1. Há uma dicotomia entre eleição democrática e esquema político, como explicar isso?
Num diálogo entre os pensadores: Sócrates e Glauco, o primeiro disse: “se descobrires uma condição preferível ao poder para os que devem mandar, ser-te-á possível ter um Estado bem governado. Certamente, neste Estado só mandarão os que são verdadeiramente ricos, não ricos de ouro, mas dessa riqueza de que o homem tem necessidade para ser feliz: uma vida virtuosa e sábia. Pelo contrário, se os mendigos e os necessitados de bens pessoais procurarem os negócios públicos convencidos de que é deles que podem extrair suas vantagens, isso não será possível. As pessoas guerreiam para obterem o poder, e esta guerra doméstica e interna perde não só os que a travam como também o restante da cidade”.
Depois da fala de Sócrates, Glauco disse simplesmente: “nada é mais verdadeiro”.
De forma clássica os filósofos explicaram a dicotomia existente entre democracia e esquema.
2. Além da conceituação teórica de Sócrates é possível detalhar as duas coisas?
Sim, no Brasil e também em outros países conhecemos o instrumento da eleição direta, aparentemente esse instrumento é perfeitamente democrático porque através da eleição os eleitores escolhem seus representantes. Todavia, a eleições não consistem somente no ato candido de escolher o melhor representante, como imagina ingenuamente o eleitor. Por trás das eleições aparentemente democráticas em muitos casos está o esquema.
3. O que é esquema?
São os negócios, Sócrates, disse:...”os mendigos e os necessitados de bens pessoais procuram os negócios públicos convencidos de que é deles que podem extrair suas vantagens”. O esquema funciona da seguinte forma: os governadores que na maioria são chefes detêm o poder político, o controle das finanças do Estado e o mapa geopolítico. Com isso os chefes políticos mantêm a hegemonia de poder através do referencial do Estado.
4. Como isso acontece na prática?
É simples, com o mapa geopolítico, os chefes políticos direcionam a maioria absoluta dos projetos para prefeitos e deputados desprovidos de vidas virtuosas e sábias, ou seja, os mendigos de caráter usam a democracia para fazerem negócios e obterem vantagens pessoais. Neste caso o prefeito ou o deputado beneficiado pelo esquema aparece aos olhos do povo como bom político, administrador que realiza obras etc. Dessa forma ele mantêm uma base de apoio eleitoral que beneficia a si próprio e ao grande chefe político. Como se vê, o esquema é uma grande via de mão dupla.
É mais ou menos assim: a constituição brasileira no seu artigo 1º diz: “A Republica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania, II - a cidadania, III – a dignidade da pessoa humana, IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e V – o pluralismo político. E o parágrafo único deste artigo diz ainda: “Todo o poder emana do povo, que exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos desta constituição”. Mas na verdade na hora de escolher os representantes do povo, a Republica democrática, já não é somente o povo, mas também o braço invisível do esquema. Então quem elege quem por fim? A ação virtuosa da democracia ou os negócios realizados em nome dela? Não se trata do clássico problema do ovo e da galinha, que ainda ninguém resolveu?
O plano desses aventureiros é assaltar a república, acobertados pela traição e pelas sombras. Um deles diz aos demais: “os senhores nos ajudam nos nossos interesses e nós os ajudamos em seus objetivos gerais”. Assim uns e outros se apossam do poder e da república.
5. Além dessa, existem outras formas de organizar esquema?
Sim, os esquemas são como os vírus, se apresentam nas mais variadas formas.
6. Quais as mais evidentes?
A corrupção, a propina, o tráfico de influência, o caixa dois a promiscuidade com a imprensa e até a terceirização de mão de obra.
7. Sobre a corrupção, a propina e o tráfico de influência a sociedade tem uma certa noção de como funciona. No caso da terceirização, como funciona o esquema já que esta é uma moderna relação de trabalho?
Inicialmente o serviço público era composto por funcionários contratados por concurso público. Hoje vários ramos de atividade são exercidos por uma relação de trabalho neoliberal denominada terceirização,...
