segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

MENSALÃO DO DEM:CORRUPTO VAI INVESTIGAR CORRUPTO

Ex-secretários de Arruda conquistam comando da CPI da Corrupção no DF
Publicidade - MÁRCIO FALCÃO - da Folha Online, em Brasília
Por 4 votos contra 1, os aliados do governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido) na Câmara Legislativa escolheram o deputado distrital Alírio Neto (PPS) --ex-secretário de Justiça do atual governo-- para presidir os trabalhos da CPI da Corrupção que vai investigar o esquema de corrupção no governo local.
Ao conquistar o cargo, Alírio Neto indicou Raimundo Ribeiro (PSDB), que também é ex-secretário de Justiça de Arruda, para a relatoria da CPI. A vice-presidência foi entregue a outro aliado, o deputado Batista das Cooperativas (PRP). Apesar de reconhecer que fez parte da equipe de Arruda, Alírio Neto disse não vê impedimentos para assumir o posto. O deputado lembrou que no Congresso Nacional, a CPI que investigou denúncias de irregularidades contra a Petrobras também foi controlada por parlamentares governistas.
"Qualquer parlamentar teria condições de presidir os trabalhos, mas nós sabemos que o universo político se multiplica. É preciso ter coerência. Esses questionamentos não se justificam porque se não me engano a CPI que investigou a Petrobras também foi presidida pela bancada do governo federal. Essas coisas são naturais e me sinto à vontade", disse.
O deputado Paulo Tadeu (PT), que foi derrotado por Alírio Neto, afirmou que a presença da oposição no comando da CPI poderia dar equilíbrio às investigações. "Com a força de quatro deputados que estão claramente em sintonia com o atual governo que será investigado achamos justo e correto que a presidência ficasse com um parlamentar da oposição", disse. Após a definição do comando da CPI, o petista apresentou um requerimento pedindo a convocação do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção. O requerimento ainda precisa ser votado. A oposição ainda estuda a apresentar o pedido de convocação de Arruda e do vice-governador, Paulo Octavio (DEM).

Arquivamento
Além de Alírio Neto, a CPI conta com outro ex-integrante do governo Arruda. A deputada Eliana Pedrosa (DEM) ocupou, até o início da crise, a secretaria de Desenvolvimento Social. A ideia dos aliados do governador é usar a CPI para protelar a análise dos três processos de impeachment acolhidos pela Casa contra ele. Os governistas pretendem adiar a votação dos processos de afastamento até que a comissão tenha avançado nas investigações.
A avaliação dos deputados alinhados com Arruda é que, como o requerimento é amplo --estabelecendo análise de contratos do GDF de 1991 até novembro de 2009--, atingindo três governos passados, o governador pode ganhar sobrevida. Na tentativa de tirar Arruda do foco, o pedido estabelece que a investigação deve envolver três gestões do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) e uma do ex-governador e atual senador Cristovam Buarque (PDT). O pedido para criação da comissão de inquérito foi assinado por todos 22 dos 24 deputados, mesmo com dez distritais suspeitos de envolvimento no suposto esquema de desvio de recursos públicos.
Apesar de a Câmara ter decidido criar uma CPI, parlamentares avaliam que os efeitos para os distritais que são citados no inquérito que apura o suposto esquema de corrupção devem ser mínimos. Ficou definido que o foco das investigações será as irregularidades no GDF. Aparecem no inquérito o deputado Leonardo Prudente (DEM), que se afastou da presidência por causa da denúncia, Júnior Brunelli (PSC), Eurides Britto (PMDB), Benício Tavares (PMDB), Rogério Ulysses (PSB), Roney Nemer (PMDB), Benedito Domingos (PP), e os suplentes Berinaldo Pontes (PP) e Pedro do Ovo (PRP). A Mesa Diretora decidiu abrir processo por quebra de decoro.

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