomar banho. O prejuízo da imagem de Fernando Henrique (ao longo de 2001) foi muito grave e uma das causas prováveis da derrota (nas urnas)", afirmou. Segundo Coimbra, FHC havia enfrentado antes do racionamento a crise cambial em 1999, que afetou gravemente a economia e desvalorizou o Real, pilar do seu governo.
"Em 2000, o governo foi se recuperando, mas quando chegou no inicio de 2001 - entre março e abril -, começou a crise energética, e o governo Fernando Henrique imbicou numa decrescente e não se recuperou mais. Em 2002, ele tinha nível de aprovação ótimo e bom em torno de 25%. O Lula tem hoje cerca de 70% de aprovação", disse. Segundo a pesquisa Vox Populi/Band, divulgada na última terça-feira, o índice de aprovação do presidente Lula subiu de 65% em outubro para 68% em novembro. A margem de erro é de 2,4%. Dois mil eleitores foram ouvidos em 170 municípios de todos os Estados, com execeção de Acre, Roraima e Rondônia.

Antecipação eleitoral - Cientista político, Coimbra, que tem acompanhado todas as eleições no País, disse que a antecipação eleitoral - como está acontecendo atualmente no Brasil - jamais foi vista nos anos anteriores. Ele ainda brincou: "amo os anos pares", fazendo referência aos anos em que ocorrem as eleições no País. A antecipação da corrida por alianças para as eleições de 2010 foi intensificada no início de outubro, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou que PT e PMDB estarão juntos. O anúncio causou desconforto nos diretórios estaduais, principalmente em São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Os dirigentes nesses Estados não concebem palanques regionais entre essas duas legendas.
Porém, a oposição não está mais confortável. No PSDB, ainda há um impasse sobre quem será o presidenciável - ou o governador de São Paulo, José Serra, ou Aécio Neves, governador de Minas Gerais. O governador mineiro afirmou, no início do mês, que poderá concorrer a uma vaga no Senado em 2010 caso seu partido não defina seu candidato à Presidência até o fim do ano. O governador disse considerar o mês de março de 2010 um prazo "extremamente longo ou tardio" para a definição da candidatura. Segundo ele, isso dificultaria a construções de alianças mais sólidas. Aécio também já descartou ser o vice na chapa puro-sangue.
Nesta quinta-feira, a executiva nacional do Psol aprovou a formação de uma comissão para iniciar negociações formais com a senadora Marina Silva, pré-candidata à Presidência da República pelo PV. Segundo o presidente do Psol no Rio Grande do Sul, Roberto Robaina, essa decisão "abre a possibilidade de uma aliança que se constitua em um pólo alternativo diante dos dois grandes blocos que disputam o poder - PT e PSDB -, mas que não têm grandes divergências programáticas", disse. Fonte: Terra

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