8. Até aí a terceirização denota apenas precarização do trabalho, como ela pode servir ao esquema referido?
Infelizmente tanto a precarização como o próprio modelo contribuem para o esquema. A primeira desgraça é o rateio de trabalhadores entre vereadores, deputados ou grupos. Todo trabalhador terceirizado se transforma em potencial cabo eleitoral de quem lhe deu o emprego, a outra é a própria precarização; um trabalhador que trabalha em condições precárias tende a ser dependente, perder a alto estima e o respeito a si mesmo. Imagine uma eleição em que um individuo é dono ou no mínimo manipula três mil terceirizados em tais condições e, outro candidato que não faz parte de nenhum esquema; qual deles leva maior vantagem? Naturalmente o que detêm os terceirizados. Porque nesta relação precarizada, muitos indivíduos inescrupulosos, profissionais da política praticam o trafico de influencia e até usam de ameaça velada para aterrorizar os trabalhadores com ameaça de demissões. Assim a terceirização serve ao esquema.
9. É possível concluir que o esquema tem papel importante na hora de eleger alguém?
Olhe para o Brasil e veja quantos vagabundos se perpetuam no poder. São pessoas indignas, desrespeitosas para com o povo, mesmo assim se mantêm no poder. Por que isso acontece? Nada mais é do que o esquema em funcionamento.
10. O PT tem um papel importante no combate a corrupção no país. Você concorda?
Concordo, apesar dos aloprados a maioria da militância do partido dos trabalhadores é de homens e mulheres honradas, que ao longo de suas vidas lutaram para que o Brasil fosse uma grande nação. Isso significa moralidade, democracia, justiça social etc. Nenhum país pode promover esses princípios se os seus dirigentes forem imorais. É por isso que o PT deve lutar com toda força possível para combater todo tipo de nulidade; é dever de cada um dos nossos militantes denunciar indivíduos indignos dentro do partido.
11. Chamam-lhe de sonhador pela sua certeza de que o mundo será socialista e, portanto melhor. Você é um sonhador?
Aos que me chamam de sonhador respondo como Fidel Castro, perante a um tribunal: “O verdadeiro homem não olha de que lado se vive melhor, mas de que lado está o dever; e este é o único homem conseqüente, cujo sonho de hoje será a lei de amanhã, porque quem olhou, nas entranhas do universo e viu os povos ardentes e cheios de sangue nas artérias dos séculos, sabe que o futuro, sem uma só exceção, está do lado de quem compre com o dever”.
Eu penso que aquele que se inspira em tão elevado propósito, estar a construir uma ponte entre as nulidades e a certeza de um mundo novo.
Antonio Ibiapino da Silva – direção do PT. comandantey@yahoo.com.br
Num diálogo entre os pensadores: Sócrates e Glauco, o primeiro disse: “se descobrires uma condição preferível ao poder para os que devem mandar, ser-te-á possível ter um Estado bem governado. Certamente, neste Estado só mandarão os que são verdadeiramente ricos, não ricos de ouro, mas dessa riqueza de que o homem tem necessidade para ser feliz: uma vida virtuosa e sábia. Pelo contrário, se os mendigos e os necessitados de bens pessoais procurarem os negócios públicos convencidos de que é deles que podem extrair suas vantagens, isso não será possível. As pessoas guerreiam para obterem o poder, e esta guerra doméstica e interna perde não só os que a travam como também o restante da cidade”.
Depois da fala de Sócrates, Glauco disse simplesmente: “nada é mais verdadeiro”.
De forma clássica os filósofos explicaram a dicotomia existente entre democracia e esquema.
2. Além da conceituação teórica de Sócrates é possível detalhar as duas coisas?
Sim, no Brasil e também em outros países conhecemos o instrumento da eleição direta, aparentemente esse instrumento é perfeitamente democrático porque através da eleição os eleitores escolhem seus representantes. Todavia, a eleições não consistem somente no ato candido de escolher o melhor representante, como imagina ingenuamente o eleitor. Por trás das eleições aparentemente democráticas em muitos casos está o esquema.
3. O que é esquema?
São os negócios, Sócrates, disse:...”os mendigos e os necessitados de bens pessoais procuram os negócios públicos convencidos de que é deles que podem extrair suas vantagens”. O esquema funciona da seguinte forma: os governadores que na maioria são chefes detêm o poder político, o controle das finanças do Estado e o mapa geopolítico. Com isso os chefes políticos mantêm a hegemonia de poder através do referencial do Estado.
4. Como isso acontece na prática?
É simples, com o mapa geopolítico, os chefes políticos direcionam a maioria absoluta dos projetos para prefeitos e deputados desprovidos de vidas virtuosas e sábias, ou seja, os mendigos de caráter usam a democracia para fazerem negócios e obterem vantagens pessoais. Neste caso o prefeito ou o deputado beneficiado pelo esquema aparece aos olhos do povo como bom político, administrador que realiza obras etc. Dessa forma ele mantêm uma base de apoio eleitoral que beneficia a si próprio e ao grande chefe político. Como se vê, o esquema é uma grande via de mão dupla.
