Documentos foram apreendidos com aliado de Arruda e se encaixam na estratégia da defesa
Polícia suspeita que recibos, com datas de 2004 a 2007, tenham sido feitos todos no mesmo dia; advogado diz que papéis são autênticos
HUDSON CORRÊA
FERNANDA ODILLA
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Panetonegate cresceu. Em documentos apreendidos pela Polícia Federal na investigação do mensalão de Brasília, o governador José Roberto Arruda (sem partido) declara ter gasto com panetones R$ 1,39 milhão que recebeu de empresários e aliados. Para a PF, os papéis, datados de 2004 a 2007, são ficção: teriam sido produzidos para mascarar recebimento e distribuição de propina.
O valor, suficiente para comprar mais de 600 mil panetones nos supermercados de Brasília, é 26 vezes superior aos R$ 50 mil que Arruda aparece em vídeo recebendo de um ex-secretário de governo, no início do escândalo. Ao se explicar sobre o vídeo, Arruda disse que o dinheiro era para comprar panetones para programas sociais.
Os novos documentos citados no inquérito mencionam três empresários como doadores. Dois deles, porém, negaram ter feito tais pagamentos.
O advogado Nélio Machado, defensor de Arruda, afirmou que os papéis apreendidos pela PF são autênticos e que as doações e a compra de panetones realmente aconteceram.
A PF apreendeu os papéis em armário do ex-chefe de gabinete de Arruda durante a Operação Caixa de Pandora, que investiga cobrança de propina e pagamento a deputados aliados em troca de apoio político.
O material apreendido tem 14 páginas "constando os nomes de empresas e pessoas físicas referentes à doação de panetones", segundo relatório da PF ao qual a Folha teve acesso.
Além de totalizar a quantia de R$ 1,39 milhão, o relatório diz que supermercados de Brasília doaram em espécie 106,5 mil unidades de panetones.
Ou seja, Arruda teria distribuído mais de 700 mil panetones -quase seis vezes mais do que o número que consta na licitação feita pelo governo de compra desse item em 2008.
A PF destaca as doações mais vultosas de três empresários: R$ 175 mil atribuído a José Celso Gontijo (também flagrado em vídeo supostamente entregando dinheiro para o esquema), R$ 45 mil de Fernando Márcio Queiroz (dono da Via Engenharia, uma das principais empreiteiras de Brasília) e R$ 60 mil de Cássio Aurélio Gonçalves (outro empreiteiro).
Na análise dos papéis, segundo a PF, "verifica-se que a coloração do papel, o texto padrão utilizado e a forma de grampear as folhas podem indicar que tenham sido impressas e grampeadas no mesmo dia".
Outros papéis também foram apreendidos na sala do ex-chefe de gabinete de Arruda, que fica no anexo da casa oficial do governador. Entre eles, estão recibos no valor de R$ 250 mil supostamente assinados pelo governador e dados para Durval Barbosa, o ex-secretário que delatou o mensalão.
Barbosa havia dito à Procuradoria da República que os recibos foram forjados para esconder a verdadeira origem e destino do dinheiro: propina.
"Importante salientar que em relação à confecção e assinaturas dos recibos, aparentam ter sido impressos e assinados no mesmo dia", diz a PF, levantando suspeita também sobre esses documentos.
Polícia suspeita que recibos, com datas de 2004 a 2007, tenham sido feitos todos no mesmo dia; advogado diz que papéis são autênticos
HUDSON CORRÊA
FERNANDA ODILLA
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Panetonegate cresceu. Em documentos apreendidos pela Polícia Federal na investigação do mensalão de Brasília, o governador José Roberto Arruda (sem partido) declara ter gasto com panetones R$ 1,39 milhão que recebeu de empresários e aliados. Para a PF, os papéis, datados de 2004 a 2007, são ficção: teriam sido produzidos para mascarar recebimento e distribuição de propina.
O valor, suficiente para comprar mais de 600 mil panetones nos supermercados de Brasília, é 26 vezes superior aos R$ 50 mil que Arruda aparece em vídeo recebendo de um ex-secretário de governo, no início do escândalo. Ao se explicar sobre o vídeo, Arruda disse que o dinheiro era para comprar panetones para programas sociais.
Os novos documentos citados no inquérito mencionam três empresários como doadores. Dois deles, porém, negaram ter feito tais pagamentos.
O advogado Nélio Machado, defensor de Arruda, afirmou que os papéis apreendidos pela PF são autênticos e que as doações e a compra de panetones realmente aconteceram.
A PF apreendeu os papéis em armário do ex-chefe de gabinete de Arruda durante a Operação Caixa de Pandora, que investiga cobrança de propina e pagamento a deputados aliados em troca de apoio político.
O material apreendido tem 14 páginas "constando os nomes de empresas e pessoas físicas referentes à doação de panetones", segundo relatório da PF ao qual a Folha teve acesso.
Além de totalizar a quantia de R$ 1,39 milhão, o relatório diz que supermercados de Brasília doaram em espécie 106,5 mil unidades de panetones.
Ou seja, Arruda teria distribuído mais de 700 mil panetones -quase seis vezes mais do que o número que consta na licitação feita pelo governo de compra desse item em 2008.
A PF destaca as doações mais vultosas de três empresários: R$ 175 mil atribuído a José Celso Gontijo (também flagrado em vídeo supostamente entregando dinheiro para o esquema), R$ 45 mil de Fernando Márcio Queiroz (dono da Via Engenharia, uma das principais empreiteiras de Brasília) e R$ 60 mil de Cássio Aurélio Gonçalves (outro empreiteiro).
Na análise dos papéis, segundo a PF, "verifica-se que a coloração do papel, o texto padrão utilizado e a forma de grampear as folhas podem indicar que tenham sido impressas e grampeadas no mesmo dia".
Outros papéis também foram apreendidos na sala do ex-chefe de gabinete de Arruda, que fica no anexo da casa oficial do governador. Entre eles, estão recibos no valor de R$ 250 mil supostamente assinados pelo governador e dados para Durval Barbosa, o ex-secretário que delatou o mensalão.
Barbosa havia dito à Procuradoria da República que os recibos foram forjados para esconder a verdadeira origem e destino do dinheiro: propina.
"Importante salientar que em relação à confecção e assinaturas dos recibos, aparentam ter sido impressos e assinados no mesmo dia", diz a PF, levantando suspeita também sobre esses documentos.
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