É citado para missões de combate à fome e à pobreza
Daniela Milanese, CORRESPONDENTE, LONDRES
Nalu Fernandes, CORRESPONDENTE, NOVA YORK
A projeção obtida no exterior transforma o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em potencial candidato para assumir um cargo em instituição internacional e de abrangência multilateral após o término de seu mandato, na avaliação de especialistas na Europa e dos Estados Unidos. Com base em seu perfil, acredita-se que ele se enquadraria como uma voz legítima e de peso em organizações voltadas, principalmente, para o combate à fome e à pobreza e defesa dos direitos humanos em escala mundial. Uma variável definitiva para as aspirações de seu futuro político no âmbito internacional, contudo, deve ser o resultado das eleições de 2010.
"Lula é muito popular no cenário internacional, todas as condições estão presentes para que ele atue como um líder", disse Francisco Panizza, professor da London School of Economics (LSE). "Não esperava que Lula pudesse atingir tanto espaço no palco mundial, mas ele viaja bastante e faz planos com pessoas de diferentes posições políticas", afirmou o pesquisador sênior do Institute of Commonwealth Studies, da Universidade de Londres, e autor da biografia em inglês sobre o presidente brasileiro - cuja tradução para o português será lançada este mês no País, com o título Lula do Brasil - A História Real.
"Lula vai sair do cargo no topo. Não há razão - a menos que ele não queira - para não buscar isso (um cargo em um organismo multilateral)", avalia Peter Tichansky, presidente do Business Council for International Understanding (BCIU), que congrega lideranças do setor privado nos Estados Unidos. "Lula pode utilizar o acesso que tem e sua popularidade para buscar promover mudanças sociais (em escala mundial)."
Cortejado por líderes como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, Lula também deu novos passos em sua ambiciosa agenda política internacional ao receber o presidente de Israel, Shimon Peres, da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e, sob pesadas críticas, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Dessa forma, aspira a colocar o Brasil como mediador de questões conflituosas mundiais.
Tichansky mede a força da figura do presidente brasileiro citando o que classifica como "padrão Lula". "De uma forma, as pessoas são comparadas a Lula. Há quase um padrão Lula para medir candidatos da esquerda que sobem para conduzir países importantes e que têm desigualdades sociais para resolver. Há a esperança de que sejam pragmáticos como Lula."
APRENDIZADO
Ao mesmo tempo, a crise econômica global acabou por projetar ainda mais o País no ambiente externo. O aprendizado com crises anteriores fez com que o Brasil e outras nações emergentes estivessem fortalecidas para enfrentar a pior crise mundial desde a Grande Depressão.
Os países da Ásia, argumentam especialistas, depois da crise de 1997, passaram a construir reservas internacionais maciças para proteger suas moedas. Do lado da América Latina, depois da crise da dívida em 1980, o Brasil e outros dedicaram-se a anos de estabilização da economia, com medidas como responsabilidade fiscal, adoção de câmbio flutuante e controle rígido da inflação.
Com as nações avançadas seriamente fragilizadas com a crise global, o G-20 tornou-se o principal fórum de decisões mundiais, um espaço de influência maior para os emergentes, que se recuperam mais rapidamente da crise econômica do que os avançados, e culminou com o aprofundamento da proposta de revisão das cotas dos emergentes dentro das instituições financeiras internacionais. Lula e os outros presidentes dos países emergentes que integram o chamado grupo Bric, composto por Brasil, Rússia, Índia e China, estavam sob os holofotes durante essas reuniões.
Nesse contexto, circulou pela imprensa a possibilidade de Lula ser convidado para chefiar o Banco Mundial a partir de 2011, quando acaba o mandato do atual presidente, Robert Zoellick. O analista de risco político da consultoria britânica Control Risks Alejandro Chacoff avalia que o Brasil seria uma opção mais segura entre os emergentes. "O Brasil está mais próximo do Ocidente e Lula não é uma figura controversa, não se imagina um ex-presidente da China ou da Rússia nessas posições."
