quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Desagravo a Bóris Casoy sai pela privada

Bárbara Gancia: colunista da Folha de São Paulo
Por DiAfonso*
Acabo de fazer uma incursão por alguns blogs e, como não poderia deixar de ser, vou até o Cloaca News(1). Lá, encontro um texto referindo-se à colunista da Folha de São Paulo , Bárbara Gancio, e ao desagravo que ela faz a Bóris Casoy (2). Após leitura do que foi postado pelo Cloaca, navego pelos links indicados no corpo do texto e caio direto no blog da jornalista e me vejo diante do título "Rubens Ricupero Revisitado". A interpretação de alguns trechos do escrito da Bárbara me leva a tecer algumas considerações. "Vejamo-las elas", como costumamos dizer em nosso bate-papo informal:
A colunista inicia seu desagravo a Bóris invocando um outro caso de incontinência verbal cujo protagonista fora o então ministro da Fazenda Rubens Ricupero. O ministro renunciaria ao cargo exatamente porque, numa conversa com o jornalista Carlos Monforte, da Rede Globo, dissera, revelando detalhes do Plano Real: "Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde". A fatídica conversa havia sido captada por antenas parabólicas e vazada para o público, ficando o episódio conhecido como "Escândalo da Parabólica" (3).
Comparativamente pode-se dizer que, em ambos os casos, houve deslize de natureza ética. No episódio Ricupero, o ministro revelou sua falta de ética ao dizer o que disse por, digamos assim, questões estratégicas para a manutenção do governo FHC; no caso do Bóris, a falta de ética traz em sua gênese um abominável preconceito de classe.
Nota-se que Bárbara trata o interlocutor/leitor de seu blog com a expressão "doce internauta". Ver-se-á mais adiante, no seu próprio texto, que tais internautas terão seus possíveis comentários preservados e aceitos se não ousarem "[pedir] a cabeça do apresentador", já os demais... Bom, os demais não terão tanta sorte assim e, provavelmente, passarão a ter sabor amargo, tendo seus comentários "[defenestrados] por conta das intenções óbvias por trás das mensagens". Aqui, há uma alusão à possível condição de apoio a Lula, vinda de tais amargos comentaristas, outrora "doce internauta".
Mais adiante ela diz que não seria justo chamar Ricupero e, por extensão o próprio Bóris, de Crápulas por incontinências verbais cometidas às escondidas, visto que são pessoas sérias e de "reputação sem qualquer mácula".
Passa, então, a tratar especificamente do caso Bóris, justificando o comportamento do "âncora" a partir de uma premissa falaciosa, qual seja a de que "O microfone estava aberto quando não deveria estar. O apresentador do 'Jornal da Band' disse o que disse sobre os garis para a sua equipe, não para o público nem em público." Entenderam o raciocínio? Houve uma falha técnica ("microfones abertos") e, pasmem, o ódio de classe e o preconceito do Bóris Casoy só deveriam ser ouvidos pela equipe do jornalista e, após "um intervalo para os comerciais", tudo voltaria à normalidade: sorrisos amenos com alguma matéria leve ou um semblante sério como a ratificar a integridade casoyniana diante de um "descalabro" qualquer que envolvesse o governo Lula, o MST ou políticos do DEMsalão, por exemplo. Então, nesse momento e diante do telespectador, estaria um Bóris Casoy não preconceituoso, humano e justo a repetir o bordão: "Isto é uma vergonha!".
A jornalista ainda apresenta um entendimento prejudical ao desagravo que ela resolvera encampar em favor de Bóris: "Pelo que entendi, ele não aprovou a escolha dos personagens usados em uma matéria de Boas Festas". Isto pode significar que... que Bóris é extremamente preconceituoso e, se pudesse, não permitiria garis saudando o Ano Novo e desejando felicidades aos telespectadores. Não no horário em que o "âncora", Bóris Casoy, estivesse no ar! Aí, seria pedir demais a um ser humano alçado a condição profissional melhor do que a de seus pares... humanos!
Barbara finaliza seu texto de modo cordial com aqueles que não comungam com suas orientações ideológicas: "Menas, idiotas latino-americanos, menas". Aqui, evidentemente, não vamos discutir o bordão ou coisa que o valha. Apenas observamos que, até mudança de ordem geográfica (quem sabe o Serra não acelere este deslocamento geográfico?!?!...), São Paulo é Brasil e Brasil é América-Latina... Ou será que estou enganado?!?!...
(1) Para ir ao Cloaca News, clique AQUI.
(2) Para ler, na íntegra, o texto da jornalista Bárbara Gancia, clique
AQUI.
(3) Para ter uma ideia do Escândalo da Parabólica, clique AQUI.
*Editor-geral do Terra Brasilis

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