quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

BOLSA DE SP TEM A MAIOR VALORIZAÇÃO DO MUNDO

GOVERNO LULA
Bovespa fecha 2009 com a maior valorização em dólar dos últimos 18 anos
Mercado acionário brasileiro tem a maior valorização do mundo neste ano; analistas têm dúvidas sobre perspectiva para 2010. Com efeito do juro menor, poupança se tornou em 2009 o investimento conservador mais rentável para os pequenos aplicadores
TONI SCIARRETTA - DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa brasileira foi o melhor investimento financeiro de 2009 -ano que começou com forte incerteza quanto à capacidade das empresas de gerar lucro durante a crise, mas que termina próximo do recorde histórico obtido em 2008.
No ano, a Bolsa de SP subiu 82,7%, a maior alta desde os 97,3% de 2003, primeiro ano do governo Lula e que recuperou as perdas com a turbulência eleitoral de 2002.
Passado o pior da crise, o mercado acionário brasileiro desponta como o de melhor desempenho no mundo, com os principais investidores do planeta de olho no que acontece no Brasil. De longe, a Bolsa brasileira foi a de maior rentabilidade, com uma valorização em dólar de 142,7%, à frente de mercados emergentes como Rússia (113,2%), Índia (87,2%) e China (79,2%).
Mais: a Bovespa é um dos mercados que mais se aproximam do seu recorde recente. Hoje, a diferença em relação ao pico, de maio de 2008 (73.516 pontos), é de 6,7%. Na Bolsa de Xangai (China), por exemplo, essa distância é de 46,5%.
Essa situação se repete nos mercados dos países desenvolvidos, epicentro da crise. O principal índice da Bolsa de Nova de York, o Dow Jones, está atualmente 25,7% abaixo do seu último recorde. Em Tóquio, a queda é de 42,3%.
Para o investidor estrangeiro, responsável por dois terços dos negócios na BM&FBovespa, investir na Bolsa brasileira rende, além do ganho de 82,7% em moeda local, a variação de 33,9% do real em relação ao dólar, também a maior valorização cambial de todo o planeta.
O bom momento do mercado financeiro brasileiro é atribuído pelos analistas a uma conjunção de fatores positivos: saída mais rápida da recessão, mercado interno vigoroso, recuperação no preço das commodities e perspectiva de expansão de 5% a 6% em 2010, além da depreciação internacional do dólar americano.
Esse último fator estimula os fundos internacionais a comprar ativos reais -como ações, commodities, moedas e imóveis- para se proteger da desvalorização cambial. Para Fabio Colombo, administrador independente de investimentos, a alta da Bovespa em 2009 decorre ainda de um movimento natural de recuperação de preço das ações, que desceram a patamares muito baixos no fim de 2008. "Com a queda que ocorreu em 2008, a chance de este ano ser bom para a Bolsa era bastante alta. Agora, inverte-se o processo para 2010: a probabilidade de ser um ano bom para a Bolsa ficou bastante baixa." "Muitas ações subiram, e muito, mas estão longe do que estavam em maio de 2008. Isso é muito verdadeiro com ações como Vale e Petrobras. Nas empresas voltadas ao mercado interno, o nível já foi superado. Tudo isso se deve à perspectiva de que ocorra crescimento de 5% a 6% em 2010", diz Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec-SP (associação dos analistas de mercado).

Poupança
Além da Bolsa, 2009 ficará lembrado como o ano em que a caderneta de poupança se tornou o investimento conservador mais rentável para o pequeno aplicador. Com os juros básicos abaixo de 9,5% (terminou o ano em 8,75%), a maioria dos fundos DI e de renda fixa com taxas de administração acima de 2% passou a ter rendimento líquido abaixo dos 6,17% mais TR, mínimos e isentos de IR, da poupança. No ano, a poupança teve ganho de 6,92%.
Já os fundos DI, que seguem a variação da taxa Selic, tiveram rendimento bruto de 10,31% no ano, até o dia 24, último dado disponível. A taxa não desconta o Imposto de Renda, que varia de 15% a 22,5%, dependendo do prazo de resgate. No caso dos fundos de renda fixa, que carregam papéis prefixados, o retorno médio no período foi de 10,02%. Os CDBs para grande investidores tiveram alta de 10,37%. Do lado oposto, fundos cambiais e moedas fortes como dólar e euro tiveram todos desempenhos negativos. O dólar comercial recuou 25,32% no ano, e o euro, 24,39%.

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