Denise Rothenburg e Ricardo Brito - Correio Braziliense -
Estratégia de investimentos do governo prevê cifras bilionárias para a área de origem da pré-candidata de Lula ao Planalto. Roteiro de inaugurações privilegia a construção de um discurso de gestora eficiente.
O governo se prepara para tentar transformar a área de energia no grande portfólio de campanha presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Para isso, o setor aparece em 2010 com um total de R$ 94,6 bilhões, incluindo os investimentos da Petrobras e da Eletrobrás. O valor é superior ao da Saúde, R$ 66,9 bilhões, e ao da Educação, R$ 50,9 bilhões. Perde apenas para a Previdência Social, R$ 250,4 bilhões, segundo dados disponíveis na consultoria de Orçamento da Câmara.
A intenção do governo é dar aos brasileiros neste ano a sensação de que, na área de origem da ministra Dilma, as obras deslancharam. Parlamentares que participam diretamente do planejamento das ações governamentais com vistas a 2010 disseram que a ordem é jogar luz sobre esse setor para dar discurso de gestora eficiente num tema sobre o qual Dilma discorre com toda a segurança, sem muitos perigos de tropeços no debate — apesar dos apagões de energia, um nacional em novembro e outro na última sexta-feira, que atingiu Rondônia e Acre.
A aposta nesse sentido será colocada em prática logo na primeira semana de trabalho de Lula. Na sexta-feira, ele e Dilma estarão no Maranhão, terra do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para lançamento das obras da refinaria do estado, a única não incluída na lista de obras irregulares com recursos bloqueados em 2010. Assim que o Congresso retomar as atividades, os líderes do governo já estão orientados a mobilizar a base na Comissão Mista de Orçamento para desbloquear os recursos para as refinarias de Abreu e Lima, em Pernambuco, para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e, ainda, para as obras de modernização da refinaria Getúlio Vargas, em Araucária (PR).
Paralelamente ao setor energético e petroquímico, o governo quer todo o foco no setor rodoviário. Para isso, no fim do ano, o Ministério dos Transportes recebeu R$ 1,5 bilhão para pagamento de trechos de rodovias, e, assim, forçar a aceleração dos serviços neste início de 2010. A avaliação geral é a de que essas obras rodoviárias, em especial, a duplicação da BR-101, que corta o litoral brasileiro, e a BR-116, um dos principais corredores de carga do Brasil, dão visibilidade às ações governamentais e também ajudam a incrementar a sensação de que tudo funciona.
Dor de cabeça
Enquanto Dilma visitará as obras por todo o país conquistando imagens para seu horário eleitoral gratuito a partir de agosto, os aliados tratam de neutralizar alguns setores que, em tese, podem dar dor de cabeça no meio da campanha. Para o funcionalismo, por exemplo, além dos planos de carreira em curso no Congresso, o relator do Orçamento, deputado Geraldo Magela (PT-DF), sugeriu e o governo acatou o aumento do tíquete-alimentação dos 540 mil servidores em mais de 100% na média. A correção renderá benefícios de até R$ 330 por mês — a medida terá um impacto de quase R$ 1 bilhão.
OS NÚMEROS
R$ 94,6 bilhões - Quantidade de recursos previstos pelo governo federal para aplicar na área de energia em 2010.
R$ 1,5 bilhão - Investimento previsto no setor rodoviário, outra das prioridades do Executivo em 2010
Uma agenda complexa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna das férias de fim de ano com uma lista de compromissos longa e espinhosa. Além da polêmica gerada pelo terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, que contrapôs ministros do governo e representantes de vários setores, o petista terá como pauta o relatório da Aeronáutica que trata da compra de 36 caças para a renovação da frota da Força Aérea Brasileira. O documento defende o caça Gripen NG, da Suécia, em detrimento do francês Rafale, de interesse do governo Lula. Ainda durante visita do presidente Nicolas Sarkozy em setembro, o presidente anunciou a tendência do país em comprar o modelo francês, numa barganha que inclui o apoio do país europeu a uma vaga para o Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A agenda no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da Presidência, começa com encontro entre Lula e o ministro interino da Fazenda, Nelson Machado. Ainda pela manhã, o presidente fará reunião de coordenação política, apesar do desfalque de alguns ministros, ainda em férias, como Guido Mantega e Henrique Meirelles. Na parte da tarde, há previsão de encontro com os titulares da Secretaria de Assuntos Estratégicos, ministro Samuel Pinheiro, do Ministério de Minas e Energia, Edison Lobão, e da pasta da Educação, Fernando Haddad. Também à tarde, o presidente sanciona, no CCBB, projeto de lei que trata da agricultura familiar e da reforma agrária.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, retorna ao trabalho após o recesso, estendido devido a uma suposta gripe suína contraída na véspera do Natal. A candidata do PT às eleições presidenciais pretende retomar, ao lado do presidente, as viagens para inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e aproveitar ao máximo os últimos meses à frente da Casa Civil. A expectativa é de que Dilma saia do cargo no limite previsto pela legislação eleitoral, em 3 de abril, seis meses antes da eleição em outubro.
