sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O general da reserva e a ladainha de choramingas




O Estadão de hoje (8/1) publica o artigo de um general da reserva, Luiz Eduardo Rocha Paiva, intitulado “O presidente cederá ao revanchismo?” O conteúdo é o mesmo que estamos cansados de ler desde o fim da ditadura militar. Resumindo, diz que os militares agiram em em defesa do Estado, da lei e da ordem. Verdade, general? Que lei autorizou depor um presidente eleito pelo povo, nas urnas, em uma eleição democrática? A Lei do Golpe? Que lei ordenou invadir as redações de jornais, prender e torturar jornalistas, destruir rotativas, colocar fogo em jornais e revistas, instituir a censura? Que lei autorizou os agentes da repressão a torturar pessoas com requintes de crueldade: pendurá-las em paus de arara, dar injeçõs de éter nos tendões, choques em órgãos genitais, estuprá-las, introduzir cabos de vassoura em vaginas e anus, socá-las, dar ponta-pés em corpos caídos. Que lei ordenou prender, torturar, matar, forjar atestados de óbitos, esconder corpos em cemitérios clandestinos? Que lei autorizou aterrorizar os familiares dos presos, torturar psicologicamente os presos ameaçando seus familiares – esposas e maridos, pais, mães, filhos? Que lei deu aos militares o direito de explodir uma bomba em uma aglomeração de 20.000 pessoas na noite de 31 de abril de 1981 (por sorte, a bomba explodiu no colo do oficial terrorista que ia detoná-la)? É o caso do Riocentro, esqueceu general? Qual lei autorizou a criação dos “esquadrões da morte”, que mataram por fuzilamento centenas de pessoas, muitas das quais morreram dormindo? O general lembrou da morte do do capitão Chandler, do Exército dos EUA, por militantes de esquerda. O general não lembrou, ou não contou, que o capitão Chandler era um gente da CIA com vasta experiência em tortura adquirida no Vietnã, que estava aqui para ensinar técnicas de tortura e estratégias de repressão aos militares e agentes da ditadura. Ora general, o Sr. sabe muito bem que isso é verdade. Ninguém quer desmoralizar as FA. As FA de hoje não são as mesmas da ditadura, e mesmo na ditadura uma parte das FA eram compostas por homens honrados, que não participaram das atrocidades cometidas, que eram contrários às barbaríeis praticadas. O general diz que “É inconcebível abandonar irmãos de armas ante a injustiça que correm o risco de sofrer” Que injustiça general? Desde quando é injustiça o direito do povo de saber a verdade, de conhecer os fatos ocorridos nos porões da ditadura, de tomar conhecimento das atrocidades e crimes cometidos? As injustiças foram cometidas no passado, na ditadura sangrenta que o Sr. defende. Diz também o general que “ Os componentes da esquerda revolucionária foram anistiados e muitos ocupam cargos importantes no governo, posando de defensores dos direitos humanos. Vários pertenceram a grupos armados responsáveis por diversas execuções” Ora, general, é ingenuidade ou má fé? As FA promoveram um golpe contra a democracia, acabaram com os direitos políticos, com os direitos civis, instalaram o caos e o terror no país. Esperavam que essas barbaridades fossem recebidas pacificamente, sem reação do povo, da população do país? Não é revanchismo general, não é vingança, ninguém quer desmoralizar as FA, mesmo porque no passado se desmoralizaram por sua própria conta e risco. O povo deste país tem direito à verdade. Basta a verdade. Chega dessa ladainha de choramingas para sustentar mentiras.
Jussara Seixas

4 comentários:

Carlos disse...

Apoiado da primeira letra ao ponto final, Jussara.
Não sei do que estes antigos oficiais têm medo.
Se não têm envolvimento com atos de tortura, deixem o processo correr, tá na hora de lavar em água limpa esse passado recente, ou as feridas nunca cicatrizarão...
Ou será que têm os "rabos presos"?

Anônimo disse...

Parabéns!

PAIXÂO DA ESQUERDA MALDITA disse...

Claro que os atos terroristas da esquerda foram muito piores. Temos que culpar os dois lados. Os vencedores e a maldita esquerda.

Jussara, te vejo um dia no Inferno.

Unknown disse...

Para Paixão da Esquerda

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