É mais ou menos assim: a constituição brasileira no seu artigo 1º diz: “A Republica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania, II - a cidadania, III – a dignidade da pessoa humana, IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e V – o pluralismo político. E o parágrafo único deste artigo diz ainda: “Todo o poder emana do povo, que exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos desta constituição”. Mas na verdade na hora de escolher os representantes do povo, a Republica democrática, já não é somente o povo, mas também o braço invisível do esquema. Então quem elege quem por fim? A ação virtuosa da democracia ou os negócios realizados em nome dela? Não se trata do clássico problema do ovo e da galinha, que ainda ninguém resolveu?
O plano desses aventureiros é assaltar a república, acobertados pela traição e pelas sombras. Um deles diz aos demais: “os senhores nos ajudam nos nossos interesses e nós os ajudamos em seus objetivos gerais”. Assim uns e outros se apossam do poder e da república.
5. Além dessa, existem outras formas de organizar esquema?
Sim, os esquemas são como os vírus, se apresentam nas mais variadas formas.
6. Quais as mais evidentes?
A corrupção, a propina, o tráfico de influência, o caixa dois a promiscuidade com a imprensa e até a terceirização de mão de obra.
7. Sobre a corrupção, a propina e o tráfico de influência a sociedade tem uma certa noção de como funciona. No caso da terceirização, como funciona o esquema já que esta é uma moderna relação de trabalho?
Inicialmente o serviço público era composto por funcionários contratados por concurso público. Hoje vários ramos de atividade são exercidos por uma relação de trabalho neoliberal denominada terceirização,...
8. Até aí a terceirização denota apenas precarização do trabalho, como ela pode servir ao esquema referido?
Infelizmente tanto a precarização como o próprio modelo contribuem para o esquema. A primeira desgraça é o rateio de trabalhadores entre vereadores, deputados ou grupos. Todo trabalhador terceirizado se transforma em potencial cabo eleitoral de quem lhe deu o emprego, a outra é a própria precarização; um trabalhador que trabalha em condições precárias tende a ser dependente, perder a alto estima e o respeito a si mesmo. Imagine uma eleição em que um individuo é dono ou no mínimo manipula três mil terceirizados em tais condições e, outro candidato que não faz parte de nenhum esquema; qual deles leva maior vantagem? Naturalmente o que detêm os terceirizados. Porque nesta relação precarizada, muitos indivíduos inescrupulosos, profissionais da política praticam o trafico de influencia e até usam de ameaça velada para aterrorizar os trabalhadores com ameaça de demissões. Assim a terceirização serve ao esquema.
9. É possível concluir que o esquema tem papel importante na hora de eleger alguém?
Olhe para o Brasil e veja quantos vagabundos se perpetuam no poder. São pessoas indignas, desrespeitosas para com o povo, mesmo assim se mantêm no poder. Por que isso acontece? Nada mais é do que o esquema em funcionamento.
10. O PT tem um papel importante no combate a corrupção no país. Você concorda?
Concordo, apesar dos aloprados a maioria da militância do partido dos trabalhadores é de homens e mulheres honradas, que ao longo de suas vidas lutaram para que o Brasil fosse uma grande nação. Isso significa moralidade, democracia, justiça social etc. Nenhum país pode promover esses princípios se os seus dirigentes forem imorais. É por isso que o PT deve lutar com toda força possível para combater todo tipo de nulidade; é dever de cada um dos nossos militantes denunciar indivíduos indignos dentro do partido.
11. Chamam-lhe de sonhador pela sua certeza de que o mundo será socialista e, portanto melhor. Você é um sonhador?
Aos que me chamam de sonhador respondo como Fidel Castro, perante a um tribunal: “O verdadeiro homem não olha de que lado se vive melhor, mas de que lado está o dever; e este é o único homem conseqüente, cujo sonho de hoje será a lei de amanhã, porque quem olhou, nas entranhas do universo e viu os povos ardentes e cheios de sangue nas artérias dos séculos, sabe que o futuro, sem uma só exceção, está do lado de quem compre com o dever”.
Eu penso que aquele que se inspira em tão elevado propósito, estar a construir uma ponte entre as nulidades e a certeza de um mundo novo.
Antonio Ibiapino da Silva – direção do PT. comandantey@yahoo.com.br
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