Estratégia de investimentos do governo prevê cifras bilionárias para a área de origem da pré-candidata de Lula ao Planalto. Roteiro de inaugurações privilegia a construção de um discurso de gestora eficiente.
O governo se prepara para tentar transformar a área de energia no grande portfólio de campanha presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Para isso, o setor aparece em 2010 com um total de R$ 94,6 bilhões, incluindo os investimentos da Petrobras e da Eletrobrás. O valor é superior ao da Saúde, R$ 66,9 bilhões, e ao da Educação, R$ 50,9 bilhões. Perde apenas para a Previdência Social, R$ 250,4 bilhões, segundo dados disponíveis na consultoria de Orçamento da Câmara.
A intenção do governo é dar aos brasileiros neste ano a sensação de que, na área de origem da ministra Dilma, as obras deslancharam. Parlamentares que participam diretamente do planejamento das ações governamentais com vistas a 2010 disseram que a ordem é jogar luz sobre esse setor para dar discurso de gestora eficiente num tema sobre o qual Dilma discorre com toda a segurança, sem muitos perigos de tropeços no debate — apesar dos apagões de energia, um nacional em novembro e outro na última sexta-feira, que atingiu Rondônia e Acre.
A aposta nesse sentido será colocada em prática logo na primeira semana de trabalho de Lula. Na sexta-feira, ele e Dilma estarão no Maranhão, terra do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para lançamento das obras da refinaria do estado, a única não incluída na lista de obras irregulares com recursos bloqueados em 2010. Assim que o Congresso retomar as atividades, os líderes do governo já estão orientados a mobilizar a base na Comissão Mista de Orçamento para desbloquear os recursos para as refinarias de Abreu e Lima, em Pernambuco, para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e, ainda, para as obras de modernização da refinaria Getúlio Vargas, em Araucária (PR).
Paralelamente ao setor energético e petroquímico, o governo quer todo o foco no setor rodoviário. Para isso, no fim do ano, o Ministério dos Transportes recebeu R$ 1,5 bilhão para pagamento de trechos de rodovias, e, assim, forçar a aceleração dos serviços neste início de 2010. A avaliação geral é a de que essas obras rodoviárias, em especial, a duplicação da BR-101, que corta o litoral brasileiro, e a BR-116, um dos principais corredores de carga do Brasil, dão visibilidade às ações governamentais e também ajudam a incrementar a sensação de que tudo funciona.
Dor de cabeça
Enquanto Dilma visitará as obras por todo o país conquistando imagens para seu horário eleitoral gratuito a partir de agosto, os aliados tratam de neutralizar alguns setores que, em tese, podem dar dor de cabeça no meio da campanha. Para o funcionalismo, por exemplo, além dos planos de carreira em curso no Congresso, o relator do Orçamento, deputado Geraldo Magela (PT-DF), sugeriu e o governo acatou o aumento do tíquete-alimentação dos 540 mil servidores em mais de 100% na média. A correção renderá benefícios de até R$ 330 por mês — a medida terá um impacto de quase R$ 1 bilhão.
OS NÚMEROS
R$ 94,6 bilhões - Quantidade de recursos previstos pelo governo federal para aplicar na área de energia em 2010.
R$ 1,5 bilhão - Investimento previsto no setor rodoviário, outra das prioridades do Executivo em 2010
Uma agenda complexa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna das férias de fim de ano com uma lista de compromissos longa e espinhosa. Além da polêmica gerada pelo terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, que contrapôs ministros do governo e representantes de vários setores, o petista terá como pauta o relatório da Aeronáutica que trata da compra de 36 caças para a renovação da frota da Força Aérea Brasileira. O documento defende o caça Gripen NG, da Suécia, em detrimento do francês Rafale, de interesse do governo Lula. Ainda durante visita do presidente Nicolas Sarkozy em setembro, o presidente anunciou a tendência do país em comprar o modelo francês, numa barganha que inclui o apoio do país europeu a uma vaga para o Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A agenda no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da Presidência, começa com encontro entre Lula e o ministro interino da Fazenda, Nelson Machado. Ainda pela manhã, o presidente fará reunião de coordenação política, apesar do desfalque de alguns ministros, ainda em férias, como Guido Mantega e Henrique Meirelles. Na parte da tarde, há previsão de encontro com os titulares da Secretaria de Assuntos Estratégicos, ministro Samuel Pinheiro, do Ministério de Minas e Energia, Edison Lobão, e da pasta da Educação, Fernando Haddad. Também à tarde, o presidente sanciona, no CCBB, projeto de lei que trata da agricultura familiar e da reforma agrária.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, retorna ao trabalho após o recesso, estendido devido a uma suposta gripe suína contraída na véspera do Natal. A candidata do PT às eleições presidenciais pretende retomar, ao lado do presidente, as viagens para inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e aproveitar ao máximo os últimos meses à frente da Casa Civil. A expectativa é de que Dilma saia do cargo no limite previsto pela legislação eleitoral, em 3 de abril, seis meses antes da eleição em outubro.
Um comentário:
Se queres a paz, prepara-te para a guerra. — Si vis pacem, para bellum...SIMPLES COMO RESPIRAR...
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