Sob forte esquema de proteção, Barbosa teria mais 20 fitas inéditas sobre rede de corrupção em Brasília
Estadão - Vannildo Mendes
Ameaçado de morte, o economista Durval Barbosa, pivô da Operação Caixa de Pandora, que desbaratou o "mensalão do DEM", é mantido sob forte esquema de segurança desde 27 de novembro, em local secreto, à disposição do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Amparado pelo Programa de Proteção a Testemunhas do Ministério da Justiça, ele tem arsenal de fitas, que constitui o maior arquivo digital sobre a rede de corrupção na capital do País.
Conhecido como "rei do grampo", Durval teria mais 20 gravações inéditas, o que tira o sono de muita gente. O próximo depoimento vai ocorrer após a Polícia Federal concluir perícia de documentos e vídeos apreendidos na primeira fase da operação. Até agora ele anexou ao processo 30 fitas, o suficiente para colocar nas cordas o governador José Roberto Arruda (DEM-DF), suspeito de ser chefe de uma rede de arrecadação e distribuição de propina que funcionava no seu governo e envolvia secretários de Estado, parlamentares e autoridades.
Delegado de Polícia Civil aposentado, o piauiense Durval Barbosa montou sua máquina de grampos na década 90, quando comandou a instituição. De posse de um equipamento do porte do Guardião da Polícia Federal, capaz de interceptar centenas de telefones simultaneamente e cruzar dados, ele usou a grampolândia para chantagear autoridades e políticos. De família de imigrantes do Piauí, Durval é irmão do deputado Milton Barbosa (PSDB), também delegado da Polícia Civil. Os dois cresceram à sombra do cacique Joaquim Roriz (ex-PMDB, hoje no PSC), governador do DF por quatro vezes.
A aliança com Roriz foi construída em cima da central de grampos, que o ex-governador teria usado para bisbilhotar rivais e aterrorizar servidores, inclusive do Judiciário. Nos últimos governos dele (1998-2006), os irmãos chegaram ao apogeu. Barbosa - que, segundo o Ministério Público, tem patrimônio de R$ 20 milhões - instalou-se em 2000 na Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan), estatal responsável pela administração dos gastos da máquina. Milton elegeu-se deputado distrital.
A central de grampos chegou a atender grupos privados, inclusive da máfia da grilagem de terras no DF, conforme apurou a CPI da Grilagem da Câmara Legislativa. Em 2009, a CPI das Escutas Clandestinas indiciou Barbosa no seu relatório final.
Desde a década de 90, ele estabeleceu conexões com João Arcanjo Ribeiro, o Comendador Arcanjo, condenado a 40 anos de prisão, e com o empresário de jogos Carlinhos Cachoeira. Aliou-se também a Messias Ribeiro, dono da Sapiens Tecnologia, envolvida num esquema de desvio de dinheiro público no governo Roriz, desvendado pela Operação Megabyte. Em 4 anos, foi desviado um total de R$ 1,2 bilhão, diz o Ministério Público.
Barbosa fez acordo de delação premiada em troca de redução de pena por seus crimes. Ele responde a 37 processos na Justiça. Na primeira instância, é réu em um caso criminal e 17 ações civis, quase todas por improbidade administrativa, no período em que comandou a Codeplan, de 2000 a 2006. Outros 19 processos correm na segunda instância. Sua situação complicou-se em fevereiro passado, quando teve a primeira condenação e viu os demais processos começarem a andar.
Estadão - Vannildo Mendes
Ameaçado de morte, o economista Durval Barbosa, pivô da Operação Caixa de Pandora, que desbaratou o "mensalão do DEM", é mantido sob forte esquema de segurança desde 27 de novembro, em local secreto, à disposição do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Amparado pelo Programa de Proteção a Testemunhas do Ministério da Justiça, ele tem arsenal de fitas, que constitui o maior arquivo digital sobre a rede de corrupção na capital do País.
Conhecido como "rei do grampo", Durval teria mais 20 gravações inéditas, o que tira o sono de muita gente. O próximo depoimento vai ocorrer após a Polícia Federal concluir perícia de documentos e vídeos apreendidos na primeira fase da operação. Até agora ele anexou ao processo 30 fitas, o suficiente para colocar nas cordas o governador José Roberto Arruda (DEM-DF), suspeito de ser chefe de uma rede de arrecadação e distribuição de propina que funcionava no seu governo e envolvia secretários de Estado, parlamentares e autoridades.
Delegado de Polícia Civil aposentado, o piauiense Durval Barbosa montou sua máquina de grampos na década 90, quando comandou a instituição. De posse de um equipamento do porte do Guardião da Polícia Federal, capaz de interceptar centenas de telefones simultaneamente e cruzar dados, ele usou a grampolândia para chantagear autoridades e políticos. De família de imigrantes do Piauí, Durval é irmão do deputado Milton Barbosa (PSDB), também delegado da Polícia Civil. Os dois cresceram à sombra do cacique Joaquim Roriz (ex-PMDB, hoje no PSC), governador do DF por quatro vezes.
A aliança com Roriz foi construída em cima da central de grampos, que o ex-governador teria usado para bisbilhotar rivais e aterrorizar servidores, inclusive do Judiciário. Nos últimos governos dele (1998-2006), os irmãos chegaram ao apogeu. Barbosa - que, segundo o Ministério Público, tem patrimônio de R$ 20 milhões - instalou-se em 2000 na Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan), estatal responsável pela administração dos gastos da máquina. Milton elegeu-se deputado distrital.
A central de grampos chegou a atender grupos privados, inclusive da máfia da grilagem de terras no DF, conforme apurou a CPI da Grilagem da Câmara Legislativa. Em 2009, a CPI das Escutas Clandestinas indiciou Barbosa no seu relatório final.
Desde a década de 90, ele estabeleceu conexões com João Arcanjo Ribeiro, o Comendador Arcanjo, condenado a 40 anos de prisão, e com o empresário de jogos Carlinhos Cachoeira. Aliou-se também a Messias Ribeiro, dono da Sapiens Tecnologia, envolvida num esquema de desvio de dinheiro público no governo Roriz, desvendado pela Operação Megabyte. Em 4 anos, foi desviado um total de R$ 1,2 bilhão, diz o Ministério Público.
Barbosa fez acordo de delação premiada em troca de redução de pena por seus crimes. Ele responde a 37 processos na Justiça. Na primeira instância, é réu em um caso criminal e 17 ações civis, quase todas por improbidade administrativa, no período em que comandou a Codeplan, de 2000 a 2006. Outros 19 processos correm na segunda instância. Sua situação complicou-se em fevereiro passado, quando teve a primeira condenação e viu os demais processos começarem a andar.
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