AGÊNCIA ESTADO
Daniela Milanese, CORRESPONDENTE, LONDRES
Nalu Fernandes, CORRESPONDENTE, NOVA YORK
A projeção obtida no exterior transforma o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em potencial candidato para assumir um cargo em instituição internacional e de abrangência multilateral após o término de seu mandato, na avaliação de especialistas na Europa e dos Estados Unidos. Com base em seu perfil, acredita-se que ele se enquadraria como uma voz legítima e de peso em organizações voltadas, principalmente, para o combate à fome e à pobreza e defesa dos direitos humanos em escala mundial. Uma variável definitiva para as aspirações de seu futuro político no âmbito internacional, contudo, deve ser o resultado das eleições de 2010.
"Lula é muito popular no cenário internacional, todas as condições estão presentes para que ele atue como um líder", disse Francisco Panizza, professor da London School of Economics (LSE). "Não esperava que Lula pudesse atingir tanto espaço no palco mundial, mas ele viaja bastante e faz planos com pessoas de diferentes posições políticas", afirmou o pesquisador sênior do Institute of Commonwealth Studies, da Universidade de Londres, e autor da biografia em inglês sobre o presidente brasileiro - cuja tradução para o português será lançada este mês no País, com o título Lula do Brasil - A História Real.
"Lula vai sair do cargo no topo. Não há razão - a menos que ele não queira - para não buscar isso (um cargo em um organismo multilateral)", avalia Peter Tichansky, presidente do Business Council for International Understanding (BCIU), que congrega lideranças do setor privado nos Estados Unidos. "Lula pode utilizar o acesso que tem e sua popularidade para buscar promover mudanças sociais (em escala mundial)."
Cortejado por líderes como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, Lula também deu novos passos em sua ambiciosa agenda política internacional ao receber o presidente de Israel, Shimon Peres, da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e, sob pesadas críticas, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Dessa forma, aspira a colocar o Brasil como mediador de questões conflituosas mundiais.
Tichansky mede a força da figura do presidente brasileiro citando o que classifica como "padrão Lula". "De uma forma, as pessoas são comparadas a Lula. Há quase um padrão Lula para medir candidatos da esquerda que sobem para conduzir países importantes e que têm desigualdades sociais para resolver. Há a esperança de que sejam pragmáticos como Lula."
APRENDIZADO
Ao mesmo tempo, a crise econômica global acabou por projetar ainda mais o País no ambiente externo. O aprendizado com crises anteriores fez com que o Brasil e outras nações emergentes estivessem fortalecidas para enfrentar a pior crise mundial desde a Grande Depressão.
Os países da Ásia, argumentam especialistas, depois da crise de 1997, passaram a construir reservas internacionais maciças para proteger suas moedas. Do lado da América Latina, depois da crise da dívida em 1980, o Brasil e outros dedicaram-se a anos de estabilização da economia, com medidas como responsabilidade fiscal, adoção de câmbio flutuante e controle rígido da inflação.
Com as nações avançadas seriamente fragilizadas com a crise global, o G-20 tornou-se o principal fórum de decisões mundiais, um espaço de influência maior para os emergentes, que se recuperam mais rapidamente da crise econômica do que os avançados, e culminou com o aprofundamento da proposta de revisão das cotas dos emergentes dentro das instituições financeiras internacionais. Lula e os outros presidentes dos países emergentes que integram o chamado grupo Bric, composto por Brasil, Rússia, Índia e China, estavam sob os holofotes durante essas reuniões.
Nesse contexto, circulou pela imprensa a possibilidade de Lula ser convidado para chefiar o Banco Mundial a partir de 2011, quando acaba o mandato do atual presidente, Robert Zoellick. O analista de risco político da consultoria britânica Control Risks Alejandro Chacoff avalia que o Brasil seria uma opção mais segura entre os emergentes. "O Brasil está mais próximo do Ocidente e Lula não é uma figura controversa, não se imagina um ex-presidente da China ou da Rússia nessas posições."
AGÊNCIA ESTADO
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